25 de dezembro de 2016

Refúgio - uma mensagem de Natal


E era tocante essa proteção de um ser disforme sobre um ser infeliz como essa condenada à morte salva por Quasímodo. Eram duas as misérias extremas da natureza e da sociedade que se tocavam e se ajudavam.
No entanto, após alguns minutos de triunfo, Quasímodo tinha entrado na igreja com seu fardo. O povo, apaixonado por qualquer proeza, procurava-o com os olhos na nave sombria, lamentando que se tivesse furtado tão rapidamente às suas exclamações. Ele reapareceu numa das extremidades da galeria dos reis da França, atravessou-a correndo como um louco, levantando sua façanha nos braços e bradando 'Refúgio!'.
A multidão novamente aplaudiu. Uma vez percorrida a galeria, ele voltou para o interior da igreja. Momentos depois ele reapareceu na plataforma superior, sempre com a cigana nos braços, correndo e gritando 'Refúgio!'. E a multidão aplaudia. Fez uma terceira aparição no topo da torre do sino; dali, pareceu mostrar com orgulho para toda a cidade aquela que tinha salvado, e sua voz estrondosa, essa voz raramente ouvida, que ele nunca ouvia, repetiu três vezes até as nuvens: 'Refúgio! Refúgio! Refúgio!'.
_Natal! Natal! - gritava o povo por seu lado, e essa imensa exclamação ia surpreender, na outra multidão da Grève e a reclusa que ainda esperava, o olhar fixo no patíbulo."