22 de julho de 2011

Dia de Santa Maria Madalena

Hoje é dia de Santa Maria Madalena, testemunha da Ressurreição e Apóstola - comissionada pessoalmente - de Nosso Senhor Jesus Cristo!







Meu nome é Maria Madalena
Eu venho da Palestina
Por favor, desculpe esses trapos em que estou
Pois eu tenho quedado em tempos difíceis, mas
Há muito tempo eu tinha o meu trabalho Quando eu estava na aurora
Mas eu entreguei-me e tudo por amor
Era a sua carreira ou a minha

Jesus amou-me isto eu sei
Por que oh céus eu nunca deixei-lhe
Ele sempre foi fiel
Ele foi sempre gentil
Mas ele saiu andando adiante com este meu coração

Um amor como este vem mas, uma vez
Isso eu acredito
E eu não vou ver o dele novamente
Como eu vivo e respiro e
Sinto muito se eu posso ofender
Mas eu nunca vou ver
Como a ternura que eu compartilhei com ele
Tornou-se uma heresia?

Jesus amou-me isto eu sei
Por que oh céus eu nunca deixei-lhe
Ele sempre foi fiel
Ele era sempre gentil
Mas ele saiu andando adiante com este meu coração

Lembro-me de noites que passamos sussurrando nosso credo
Nossos rituais nosso sacramento
As estrelas a copa, sob uma oliveira
Nós oferecemos o nosso apelo
A criação de Deus inocente
Seus braços ao meu redor

Jesus amou-me isto eu sei
Por que oh céus ele sempre tem que ir
Ele sempre foi fiel
Ele foi sempre gentil
Mas ele saiu andando adiante com este meu coração
Ele sempre foi fiel, ele sempre foi gentil
Mas ele saiu andando adiante com este meu coração

18 de julho de 2011

O Amor de Cristo nos Constrange

A Carta de Paulo a Filêmon


Esta carta possui proximidade imediata a Filipenses, pois Paulo está em cativeiro: Fm 1.9.13. Timóteo e outros colaboradores estão com ele: Fm 1.23.24. São condições de prisão comparavelmente mais amenas do que em outras circunstâncias, pois Paulo reúne-os em torno de si: Fm1.23, realiza trabalho missionário: FM.10. Fm 9 aponta Roma como local bem provável da redação. Outra possibilidade é a prisão de Paulo em Éfeso – 52-54, dada a proximidade entre Éfeso e Colossas, sendo que os destinatários estão localizados possivelmente na Frígia - Cl.4,17. Colossas seria lugar de residência de Filêmon.

Neste caso, há duas possibilidades muito diferentes do período da carta. Pode ser após o ano de 61 d.C., considerando que a ironia em Fm 19, indica Paulo com melhor humor do que em Filipenses, então pode ser logo depois desta carta. Ou por diversas razões de sincronização no estudo biográfico do apóstolo, pode ser no verão de 53 d.C. Paulo estaria aí com cerca de pouco menos de 60 anos quando escreveu.

Eu mencionei “destinatários”?.. O destinatário imediato é Filêmon, embora Paulo inclua todo um círculo próximo; não é uma carta privada, é destinada à Filêmon e à comunidade. Há todo um proêmio para sintonizar ouvintes e leitores de modo benevolente, envolver Filêmon em seu ser cristão ao insinuar que ele deve fazer o bem que é capaz de fazer 6.7. Nos versos 2.5.6, temos empregado os termos “comunhão” ou “comunicação”, que eram usados frequentemente para sociedades empresariais ou compartilhamento de posses. Filêmon era então o patrono da igreja local.

Podemos ver que Paulo se dirige a Filêmon como “irmão” e “colaborador”, não ao acaso. Faz parte essencial de sua conversa. Desafia Filêmon a romper com a antiga estrutura social padrão do lar e reconhecer em Onésimo um novo status social como irmão amado a partir de serem cristãos, sob seu status legal igual. Identifica-se explicitamente com Onésimo 12.16.17-20.

Por natureza escravos eram considerados pessoas, mas economicamente eram propriedades. Tinham melhor situação do que camponeses livres; às vezes juntavam dinheiro para adquiri liberdade, embora legalmente seus bens pertencessem aos mestres. Costumavam partir incumbidos como agentes com as propriedades dos mestres. Às vezes aproveitavam pra escapar.

A lei romana obrigava a devolver um escravo fugido; Deuteronômio 23.16 proibia, provavelmente com ecos do sentimento de já terem sido escravos! Há um conflito, e a questão não era apenas em relação ao critério de decisão de Paulo, mas com qual que Filêmon naturalmente partilharia. Ele não era um judeu.

Com a aplicação da lei romana, o escravo seria duramente castigado e/ou morto.

No verso 13, se mostra Paulo querendo que Onésimo fique com ele, para servir a ele e à pregação do evangelho. Quer o consentimento de Filêmon 14, pressupondo esse consentimento 21.

Reparemos um possível desfecho: em Colossenses 4.9 Paulo diz que enviaria Onésimo fiel e amado a Colossas...

Paulo usa na carta de diversas estratégias retóricas e recursos argumentativos estilísticos do seu tempo. A preservação da carta sugere que Paulo teve sucesso, pois não circularia se Filêmon não tivesse sido libertado.

Dado o contexto que vivia, não podemos reivindicar de Paulo um tratado abolicionista. Mas dentro do que ele apresenta em seu pensamento geral como nova pulsão ética para quem “está em Cristo”, trabalha no sentido de que o amor e alteridade que são os nortes do viver de Jesus e para quem quer viver com Jesus gera constrangimentos internos que desafiam a tomar atitudes. Esta atitude muitas vezes pode ser dissimilar ao que é convencionalmente aceito na sociedade. Pode extrapolar a “boa moral e costumes”, pode ser extravagante e superar o bom comportamento social corriqueiro.

Os legalistas e os fundamentalistas quando se deparam com um dilema destes, buscam se esconder querendo uma citação explícita de uma atitude a tomar ou não tomar. Assim durante muito tempo justificaram a escravidão, o machismo, a desigualdade social, e hoje ainda o usam para justificar muitos preconceitos e estigmatizações. Atitude destoante com a de Jesus que quebrou tabus ao tocar leprosos, o tabu da mulher se isolar socialmente devido aos seus ciclos naturais de menstruação, discipular mulheres, e dizer que o Reino era dos pobres entre os pobres.

2 de julho de 2011

Jesus de Nazaré nos escritos de Paulo


Não temos materiais diretamente relacionados a Paulo sobre como se dava sua evangelização cristã em primeiro momento; também não temos como entrever o que seriam as catequizações cristãs, e como seriam homilias e pregações cotidianas do “apóstolo dos gentios”. Suas cartas também não foram escritas com o objetivo de serem teologias sistemáticas.

Eram movidas por motivos de circunstâncias e problemas que atingiam as comunidades, e necessidades imediatas do apóstolo ao passar por lá ou requerer algo ou uma atitude específica delas.

Neste ponto, podemos entender porque praticamente não aparecem narrativas sobre Jesus e seu ministério entre nós, mas na maioria das vezes, interpretações sobre o significado do “evento Jesus Cristo”. Contudo, ele nos dá umas pistas; confiramos:

Tradição da “Ceia do Senhor” – 1 Co. 11,23b-25
“(...) na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim’. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: ‘Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim’ “.

A Tradição do credo de 1Co. 15,3b-7:
Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituas. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma vez, a maioria dos quais ainda vive, e enquanto alguns já adormeceram. Posteriormente, apareceu a Tiago e depois a todos os apóstolos”.

Quando se cumpriram os tempos determinados, Jesus de Nazaré nasceu – Gl 4,4; na “semelhança da carne pecaminosa” – Rm.1,3; oriundo da tribo de Davi – Rm. 15,3. Se fez pobre por nós  - 2 Co. 8,9.

Temos um eco do clamor e angústia de Jesus no Getsêmani em Rm 8,15.

A mansidão e bondade que Jesus demonstrou ( 2 Co. 10,1; Rm. 15,5; Fl 1,8) norteia a ética social dentro das comunidades cristãs.

Tudo isto nos dá indícios de que Paulo pressupunha que as comunidades para as quais dirigia seus escritos conheciam narrativas sobre a pessoa história de Jesus e os cenários e personagens a ela relacionados.