31 de maio de 2009

A FESTA DE PENTECOSTES - parte II (final)



Com os apontamentos da parte I, podemos ver a multiforme e rica significação da “descida” do Espírito Santo sobre os apóstolos e todos os comissionados para a evangelização cristã, naquele momento especial de Pentecostes. Sob a luz desta, deslumbramos, "com" e "por" aqueles que viam até então uma das comemorações do nascimento da nação judaica em sua aliança com Deus, o nascimento da Nova Nação de Deus pela Nova Aliança em Cristo.



O elemento das “línguas de fogo” também não era meramente efeito especial: são sinais paralelos ao da manifestação de Deus no Sinai -> Ex.19.18-19; Dt. 5.19-21. Mas dessa vez, Deus fora até ao meio do povo, em cada um. Em Ex. 19.16 e Dt. 5.29 temos mencionado que as pessoas ouviram o estrondar de “vozes – hebraico: kolot – uma imagem presente no Sl. 18.9.

O retrato do momento em que os discípulos falaram em línguas das diversas nações - que na forma como foram dispostas no relato, do oriente para o ocidente com a Judéia no centro, simbolizavam toda a civilização humana - de onde eram provenientes os fiéis que vieram à Festa celebrar e adorar, já evocava a universalidade da missão de serem testemunhas de Deus em Jesus Cristo a todos os povos, transcedendo as barreiras nacionais. Remontando ao extremo simbolismo da linguagem, apontava para a reintegração da unidade entre os seres humanos perdida devido ao pecado, à alienação para com Deus.


Conseguimos agora assimilar, ainda que assombrados, a impetuosidade eloqüente do humilde e iletrado pescador Pedro, que pouco tempo antes vivera uma crise dilacerante quando da negação de Jesus três vezes antes da crucificação.

No discurso registrado, ele testemunha sobre a inauguração de Novos Tempos, na perspectiva da história da busca do homem por parte de Deus, a despeito da alienação daquele diante dEle. A salvação advirá do invocar ao Senhor, que agira de maneira especial e singular naqueles tempos. Do mal, da rejeição e assassinato de Jesus, veio o Bem, onde através da morte do Messias, os laços da morte [que se dão com a mentira em seus corações – Jo.8.44] que atinge a todos os homens será abolida; e por meio da Ressurreição do seu Filho, se estabeleceria o Reinado de Deus, na manifestação de Seu plano.



A primeira “Grande Conversão” é assinalada como uma ação pró-ativa de Deus, de iniciativa dEle, concedendo o Dom de Seu Espírito Santo.


Iluminado fora o Papa do século V, Leão I, conhecido como “Leão, o Grande”, ao proclamar:

(...) quando o Espírito Santo encheu os discípulos do Senhor no dia de Pentecostes, não se tratava do primeiro exercício de seu papel porque os patriarcas, profetas, os pais e todas as pessoas santas de eras anteriores foram nutridos pelo mesmo Espírito Santificador (...) embora a medida dos dons não tenha sido a mesma.
Sermão 76, PL 54.


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