tag:blogger.com,1999:blog-5934892753040041042024-03-12T21:55:10.328-07:00Cristianismo, meramenteUm espaço de apresentação e reflexão para a espiritualidade cristã, sem sectarismo nem cor denominacional; o núcleo de fé ecumênica das tradições romana, protestantes, ortodoxas orientais, anglicana.
A proposta aqui não é acadêmica, mas prezaremos pela qualidade e cuidado, com referência em grandes teólogos. Queremos conciliar fácil entendimento com profundidade, e proporcionar leitura acessível a leitores cristãos e não cristãos, experientes e iniciantes nos assuntos.
Espero que gostem!informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.comBlogger177125tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-22262549386589595602016-12-25T05:46:00.001-08:002016-12-25T05:46:40.254-08:00Refúgio - uma mensagem de Natal<div class="tr_bq">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwj1tgfYoJfiWgtO5crPMYpHIt2ZeFqrUtK7prk333LGcw9nY8Ql72MqIkC1GrjeWOcdtbU8-_9BEIJmIv8BMzXfh6rvaY3ei6D47UnAnsrYm2F_oDoCCx-0ywIwOR_1a2Cb7B3X0RQbXu/s1600/Santu%25C3%25A1rio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwj1tgfYoJfiWgtO5crPMYpHIt2ZeFqrUtK7prk333LGcw9nY8Ql72MqIkC1GrjeWOcdtbU8-_9BEIJmIv8BMzXfh6rvaY3ei6D47UnAnsrYm2F_oDoCCx-0ywIwOR_1a2Cb7B3X0RQbXu/s1600/Santu%25C3%25A1rio.jpg" /></a></div>
<blockquote>
E era tocante essa proteção de um ser disforme sobre um ser infeliz como essa condenada à morte salva por Quasímodo. Eram duas as misérias extremas da natureza e da sociedade que se tocavam e se ajudavam.</blockquote>
<blockquote>
No entanto, após alguns minutos de triunfo, Quasímodo tinha entrado na igreja com seu fardo. O povo, apaixonado por qualquer proeza, procurava-o com os olhos na nave sombria, lamentando que se tivesse furtado tão rapidamente às suas exclamações. Ele reapareceu numa das extremidades da galeria dos reis da França, atravessou-a correndo como um louco, levantando sua façanha nos braços e bradando 'Refúgio!'.</blockquote>
<blockquote>
A multidão novamente aplaudiu. Uma vez percorrida a galeria, ele voltou para o interior da igreja. Momentos depois ele reapareceu na plataforma superior, sempre com a cigana nos braços, correndo e gritando 'Refúgio!'. E a multidão aplaudia. Fez uma terceira aparição no topo da torre do sino; dali, pareceu mostrar com orgulho para toda a cidade aquela que tinha salvado, e sua voz estrondosa, essa voz raramente ouvida, que ele nunca ouvia, repetiu três vezes até as nuvens: 'Refúgio! Refúgio! Refúgio!'.</blockquote>
<blockquote>
_Natal! Natal! - gritava o povo por seu lado, e essa imensa exclamação ia surpreender, na outra multidão da Grève e a reclusa que ainda esperava, o olhar fixo no patíbulo."</blockquote>
informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-35076004573909558522015-06-09T05:20:00.001-07:002015-06-09T05:20:31.939-07:00Um escândalo religiosoObra escandalosa do Mestre Mathias Grünewald, dentre os anos de 1512-16. O Retábulo de Iseiheim.<br />
<br />
Em relevo na foto anexa, o Cristo retratado no painel do altar, com um traço marcante:<br />
Num período turbulento envolvendo a "Guerra dos Camponeses" em terras alemãs, quando a nobreza se empenhava em sufocá-la, esta figura de Jesus em um altar na Alsácia retrata um camponês portador da doença mortal conhecida como "Fogo de Antão", que ocasionava ulcerações, purulências, fedor e dores que enlouqueciam as pessoas.<br />
<br />
Vistos como fustigados pelo "flagelo de Deus", os camponeses, já com o ostracismo social, eram normalmente abandonados à sorte.<br />
<br />
Mas havia religiosos antonitas que se dedicavam a cuidar destes momentos tenebrosos vividos pelas pessoas, a despeito da ideia de que esta doença era como a "lepra".<br />
<br />
<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_npbVxGApoa5mAi4lyv1gWGYBtL1f57_nlVDtv4GCDWpy1LH8nnoAMiiJd0sk8xzCIDj1CNykuyIhRZrm10jdkkhPduok0hImz4Ll7v08cyEjWnOgV7lxI9tMdxYO9MnBH2W1BOdmO-1a/s1600/gruenewald-matthias-christ-on-the-cross-detail-from-the-central-crucifixion-panel-of-the-isenheim-altarpiece.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_npbVxGApoa5mAi4lyv1gWGYBtL1f57_nlVDtv4GCDWpy1LH8nnoAMiiJd0sk8xzCIDj1CNykuyIhRZrm10jdkkhPduok0hImz4Ll7v08cyEjWnOgV7lxI9tMdxYO9MnBH2W1BOdmO-1a/s320/gruenewald-matthias-christ-on-the-cross-detail-from-the-central-crucifixion-panel-of-the-isenheim-altarpiece.jpg" width="225" /></a>À pintura do altar se apresentavam os doentes, que viam a encarnação de Deus na Terra se identificando com seus sofrimentos; depositados aos pés do altar, confrontando as ideias de que o que viviam era castigo, viam no crucificado a desfiguração que lhes acometia. <br />
<br />
Grunewald sofreu por ter tomado partido da causa camponesa. Ia contra o <i>status quo</i>.<br />
<br />
<br />
<br />
Morreu em 31 de agosto de Deus de 1528, fabricando sabonetes e construindo canalizações de água.informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-61958478542272719232015-04-15T10:50:00.000-07:002015-04-15T10:51:25.705-07:00Espiral de Desumanização<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSquKzdResNbvs-b09JqqVMI7WDhJAPO7xSn8Wctpm8DtkiPHQ_gzEzI8iWRei9FPPhzJoYh0O_nuk_5_QtKs7KIZE0QF5mst1j619fmV027emyQYTrV1dG8LGP3RMn-FinXzm8uDU2ZVz/s1600/Desumaniza%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSquKzdResNbvs-b09JqqVMI7WDhJAPO7xSn8Wctpm8DtkiPHQ_gzEzI8iWRei9FPPhzJoYh0O_nuk_5_QtKs7KIZE0QF5mst1j619fmV027emyQYTrV1dG8LGP3RMn-FinXzm8uDU2ZVz/s1600/Desumaniza%C3%A7%C3%A3o.jpg" /></a></div>
Na obra “A Desumanização”, o escritor espanhol Valter Hugo Mãe tece uma
trama de carga psicológica profunda e claustrofóbica numa ilha
islandesa em torno da menina Halla, que tem como estopim a morte de
sua irmã gêmea Sigridur e o trauma dilacerante nela e na família.
A irmã representava a completude de sua identidade, e a referência
para ternura, cumplicidade, autodescoberta e mesmo a lucidez.<br />
<br />
Objeto do descarrego da dor da mãe – que outrora era a imagem
da candura -, em fúria insana que lhe busca como bode expiatório,
Halla não podia encontrar apoio no pai; figura que outrora fora
diligente, era quem lhe alimentava a alma de lirismo, imaginação,
de possibilidades maiores de vida posto que era um erudito autodidata
que lia para ela as histórias, se entregou e foi consumido pela
letargia. Pra completar, Halla sofria o ostracismo, cercada de
rejeição em toda a sua comunidade, estigmatizada e caluniada por
pessoas que aparentemente seriam pacatas e cordiais aldeãs.
<br />
<br />
Sonhava com mundos além-mar, tinha um vento impetuoso e um fulgor
em si porém. Mas neste desterro em suas próprias raízes, se
envolveu com um rapaz problemático, muito mais velho, que na
infância era o algoz dela e de sua irmã, para a qual prometera que
nunca daria uma chance para ele. Acabou por desenvolver uma
cumplicidade com ele, receber algo que lhe faltava do buraco que fora
deixado por Sigridur, e descobriu o sexo sem amor até chegar ao amor
sem paixão, mas um amor de entrega e refúgio.<br />
<br />
Einar, o garoto, tinha certas desordens em organizar o raciocínio,
era meio esquizoide, com grande senso de rejeição para o qual
reagia como conscientemente inoportuno, era “sem graça” e de
“boca podre”. Ela engravida, mas quer segredo dele, não quer que
saibam que ele era o pai, ele quer. Espalha-se o forte boato de que o
pai a violentara, e o pior poderia ter ocorrido se outra coisa ruim
não acontecesse: descobrem o caso entre os dois. A espiral de
maldade, incompreensão e intolerância aumenta, ainda mais, para com
Halla, até que num ataque ensandecido a mãe lhe faz perder o bebê.
<br />
“Não é sobre o corte entre as pernas que me interessa pensar,
pai. O corte entre as pernas não foi sequer capaz de me afastar a
pele, porque a pele imediatamente se soube juntar e reconstruir. O
que me magoa é mais violento do que isso. Porque à minha mãe posso
odiar sinceramente, perdendo-lhe a ternura, como se exercesse um
sentimento honesto, sem problemas maiores. O que me magoa está por
definir e tem-me aqui presa quanto me obriga a fugir. De igual modo
me propõe a morte e a vida ao mesmo tempo”.<br />
<br />
Vai depois morar junto com o padrasto de Einar, o pastor da
comunidade, que depois se casa com a tia de Halla que chegara da
cidade, mulher dominadora.<br />
<br />
Einar também tinha seus mistérios, lembranças reprimidas, que
no convívio com Halla foram reemergindo e revelando para ambos
maiores laços e histórias de maldade, desumanidade, perversão,
autointeresse implacável e jogos de cinismo na vida das pessoas sob
máscaras de virtude, autogratificação e vida pacata. Onipresente
em toda trama e pano de fundo está uma cratera sem fundo na
montanha, onde o vento sempre assoprava mostrando a sua fome de
tragar almas, chamada “boca de deus”.
<br />
<br />
Com o aprofundamento do stress, insanidade e apatia em sua
família, com a amargura de Halla que só tinha a ela a se apegar,
Halla se sente desapegada de tudo, até do que amava, ela se
desumanizara; não porque não podia mais amar algo ou nutrir bons
sentimentos, mas ela se desumanizara. Perdera a ideia de alma
eternamente ligada com a da sua irmã, já não sentiam que elas
poderiam ainda ser gêmeas; não mais lhe guiava entre o certo e o
errado. Topa uma fuga da ilha para tocar a vida no desconhecido com
Einar, e na véspera da fuga combinada, tranca a casa com ele, o pai
adotivo e a nova madrasta, assassinos do pai do garoto, usa os poemas
do pai para tocar fogo com os três e seguiu seu caminho.<br />
<br />
<br />
Os sentimentos que irrompem e nos acercam ao nos depararmos com os
comentários de notícias na internet também pareiam com estes
processos de “desumanização”. Há uma pulsão de realmente
considerarmos que o empreendimento humano é um caso perdido, que a
esperança deságua nas torrentes do niilismo, que por esta raça não
vale a pena lutar, que estes picos de gelo no mar são icebergs
inexoráveis que afundarão quaisquer engenharias humanitárias a
quererem atravessar as águas caóticas, antes que se chegue à terra
firme e fértil. Ou antes que se chegue ao lar.<br />
<br />
Numa matéria simples no site da UOL, com a chamada "<a href="http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/04/13/perto-do-fim-da-escravidao-60-dos-negros-trazidos-ao-pais-eram-criancas.htm">Perto dofim da escravidão, 60% dos negros trazidos ao país eramcrianças</a>", 90% dos comentários em redes sociais são de fazer
vomitar sangue.<br />
<br />
Coisas como "e daí, deviam ter permanecido na África então
e tudo seria melhor", "mereceram, uns venderam aos outros",
"nós brancos apenas compramos a mercadoria", "eles
têm que agradecer por serem trazidos e ganhado comida, para não
passarem fome na África", "isso é pesquisa plantada pelo
PT pra insuflar a luta de classes comunista".<br />
<br />
Todos comentaristas "Cidadãos de Bem da família pagadores
de impostos".<br />
<br />
Parece que há uma soma de forças conectadas para nos desiludir
totalmente, como a dizer “este é o verdadeiro rosto das criaturas
que comerão as mãos que se lhe estendem. Somos horripilantes. Somos
o seu vizinho do cumprimento simpático do elevador, as senhorinhas
gentis do Pilates, somos 'os caras legais', as meninas bonitas, somos
a potência daquele menininho do riso enternecedor e da menina
brincando de repórter”. E sim, os soldados de Gengis Khan, a turba
disciplinada no nazismo, os cientistas austeros em limpos jalecos
brancos usando de cobaias humanas, os líderes religiosos instigando
matanças, todos tinham e têm no dia à dia, este “rosto humano”.<br />
<br />
Todo este desvencilhar do pudor, da alteridade, da autocrítica,
todos estes demônios das Caixas de Pandora abertas nas redes
sociais, todas essas “abissalidades” que se julgava superadas no
empreendimento civilizatório mostrando que não só estão muito
vivas, presentes, como querem agora recuperar qualquer centímetro
perdido e se esbaldar sem nenhum constrangimento.<br />
<br />
É para jogarmos a toalha e queimarmos os poemas. E simplesmente
resolvermos tocar o barco até que afunde. Mas há quem esteja à
espreita nisso tudo, a invocar Plutão para ditar as coordenadas de
navegação no mar.<br />
<br />
<br />
Onde vejo a resposta de Camus para o dilema que formulou no livro “O Mito de Sísifo”
incompleta, e Dostoiévski ilumina essa incompletude. Dostoiévski
conseguiu penetrar nas mais diabólicas cavernas do coração humano,
mergulhou na abissal “boca de deus” dos pesadelos da ilha
islandesa de Hugo Mãe, e sentiu o hálito do sopro insaciável.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl4avs35I3yYP9-64v8JmSEYf6DOd0q7Ol5cg23H7djkQF8h3BkwpS-GxatVyYeN0Ekh4uLy5ghVUgoXx9YIwjsYShSsv1opHIG9AGGfjGdlditPjjqIcm-nRup4BSEHrggxqQKXSw3m9u/s1600/02+-+Os+Irmaos+Karamazov.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhl4avs35I3yYP9-64v8JmSEYf6DOd0q7Ol5cg23H7djkQF8h3BkwpS-GxatVyYeN0Ekh4uLy5ghVUgoXx9YIwjsYShSsv1opHIG9AGGfjGdlditPjjqIcm-nRup4BSEHrggxqQKXSw3m9u/s1600/02+-+Os+Irmaos+Karamazov.jpg" height="200" width="137" /></a>Conseguiu retratar a sordidez presente como um rizoma na mente e
comportamento humano, na sociedade e nos indivíduos, sem falso
pudor. Mas ele precisava de uma inocência, de uma virtude, ainda que
restasse a ela enlouquecer para não se perder a integridade no mundo
insano, como com o Príncipe Míchkin em “O Idiota”, ou com a
chama bruxuleante do idealismo de Stiepan Trofímovitc se descobrindo
cercada de niilismos fanáticos em “Os Demônios” e tentando
distinguir o que busca e o que não busca, ou como o pobre Aliócha
com seu “Discurso Junto À Pedra”, em que até então, ele absorto nas sequenciais eloquências niilistas que expunham o absurdo
visceral do mundo para, como Satanás reclamou a Simão, lhe
“peneirar como trigo”, invoca a ressurreição para manter viva a
chama do amor nos meninos invocando uma memória querida, e seguindo
seu caminho, em um desfecho diferente do de Halla. Dostoiévski ainda
foi mais além com o sofrimento redentor de Raskolnikov amparado pela
candura de Sônia que vencera as trevas.<br />
<br />
A questão para Dostoiévksti é que ele explorara igualmente como
Camus o sofrimento absurdo, e a tormenta interior e sentimento de
exílio na sociedade que Camus explorara, em personagens ácidos dos
subterrâneos, como o irredimível de “A Queda” do
"juiz-penitente" Jean-Baptiste; em “Notas do Subsolo”,
Dostoiévski solapa mais do que Camus com toda a auto-complacência,
pois seu personagem sem nome aí também se encontra não só em
fluxo de consciência mas em ação, na rememória de uma trama
degenerada e torpe.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQSRo-NVp40GW5FsTToHs4XqzGslvsmrRx1Wd5_mfveyXQ_8De__G9YKhtUth7sMf0IeXCVJaHY3DN1TDoMEv83-20XUMU1qZTToW4EpLjKqhsu4XO4AyfdAugrIh5nhAY7rUYG3ilRyFI/s1600/Sisifus_the_faculties.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQSRo-NVp40GW5FsTToHs4XqzGslvsmrRx1Wd5_mfveyXQ_8De__G9YKhtUth7sMf0IeXCVJaHY3DN1TDoMEv83-20XUMU1qZTToW4EpLjKqhsu4XO4AyfdAugrIh5nhAY7rUYG3ilRyFI/s1600/Sisifus_the_faculties.jpg" height="200" width="135" /></a></div>
A clivagem que eu vejo entre as respostas de Dostoiévski e Camus
se dá quando este diz que imagina um Sísifo feliz. Este que, condenado a empurrar a pedra que no limiar de chegar ao cume da
montanha sempre rola novamente abaixo, encarna o herói trágico e
dionisíaco de Nietzsche, transformando o “assim foi” no “eu
quis assim”, encontrando no destino sua marca impressa. Eu não
imagino um Sísifo feliz a não ser que ele fosse como as figuras de
“Admirável Mundo Novo”, condicionado para finalmente desaguarem
o destino no empurrar a pedra, ou entregando a consciência para a
fatalidade. Vejo Dostoiévksi, em uma das suas experiências mais
importantes para desenvolver seu trabalho de vivissecção moral
literária, na prisão, pautando que se colocarem um preso para a
tarefa mais pesada que fosse, mas ele visse que estava construindo
uma ponte, uma obra significativa, ele teria uma determinação em
si; mas colocando-o para algo como peneirar água, encher uma pá de
areia e jogá-la para o alto, ele se alienaria em demência,
frustração e explodiria.<br />
<br />
<br />
<br />
Por isso precisamos de algum significado para dar sentido ao que
fazemos. Se não pensarmos um pouco que nossos trabalhos ou alguma
ação ajuda a algumas fagulhas de luz, não semeia alguma beleza ou
bondade ou indignação criadora, não instiga alguma força de vida
e algo melhor no mundo, fica difícil resistir ao fatalismo; ainda
que por vezes precisamos nos fiar numa via negativa, algo como pensar
que se o mundo se queimar ou apodrecer, não foi por pensarmos que
não tínhamos poder de fazer nada que contribuímos para isso, tal
como muitos que o pensaram contribuíram. Mas é claro que por detrás
das frustrações devemos nos perguntar se não havia também
cinismo, autocompensação emocional e descargo de consciência, com
uma vontade de dominação.
<br />
<br />
<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRmlZwTkCZU1Y2FSX9EemLXFxIjFYSsvId5blJKTqZMCgOrAS6G4mJhx6GQfvrtFshJ7mn1cXLW5hrqXbwwkO632eTn0LcxnqNAOCu-8nHpNWmYF9O1U1yVba5U85eurc47IUBoszBvZu1/s1600/Melancholia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRmlZwTkCZU1Y2FSX9EemLXFxIjFYSsvId5blJKTqZMCgOrAS6G4mJhx6GQfvrtFshJ7mn1cXLW5hrqXbwwkO632eTn0LcxnqNAOCu-8nHpNWmYF9O1U1yVba5U85eurc47IUBoszBvZu1/s1600/Melancholia.jpg" height="134" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="font-size: 12.8000001907349px; text-align: center;">Cena final de "Melancolia", de Lars Von Trier</td></tr>
</tbody></table>
Como nos filmes de Lars Von Trier (que explorou a fundo o niilismo em "Melancolia", que desfecha com uma explosão fútil que termina com a vida na Terra, única no Universo), como no “Europa”, “Medea”,
“Dançando no Escuro”, “Dogville” e “Manderlay”… os
desprendimentos humanitaristas dos personagens, de Leopold Kessler na
Alemanha até a Grace nos povoados, são tragados pelo que a raposa
eviscerada vaticina em O Anticristo, “o caos reina”; sugados numa
espiral que os leva ao limite, desarma, e “o que não tem governo
nem nunca terá” desnuda neles todos os sentimentos de ódio e
sadismo que condenavam antes, porque há arranjos e configurações
de aparência bizarra e<br />
ineficiente que são formas eficazes
encontradas para lidar com forças desconhecidas presentes mesmo na
trajetória que formou os sentimentos dos humanitários. “Pois é,
sra. Grace, é fácil insultar os negros [quando ela diz que eles
escolheram e mereceram a escravidão, frustrada por não se acomodarem aos seus planos civilizatórios], mas não está
esquecendo algo? Vocês nos criaram”.Em muitos filmes dele, humanitarismo, as piedades religiosas, racionalidades modernas como a<br />
psicanálise, tentaram adestrar as forças caóticas, para submeter
os outros à servidão, e terminaram por serem reviradas do avesso e
vítimas de si próprios.<br />
<br />
<br />
<br />
Não temos como “domesticar” e as pessoas. E nem temos que nos
impor este fardo frustrante de convencê-las. Muitos referenciais
nossos podem nos desiludir. Mas também muitos gigantes monstruosos
têm pés de barro, e muitas pessoas também apenas estão com medo
ou frustradas. Com esta resposta inconclusa de quem não quer ser o
humanitarista redentor que vai curar a excruciante ninfomania de
Cloe, apenas quero desafogar o peito rezando para que não nos
desumanizemos.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgedTEemmkyoU4LPemaKJDtBCUw-lRwUnFATM3e-2-WDi_36Ug6bI38dOwa3h0Cl6t0NISm-AvBHMmDGAyQ0hFFZzrFB1cOV16FLxSRgaIx6P7ZzcejzGzisXuTfLoOxoJD8-W37-BtH5em/s1600/Bansky+-+lan%C3%A7ador+de+flores.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgedTEemmkyoU4LPemaKJDtBCUw-lRwUnFATM3e-2-WDi_36Ug6bI38dOwa3h0Cl6t0NISm-AvBHMmDGAyQ0hFFZzrFB1cOV16FLxSRgaIx6P7ZzcejzGzisXuTfLoOxoJD8-W37-BtH5em/s1600/Bansky+-+lan%C3%A7ador+de+flores.jpg" height="175" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bansky, "O lançador de flores"</td></tr>
</tbody></table>
<blockquote class="tr_bq">
<br />
_ Digo isso por receio de que nos tornemos maus – prosseguiu
Aliócha -, mas por que teríamos de nos tornar maus, não é
verdade? Sejamos primeiros e antes de tudo bons, depois honestos e já
depois – não nos esqueçamos nunca uns dos outros.<br />
(...)<br />
_Bem, agora encerremos os discursos e vamos às exéquias dele.
Não vos perturbeis porque comeremos panquecas. Porque é uma
tradição antiga, eterna, e nisso há algo de bom – riu Aliócha.
_Então, a caminho! E agora lá vamos nós de mãos dadas!<br />
_ E sempre assim, de mãos dadas para o resto da vida! Hurra,
Karamázov! - gritou Kólia mais uma vez entusiasmado, e mais uma vez
todos os meninos secundaram sua exclamação.</blockquote>
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-26807516623602123402015-01-13T08:51:00.002-08:002015-01-14T17:49:44.780-08:00Sorrisos do Canto Primordial - Notas de uma escaldante tarde qualquer no centro urbano<br />
No cotidiano por entre o concreto e o asfalto, entre as buliçosas gentes distinguimos em meio a gastura da fuligem, sussurros soprados aos ouvidos.<br />
<br />
Perambulando compenetrado em sensações vagas de nossa finitude quando temos de atravessar ruas do centro da cidade grande, como a Rua 04 de Goiânia altura com a 06 (ou 07), topei às 13:30h de uma terça-feira com uma cena excepcional: um caminhão da limpeza urbana municipal, atravessado à rua em suas ocupações com o que vai sobrando do nosso dever de existirmos e sermos percebidos, tendo em pé sobre seu para-choque traseiro quatro garis, mulheres com risadas tão abertas, francas e descontraídas que me chamaram a atenção. Notei os batons, brincos, penteados, cuidados de si e afirmações devida lavando estereotipagens que se poderiam impor sobre elas, que as roupas alaranjadas passaram a brilhar como enfeites de Natal. <br />
<br />
Mas a energia dessa história toda jorrou de suas risadas, tão abertas que pareciam os arco-íris conduzidos por bolas de sabão brilhando com os feixes do sol.<br />
<br />
O contágio foi imediato, o sorriso brotou em mim como nascente no campo, desconhecendo o motivo da alegria delas que talvez poderia ser os equilíbrios inexplicáveis da natureza imediata após o Big Bang, talvez um fenômeno que só o coração delas captavam a contra gosto do ruído dos carros e da agonia dos transeuntes. Ou algo mais natural e igualmente radiante, na macia e acariciante radiação daqueles risos que nem mesmo aquele cinza urbano eclipsa.<br />
<br />
Em meu contentamento acenei com a cabeça para elas com o sorriso contínuo espontâneo. Quando passei, ouvi pela diagonal da orelha direita a observação de uma: “<i>Pode sorrir, gente, porque isto não se costuma ver nunca não</i>”.<br />
<br />
A seguir fui fulminado com por um raio, primeiramente por um momento de vácuo de estupor no pensamento; logo após viera o som do trovão,intrepidamente veio de súbito a recordação de um trecho mordaz de uma das mais eletrizantes crônicas do G. K. Chesterton, “Os passarinhos que não cantam”:<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">E no final e minhas reflexões não consegui de fato chegar mais longe do que o sentimento subconsciente de meu amigo do banco –que há algo espiritualmente sufocante sobre nossa vida; não apenas sobre nossas leis, mas sobre nossa vida. Os bancários não têm canções, não porque são pobres, mas porque são tristes. Marinheiros são muito mais pobres. Enquanto ia para casa passei por alguma pequena construção metálica de algum tipo de religião, que era sacudida com gritos como uma trombeta que se rompe com seu próprio som. Eles estavam cantando, de qualquer forma; e tive por um instante uma impressão que já tivera frequentemente antes: que entre nós o sobre-humano é o único lugar em que se encontra o humano. A natureza humana está sendo caçada e escondeu-se num santuário.</blockquote><br />
Este final me remete – assumo a responsabilidade disso - ao corcunda Quasímodo, resgatando a formosa cigana Esmeralda da turbe furiosa e dos soldados do reino, levando-a lépido para onde recebiam um “salvo-conduto”, aos brados na torre: “Santuário! Santuário!”.<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFKatCdLuxoz4jUYRCSjrei1V7uXDTylcfCGhOw1J3M2Y7xP6fARFflbiKH8GTiHAaoiU2UrfgepsNNPE8xhxoETg_xdbTOjuHb-RMK98OG0i-KVkD-PXwPelLxHxQxMstUXiJcAR-yRSK/s1600/new_york_city_1993-web.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFKatCdLuxoz4jUYRCSjrei1V7uXDTylcfCGhOw1J3M2Y7xP6fARFflbiKH8GTiHAaoiU2UrfgepsNNPE8xhxoETg_xdbTOjuHb-RMK98OG0i-KVkD-PXwPelLxHxQxMstUXiJcAR-yRSK/s1600/new_york_city_1993-web.jpg" height="131" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Fotografia de Phillip Lorca diCorcia,<br />
do trabalho "Reflections oh the<br />
Streetwork"</td></tr>
</tbody></table>Prosseguindo no dever de andar pra frente, preocupado e alegre,sapecado de calor mas tendo recebido certo frescor no peito, na Rua 15, talvez já sem sorrir eu experimentava uma felicidade vívida e mais comum que não é de filme da Sessão da Tarde ou das que as autoajudas preconizam, uma mulher à minha frente voltava a cabeça aturdida e preocupada. Segurou sua bolsa firme no corpo e retesou o pescoço à frente e o olho atrás. Julguei que pelo bem-estar geral de todos que seria mais saudável que eu atravessasse a rua.<br />
<br />
<br />
<photo id="1"></photo>informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-64158433520102998482014-06-08T10:35:00.003-07:002014-06-08T10:35:55.327-07:00Quem é Deus, e como amar a Deus? Um <a href="http://richardbauckham.co.uk/uploads/Sermons/Who%20God%20is.pdf">sermão pregado por Richard Bauckham</a>, na <a href="http://www.st-andrews.ac.uk/students/advice/faithandreligion/localchurches/">igreja de</a> Santo André, na Escócia.<br />
<br />
<br />
Êxodo 34:1-10 e Mateus 22:34<br />
<br />
<br />
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<br />
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Nossas duas leituras de Êxodo e Mateus contêm algumas
das mais importantes coisas que a Bíblia tem a nos dizer sobre Deus. A primeira
passagem é o culminar da revelação de Deus de si mesmo à Moisés e ao povo de
Israel no Monte Sinai. Depois de Deus ter dado os dez mandamentos, depois do
povo ter rejeitado a Deus e, ao invés disso, dado sua devoção ao bezerro de
ouro, e depois de Deus tê-los perdoado, então substitui as tábuas de pedra que
Moisés quebrara, as tábuas com os dez mandamentos escritos sobre elas, e então
Deus vem à Moisés e garante que depois de tudo isso Moisés realmente sabe quem
é Deus, quem esse Deus que escolheu Israel para seu povo realmente é. Se Israel
está para conhecer este Deus que é agora seu Deus, se Israel está para ser
dedicado a este Deus e nenhum outro, então não deve haver imprecisão ou
confusão sobre a identidade de Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Assim, Deus se identifica - de duas maneiras.
Primeiro, não é o seu nome. Há um importante ponto que é sobre a tradução de
nossas Bíblias que eu deveria explicar se vocês ainda não sabem disso. Se você
olhar para esta passagem na maioria das traduções do Antigo Testamento, você
vai achar que o nome de Deus é dado como “O Senhor” - com a palavra Senhor
escrita em letras maiúsculas. Essa é a maneira convencional de representar o
nome hebraico de Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifbc3Y1vEsDIda-Y0glSPoN-AoPkX-uL6DgI9rdg2Ed70otLv-yKVQCzDui9IyJw-hvlN9KDmvb0zJbPO8cS0YLGXbyOPA-kNXxXK9cQo-bGwUY_Oz2rjkbNmm9PvLtuADsjAbVgX7MhQ4/s1600/Monreale_Pk2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"></a><span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br />
Não é realmente uma tradução, é uma espécie de substituto para o próprio nome.
E as traduções da Bíblia usam-no porque esta é uma prática que já vinha sendo
seguida pelo povo judeu na época de Jesus e do Novo Testamento. Trataram o
nomear divino como sagrado demais para se pronunciar. Eles não queriam que o
nome de Deus viesse a ser atirado ao vento como qualquer nome tal qual Tom,
Dick ou Harry. Este é o nome que nomeia quem é Deus. E assim, quando leem as
escrituras, eles não dizem o nome, eles substituíram pela palavra 'Senhor'. E
as nossas traduções têm seguido essa prática, de modo que onde quer que você
encontre Senhor em letras maiúsculas no AT, ela destaca o uso do nome hebraico
de Deus. Onde não está em letras maiúsculas, isso não acontece.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Eu sigo essa prática judaica de não dizer o nome próprio
divino, porque era seguida por Jesus e os primeiros cristãos, e eu não vejo por
que devemos mudá-la. Também é ofensivo aos judeus usar livremente o nome divino
na forma que alguns estudiosos bíblicos cristãos fazem. Então eu evito isso.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br />
Mas é um nome, e isso é muito importante. O Deus de Israel tem um nome, um nome
pessoal, um nome que se destaca pela sua identidade, a forma como os nossos
nomes representam nossas identidades. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br />
O que ‘Richard Bauckham’ significa sou eu, a mim e nenhuma outra pessoa. Se
você usar o meu nome é porque você está querendo me distinguir de qualquer
outra pessoa de quem você pode estar falando ou qualquer pessoa que possa ser
confundida comigo. Ele identifica com exclusividade quem eu sou. Assim, com o
Deus de Israel e o Deus de Jesus Cristo. Este Deus não é um princípio ou ideia,
não uma divindade vaga que podemos retratar em qualquer forma geral que nós
escolhermos, não é uma deidade que podemos adaptar às nossas necessidades ou
desejos, como nós escolhermos. Este Deus tem uma identidade única, que Ele nos
dá a conhecer, para que possamos conhecê-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">No N.T. este Deus adquire um novo nome, porque ele se
revela a nós em Jesus Cristo. Eu disse, como pregadores muitas vezes fazem, antes
de começar este sermão, "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. O Nome
trinitário de Deus. É a abreviação de "Deus Pai de Jesus Cristo, Deus
Filho Jesus Cristo, e Deus o Espírito de Jesus Cristo”. Isso significa: Deus
como nós o conhecemos em Jesus Cristo. Em certo sentido, é nova identidade de
Deus, mas não é nova, no sentido de substituir o antigo. Deus não descartou sua
nomeação hebraica. Deus ainda é o Senhor, nesse sentido especial.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Então para Moisés Deus proclama o seu nome e a outra
coisa que Ele faz nesta passagem é revelar Seu caráter. Aqui temos a grande
descrição do personagem de Deus no A.T.- para o qual o A.T. remete novamente e
novamente, e ao qual o N.T. também se refere novamente em pelo menos uma
ocasião muito importante que irei mencionar em um momento. Nós sabemos quem é
Deus porque este é o tipo de Deus que é, esta é a maneira como se relaciona conosco
e lida conosco . Ele diz:<br />
<i>O Senhor, o SENHOR,</i> [insistindo em seu nome exclusivo] <i>é um Deus misericordioso e
clemente, lento para a cólera e cheio de amor e fidelidade, mantendo misericórdia
até a milésima geração, que perdoa a iniquidade , a transgressão e o pecado,
mas de modo algum compensando o culpado ...</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O que essa descrição característica diz sobre o
personagem Deus? Repare que é tudo sobre a forma como Deus se relaciona com o
seu povo. Deus é, reconhecidamente, esse Deus, porque esta é a maneira como Ele
lida conosco. Ele é um Deus que se preocupa com entusiasmo com o seu povo e se
envolve com eles. Ele se importa apaixonadamente que eles sejam o melhor
possível que eles sejam. E assim ele nos ama e ele é muito paciente conosco.
Ele perdoa. Ele suporta as formas que nós mantemos erradamente - a maneira como
Israel teve com o bezerro de ouro apenas alguns dias antes. Ele é paciente e
tolerante, mas isso não significa que ele tolera o nosso pecado abundando – o poderoso
pai indulgente, o tipo que, afinal, não se importa em como a criança se
comporta e como se sai. Esse tipo de indulgência se dá em função de realmente
não se importar. Deus cuida apaixonadamente que sejamos o tipo de pessoas que Ele
nos fez para ser. E assim ele não ignora o pecado. Ele não se comporta como se
não importasse. O culpado é culpado. Mas Deus está sempre pronto a perdoar. Ele
não desiste de seu povo.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Eu disse que há uma importante referência a esta
passagem no N.T., e chega próxima ao início do Evangelho de João, onde João
está descrevendo o que acontece quando Deus se torna </span><span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifbc3Y1vEsDIda-Y0glSPoN-AoPkX-uL6DgI9rdg2Ed70otLv-yKVQCzDui9IyJw-hvlN9KDmvb0zJbPO8cS0YLGXbyOPA-kNXxXK9cQo-bGwUY_Oz2rjkbNmm9PvLtuADsjAbVgX7MhQ4/s1600/Monreale_Pk2.jpg" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifbc3Y1vEsDIda-Y0glSPoN-AoPkX-uL6DgI9rdg2Ed70otLv-yKVQCzDui9IyJw-hvlN9KDmvb0zJbPO8cS0YLGXbyOPA-kNXxXK9cQo-bGwUY_Oz2rjkbNmm9PvLtuADsjAbVgX7MhQ4/s1600/Monreale_Pk2.jpg" height="140" width="200" /></a>humano na pessoa de Jesus
Cristo. (João 1:14): “<i>a Palavra </i>(de Deus)<i> se fez carne e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, a glória do Filho único do Pai, cheia de graça e de verdade</i>
...” Essa última frase, "cheia de graça e de verdade", vem de Êxodos
34. é uma referência abreviada para a descrição do caráter de Deus em Êxodo.
Êxodo diz 'cheio de amor e fidelidade"- João traduz que: "cheia de
graça e de verdade". Então, o que isso significa é que o caráter do Deus
de Israel é para ser visto na vida humana de Jesus Cristo. O mesmo Deus, o mesmo
personagem, mas agora em um sentido Ele pode ser visto (como Moisés não podia
ver) em pessoa, o caráter, a vida de Jesus.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Assim, Deus tem um nome pessoal e um caráter pessoal.
Nós sabemos quem é Deus. Então, como nesse caso devemos responder a Deus? Vamos
voltar à nossa leitura do Evangelho, na passagem em que Jesus seleciona a
partir da lei os dois grandes mandamentos. Você vai estar muito familiarizado
com isso, porque na verdade nós lemo-lo em todos os serviços de Comunhão. Um
dos fariseus, um professor profissional da lei de Moisés, pergunta a Jesus qual
é o maior mandamento entre todos os mandamentos que Deus deu a Israel por meio
de Moisés. É o tipo de pergunta que os professores judeus na época de Jesus
discutiam. A lei de Moisés contém centenas de mandamentos. Então, quais são os mais
realmente importantes? Existe um que resume todos os outros? Existe um que
resume para nós sobre o que toda a lei é realmente concernente?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">O primeiro mandamento que Jesus seleciona é o
mandamento "amarás o Senhor, teu Deus ("Senhor" não significa aquele
nome hebraico pessoal de Deus, que é o Deus que devemos amar)... amar o Senhor
teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e com toda tua
mente." No tempo de Jesus, bons judeus observantes recitavam esse mandamento
diariamente em suas orações cotidianas. Eles eram ainda mais familiarizado com
ele do que nós. O segundo mandamento que Jesus seleciona diz como ele é- porque
é também um comando para o amor-, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo'. Tudo
o mais no A.T., diz Jesus, paira sobre esses dois mandamentos. No final do dia,
eles são ao que tudo diz respeito.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Estou refletindo esta manhã principalmente no
primeiro, o mandamento de amar a Deus com tudo o que somos e temos. Mas note
como isso é diferente do mandamento de amar os nossos próximos. Devemos amar os
nossos próximos como a nós mesmos, ou, como Jesus diz em outro lugar, fazer a
eles como gostaríamos que fizessem a nós. Mas é só Deus que é para ser amado
com todo o nosso ser. Eu me pergunto quantas pessoas seculares comuns hoje em
dia poderiam imaginar a religião como algo assim. Não como algo que as pessoas
religiosas prestem alguma atenção a ao lado de outras preocupações de nossa
vida, mas como devotar tudo o que somos e temos e fazê-lo para Deus. Mas se
Deus é Deus, essa deve ser a única forma apropriada de se relacionar com Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Amar a Deus com todo o nosso ser significa, por um
lado, que algumas coisas são excluídas da nossa vida - qualquer coisa
inconsistente ou competindo com o amor de Deus. Mas, por outro lado, isto
significa que todos as boas e apropriadas preocupações da vida humana estão
incluídas no âmbito do amor de Deus. Não apenas, por exemplo, pregar este
sermão é o tipo de coisa que eu deveria fazer para o amor de Deus, mas também a
obtenção de um bom sono na noite passada, comer meu café da manhã, aproveitar a
caminhada para a igreja - o amor de Deus inclui todas estas coisas, quando
estamos verdadeiramente dedicando tudo que somos e temos e fazemos, para Deus.
Em outra ocasião, perdendo o sono ou o café da manhã pode ser o que o amor de
Deus requer de mim. Viver para Deus significa dever estar atento a essas
possibilidades. Mas é só porque amar a Deus é uma noção grande o suficiente
para incluir todas as preocupações adequadas e as atividades de nossa vida
humana que podemos amar a Deus com todo o nosso coração, mente e alma e força.
Em certo sentido, devemos fazer todas essas coisas para o amor de Deus. Isso
não tira qualquer valor dessas coisas em si. Muito pelo contrário: tudo se
torna inteiramente o que deveria ser quando é dedicado a Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Porque Deus é Deus, o Deus de todas as coisas e todas
as pessoas, o Deus que se importa com todas as coisas e todas as pessoas, dar-nos
inteiramente a Deus é o caminho a ser verdadeiramente humano. Mas dar-nos
inteiramente a outra coisa senão Deus rebaixa e distorce a vida humana, porque
nada menos do que Deus pode nos satisfazer como as criaturas que Deus nos
fizera. Devotar-nos a algo menos do que Deus é idolatria. Todos os tipos de
coisas boas que são partes boas da vida humana quando tomam o seu lugar dentro
do amor de Deus, ordenada pelo amor de Deus, tornar-se destrutivas se tentarmos
viver para elas. O futebol é uma boa coisa em seu lugar, mas para torná-lo a
principal preocupação em sua vida, subordinando tudo a ele, seria empobrecer a
sua vida e distorcê-la. Mesmo maravilhosamente boas causas - digamos que você
dedica a sua vida à pesquisa de uma cura para o câncer: se realmente domina a
sua vida completamente então nada que não contribui para isso é qualquer
preocupação para você- o que tornaria até mesmo uma boa causa em um ídolo e em
algo que estraga a vida humana. Deus é a única coisa grande o suficiente para
merecer a nossa devoção total.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">É por isso que não podemos simplesmente desabar o
primeiro mandamento no segundo. Não podemos apenas dizer que amamos a Deus,
amando o nosso próximo. Amamos a Deus amando ao próximo, mas isso não é tudo.
Mesmo amar o nosso próximo não é grande o suficiente para abranger tudo em
nossas vidas. Ele pode e deve abranger uma grande soma. Mas não tudo. Por
exemplo, quando eu gosto de algo verdadeiramente belo eu tenho um tipo de
experiência que é muito importante na vida humana. Não é uma forma de amar o
meu próximo, mas pode tornar-se parte da meu amor a Deus com todo o meu ser .</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Assim, o amor de Deus é o único amor que realmente
pode e deve incluir todas as outras preocupações da vida. Incluí-las em nosso amor
por Deus, tanto as acentua como também as mantém em seu lugar, impedindo-as de dominar
e tornar-se ídolos. E, finalmente amar a Deus com todo o nosso eu, dá uma
unidade às nossas vidas que nada mais pode dar.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;"><br />
Sem Deus nossas vidas são coleções de fragmentos. Estamos ventilados desta forma
e por todos os tipos de diferentes preocupações e interesses que exigem de nós.
Existe algo que pode soldar todas estas coisas juntas em uma vida, um projeto,
um todo pleno de significado? Somente o amor de Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Aparajita","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 107%;">Eu dissera que o amor de Deus pode incluir tudo o
resto de nossas vidas. Então não é que, quando eu estou fazendo minhas compras
eu não estou amando a Deus. Mas, se a nossa vida é para ser vivida par amor de
Deus, então deve haver momentos que deixamos de lado para nos voltarmos apenas
para Deus. Somente pela adoração e oração que aprendemos a amar a Deus acima de
todas as outras coisas e que podemos também aprender a amar todas essas outras
coisas corretamente, para o amor de Deus.</span></div>
</blockquote>
<blockquote>
<br />
</blockquote>
informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-30083413053868576612014-03-19T16:51:00.000-07:002014-03-19T16:51:16.454-07:00A luta contra o reflexo<div class="MsoNormal">
No clássico “A História Sem Fim” aparece um tema muito comum
em sagas congêneres. Atreyu tem que enfrentar como desafio último o espelho.
Teria de topar com um espelho que revelava a pessoa tal como é, sem as formas e
truques com que se engana - inclusive a si próprio. Há muitas estórias com este
desafio de se enfrentar o reflexo de si próprio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na esteira da Segunda Etapa da última Guerra Mundial, o que
se diz ser “Civilização Judaico-Cristã Ocidental” ou o “Ocidente Moderno”, era
amplamente e corriqueiramente antissemita (nos EUA, muitas escolas não aceitavam
judeus, e com muito custo foi-se estabelecendo um percentual máximo permitido,
como 6%, etc.); a eugenia grassava alegremente e era pauta mesmo das sociedades
científicas “esclarecidas” a ideia de selecionar os humanos “superiores” e
exterminar as “aberrações”. Tudo embebido no rito social, tudo sociabilizado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O Nazismo com sua fúria impetuosa pegou estes elementos,
perdeu a inibição e espicaçou o cinismo; e ao limite levando, mas sem
incoerência, ele tudo isto foi pavorosamente lançado na na cara do mundo; a
partir daí o mundo percebeu, meio encabulado, o horror e vergonha que era.
Começou a se aceitar que era vergonhoso (ainda que os ciganos nunca foram
recompensados e que a eugenia continuou por parte de empresas e governos, mas
mascarada ou camuflada longe da atenção pública). Ficou mais difícil – até quando?
– legitimar novamente dentro do rito da vida social.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por detrás das reações das pessoas à tal da “cultura da ostentação”,
com fenômenos por vezes bizarros, há um cinismo em parentesco, uma razão
cínica. Porque o que ela vem fazendo é jogar na cara igualmente nossa que é o
que move nossa sociedade hoje, mas é claro, ritualizado com desfaçatez na liturgia
do sociabilizado. A racionalidade por detrás da “cultura da ostentação” está
presente nos encontros informais de amigos de escola, colegas de profissão, está
presente quando se sai ao trânsito, em diversos meios de confraria social; está
subjacente às buscas, aspirações e sonhos. É a marca do senso de valor pessoal
de fato, é o norte da escala de valores, está em manifestações religiosas e
também de apelo laico ( ou laico na aparência ). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Talvez haja um medo secreto de que acabe se configurando tal
racionalidade como algo vergonhoso também. Por isto o escândalo cínico. Se tem
percebido que para grande parte das pessoas, se pudessem escolher, prefeririam
que o mundo acabasse, que tudo se colapsasse, do que ter de abrir mão disso. <o:p></o:p></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcRy8Zb_418n3tQdcUKn5gfPPjsq7xpwzicgqn2sOkhNnWW9ZXCejBz0O9KYbT4MGIqGXV_6smRPly_mqWoSpBYE2S8KU5NkuWJHD6UNRuWuTOrH-0FewbmBjkThV7o1p0THXieBw4-_Vu/s1600/Gerhard+Richter.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcRy8Zb_418n3tQdcUKn5gfPPjsq7xpwzicgqn2sOkhNnWW9ZXCejBz0O9KYbT4MGIqGXV_6smRPly_mqWoSpBYE2S8KU5NkuWJHD6UNRuWuTOrH-0FewbmBjkThV7o1p0THXieBw4-_Vu/s1600/Gerhard+Richter.jpg" height="136" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">arte de Gerhard Richter</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
Quantas outras coisas mais têm vindo à tona neste sentido,
esperando um outro “Reich” pra fazer o mesmo que aquele? </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<o:p></o:p>informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-19187449706014347742013-10-10T15:43:00.000-07:002013-10-10T15:43:01.383-07:00Uma prece pela respiraçãoPai, de fecunda Eternidade, <br />
<br />
me ajude, em mim e sobre mim, ao meu lado, a ser mais centrado em Ti para estar mais centrado quando passo pelas espirais da vida; mais aberto a Ti quando sufocado, e para que mesmo de quando meus turbilhões internos, possa escutar melhor ao próximo. <br />
<br />
Ajude-me a me organizar melhor para que lhe deixe presente no comum e cotidiano, a ser mais atencioso com o que vivo no presente, não perdendo a dimensão da eternidade em minha consciência. Me ajude, me ajude a amar mais e melhor ao meu próximo como queres, e cuidar mais responsavelmente de mim. Que seja mais sensível e respeitoso com Teu Espírito Santo, em mim, no mundo, na criação. Que leve mais a sério a realidade de que Jesus Cristo é o amado do vórtice do meu ser, o referencial e com quem meu fôlego aspira ser unido, o sentido que pode dar significado à minha vida. E que significa muito que o Senhor se importa conosco e não desiste de nós, a despeito de nós mesmos. Me ensine a valorizar melhor as pessoas importantes de minha vida, não só esperando raros momentos de arrebatamento, mas no esforço do normal. Me ensine a ser mais grato e vivo.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmpDjjANK9Kxn6YbjYD1pWDVI1QDTERH_NKpgwVBoqeOrUQXj5bdu4IQWY_A6HnD6vM6yUN8oRK00JEyl69QF5MQn8objFBq_qVDf8eSLWaxca7HONNuDKR_n8LGKfa8hMCNtEe-dh6mEl/s1600/DSCF3995.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgmpDjjANK9Kxn6YbjYD1pWDVI1QDTERH_NKpgwVBoqeOrUQXj5bdu4IQWY_A6HnD6vM6yUN8oRK00JEyl69QF5MQn8objFBq_qVDf8eSLWaxca7HONNuDKR_n8LGKfa8hMCNtEe-dh6mEl/s320/DSCF3995.JPG" width="320" /></a><br />
Amém, amada Fonte.<br />
<br />
Louvo-te e a Ti dou graças por Tua imensa Glória.informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-39089112087758064552013-09-22T13:17:00.000-07:002013-09-22T13:17:13.311-07:00A parábola do Senhor Magnânimo<blockquote class="tr_bq">
E dizia também aos
seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo;
e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o,
disse-lhe: <i>Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia,
porque já não poderás ser mais meu mordomo. </i></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
E o mordomo disse
consigo: <i>Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar,
não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de
fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em
suas casas.</i></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
E, chamando a si cada
um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: <i>Quanto deves ao
meu senhor? </i>E ele respondeu: <i>Cem
medidas de azeite</i>. E disse-lhe: <i>Toma a tua obrigação, e
assentando-te já, escreve cinqüenta. </i>Disse depois a outro:
<i>E tu, quanto deves?</i> E ele respondeu: <i>Cem alqueires de trigo.</i> E
disse-lhe: <i>Toma a tua obrigação, e escreve oitenta.</i></blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
E louvou aquele senhor
o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos
deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da
luz.</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
E eu vos digo:
Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas
vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Quem é fiel no
mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também
é injusto no muito.</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Pois, se nas riquezas
injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
E, se no alheio não
fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?</blockquote>
<blockquote class="tr_bq">
Nenhum servo pode
servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou
se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus
e a Mamom [Riquezas].</blockquote>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Alguns movimentos
sectários no judaísmo dos tempos de Jesus buscaram e apartar da
sociedade que para eles, já estava condenada; se consideravam os
“Filhos da Luz”, dividindo o campo humano entre eles e os “filhos
das trevas”. Em um documento [ os documentos citados a seguir foram
extraídos de David Flusser, “<a href="http://www.blogger.com/"><span id="goog_2031045689"></span>Judaísmo e as Origens do
Cristianismo<span id="goog_2031045690"></span></a>”, vl.1, cap. 9] da comunidade de Damasco lê-se que
deviam “<i>manter-se à parte dos filhos da perdição, a saber, a
abster-se da riqueza impura da iniquidade</i>” - Documento de Damasco 6,14-15. Se
separavam assim da vida social e isso incluía o sistema econômico,
com o qual a pureza ritual a que consagravam suas vidas se
contaminaria, em que os outros “<i>maculam-se nos caminhos da
idolatria e da riqueza da iniquidade</i>”. Doc. Dam. 8,5</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Em Qumrã há
documentos em que se apresenta a postura que concebiam de Deus em
relação a isto, “<i>Não mostrarei ciúme do espírito do mal e
minha alma não cobiçará a riqueza da iniquidade </i>(...)” 1QS
10,17-20.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_m6MtFiEpA7CE4vD1fdFY7YitIpgSFAKw9iAnFRLSdXVSHIg0jL2nZJJtbJm7nENj9JvvCZiduHpDCyX_8oS33aUy502VYhFxgpWoMWQOOYu4h_prhqLDJ60I_OjaBHTeU1wBK_ZGzEe1/s1600/Par%C3%A1bola+do+Mordomo+Infiel.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="152" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_m6MtFiEpA7CE4vD1fdFY7YitIpgSFAKw9iAnFRLSdXVSHIg0jL2nZJJtbJm7nENj9JvvCZiduHpDCyX_8oS33aUy502VYhFxgpWoMWQOOYu4h_prhqLDJ60I_OjaBHTeU1wBK_ZGzEe1/s200/Par%C3%A1bola+do+Mordomo+Infiel.gif" width="200" /></a>O sentido da “riqueza”
nos Manuscritos do Mar Morto apresenta-se como algo derivado do modo
de vida corrompido dos estranhos às comunidades sectárias, “<i>Assim,
nenhum membro será unido com ele em sua obra ou em sua riqueza, para
que o membro não se macule com iniquidade culpada, mas se manterá
distante dele em cada questão(...) e todas suas ações são
sujidade perante ele e a impureza está em todas as suas riquezas</i>”.
1QS 5,14-20.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Nesta parábola podemos
então presenciar um notório diferencial de Jesus em relação ao
ethos de movimentos religiosos sectários, com uma ética orientada
positivamente: menos do que fugir da contaminação, o ideal é
produzir algo de bom. Diante das “riquezas da iniquidade”, menos
do que fugir do mundo, se é chamado a desviar de produzir maldade
para produzir o bem ao próximo.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O administrador
desonesto, caracterizado como “infiel” e “filho das trevas”,
é alguém que e encontra surpreendido e iluminado em sua condição
condenatória ante ao seu senhor. É envergonhado e digno de castigo
e reclusão. E sua condição é deixada clara: o senhor o demite,
ele não tem mais condições de cuidar dos bens. Mas ele vê ainda a
misericórdia deste senhor: ele não é enviado à prisão ainda.
Pode ser um sinal de que ele tem ainda a oportunidade de ser uma nova
pessoa aos olhos de quem ele prejudicava. Ele extorquia os colonos
arrendatários que pagavam com parte da colheita como aluguel, se
apropriando do que recebia “por baixo do pano” e assim também,
ele que provavelmente recebia uma comissão do senhor pelos
contratos, agia desonestamente para com o patrão. Ainda que sem
status legal mais para negociar com os arrendatários, ele age ainda
como espertalhão, chamando os devedores, chama um por um para poder
realizar sua trama, sem que já passem a lhe considerar um sujeito
pária, sem legitimidade para tratar com eles, e desta forma eles
presumem que a transação é legítima. Eles então acreditam que o
senhor autorizou diminuir suas contas, como um abono.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Provavelmente os
colonos festejaram neste caso a magnanimidade do senhor de terras
para com suas situações devedoras. E o senhor se dá conta do que
aconteceu. E foi se fiando nesta magnanimidade e generosidade que o
mordomo agiu, ele que reconheceu sua culpabilidade não tendo se
queixado da demissão; pois não concebesse assim, estaria mais
perdido do que antes. Ele arriscou-se totalmente. E nessa
generosidade o senhor das terras pagou o preço pela liberdade e
restauração da reputação do mordomo ante à comunidade, e a
quitação da situação de endividamento dos arrendatários. E age
em sua graça.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-70339205446098659932013-09-15T14:21:00.002-07:002013-09-15T17:52:32.515-07:00PercursoEste é o texto 'Percurso", ao qual me referi na última crônica postada no "Cristianismo, Meramente".<br />
<br />
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Ele começou a se formar, para depois com ele aflorar um “si próprio”, sem alguma expressiva anunciação. Sim, projetava-se uma meia luz galgaz entrecortada, em passagens ao redor do ventre vogante que se contorcia (de dor?), uma ou outra meia-luz lívida como um reflexo de adaga úmida à pedra; por onde ele dimanaria, era uma mandala alvacenta que ia tomando a forma de um bolor. Nasceu.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Mas não houvera aquela cerimônia de um estrondoso ribombar de surdos de flandres, marchas de hostes e rasgados de carnes irradiadas e fulgurosas. Não houvera bailados de chicotes argênteos incandescentes. Mas um abafado - não de todo silente - gorjear de bolores aeriformes que foram ficando caldeados e túrgidos, como uma espuma de um sumo de chumbo.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Dimanara em um dia que veio sem chegar a nascer, em meio a incontáveis irmãos e irmãs. Falavam desvairadamente todos ao mesmo tempo, como num almoço de domingo em família numerosa de italianos, uma grande e amorfa família. Todos estavam vislumbrados e já nostálgicos, se cumprimentando e despedindo ao mesmo tempo.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Ficou maravilhado por ver aquele mundo para o qual saiu! Ele estava embebido nos brandos raios de claridade que nesse caldo, caldo tênue, invade e se esconde atrás das formas. Eram todos impelidos por uma força ignota, singrando um oceano de ar, e ela conferia um sentido para seus nascimentos e vidas, embora sem dar significado para suas existências - não sabiam em quê elas consistiam, para onde eram levados e afinal, o que realmente estavam fazendo. Não podiam superar a força, apenas continuar rasgando a resistência do vento que ao soprar dava contorno parabólico e distorcido às suas trajetórias.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Constatava que em meio aos irmãos e irmãs faziam algo que não seria apenas obra da diáfana luminosidade, ela não seria capaz de tanto; transfiguravam-lhe a frequência das ondas de reflexão nas formas e moldes em movimento que distinguiam. Em termos que eles ainda não tiveram tempo de aprender - e tempo era algo que lhes fora dado parco, apenas em efemeridade para imaginar como seria ter mais - as cores ficavam mais expressivas.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Conseguia olhar através de si mesmo, por meio dos reflexos do seu interior; via cenas e objetos foscos; as cenas e objetos foscos adquiriam padrões mais lapidados, pela perspicuidade fulcral da córnea que o torneava por inteiro. </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Percebia alguns traços de contornos concatenados, esvoaçando, atirando-se para todos os lados, agitados, assustados com o ímpeto da chegada da família, e quis brincar – como brincam as baleias orcas sem fome com as focas, os gatos com as baratas, os cães com os pássaros – excitado por um sentimento de poder.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Até que, celeremente, se sentiu mais diminuto e seu ser foi invadido por uma comoção de transitoriedade, culminando quando a gota acometera e se dissipara numa poça entre rochas de ametista, desgastadas por musgos. Houve, por um singular instante, a sensação intensa de se converter em ressonâncias, de brotar de si um continuum, jorrando, enfrentando e irrompendo contra a força, até que...</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
Sobre a poça límpida quedara uma folha de carvalho emugrecida, pairando, flutuando...</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiowEsoeYqtmPeafnesg4XHZI4JXCEuuZ_GbKrpJIilFWhbaanhP5BB7W2RFwDtoXqOsOcZH_02hmBz-ijzjPVTDWe6Ov-Pjx2RnJhpm1xzgughBg_Fj4mBnaNFlx2EA5Y58Ac8mGwv2yKS/s1600/A+Queda+-+Ren%C3%A9+Magritte.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiowEsoeYqtmPeafnesg4XHZI4JXCEuuZ_GbKrpJIilFWhbaanhP5BB7W2RFwDtoXqOsOcZH_02hmBz-ijzjPVTDWe6Ov-Pjx2RnJhpm1xzgughBg_Fj4mBnaNFlx2EA5Y58Ac8mGwv2yKS/s320/A+Queda+-+Ren%C3%A9+Magritte.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'Helvetica Neue', Helvetica, Arial, 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px; text-align: left;">"A Queda" - René Magritte</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-52940236529997578782013-08-25T13:55:00.005-07:002013-08-25T13:55:58.629-07:00"Identificação: regando as raízes" - uma crônica<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<div style="text-align: right;">
<em><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">“Sou uma gota d'água</span></em></div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<div style="text-align: right;">
<em><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"> sou um grão de areia”</span></em></div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E subitamente nosso dia mofa. Como mofo de geladeira. Nos deparamos com aquela notícia. Não foi com parente nosso, não foi com amigos. Não era alguém próximo, mas transpomos toda a distância numa ponte de facada gelada no meio de nosso peito. Foi com uma idosa, com um grupo, com uma população. Não necessariamente a mais pobre, o povo mais oprimido, a garota com a cara mais tímida e retraída. "Necessariamente”... como se tivesse alguma necessidade. Como se tivesse intrincado em alguma lógica esquemática... E o dia acaba. Será que ele pôde ter algum começo? Quando começara? Parece que se perdeu de vista... O nascer do sol se tornou tão gélido... e nossos olhos se cobrem de uma fuligem macerada, cinzenta, seca e pegajosa, que enevoa nossas vistas. É quando nos retraímos e não conseguimos partilhar das conversinhas- é o que se tornaram -, do papinho dos colegas de trabalho, dos risinhos das rodinhas, os olhares atravessados nos queimam, parece que o ambiente social ao redor se tornou um bêbado chato.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E por quê? E por quê?</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">De onde provém a música silente de piano e harpa? A voz docemente triste que parece ter vindo do reflexo pálido do luar no mar parado?</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">É horrível quando outros sentimentos mesquinhos vêm para manchar isto, como o borrado da maquiagem e o cheiro do ruge de uma meretriz sub-vulgar na paisagem da memória de alguém amado que corre o risco de ficar menos nítida.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Ideias que vêm de se ser o mudo profeta inaudito do mundo surdo. De usar esta melancolia pela dor ante a quem tornamos mais próximos do que o outro que são, para justificar as imposições de nosso ego, os nossos malfeitos e frustrações. Quando se transforma em mecanismo de compensação. Para motivar zombarias amarguradas da parte de quem não consegue se alegrar na festa se não for o centro das atenções. Isso vem para turvar mesmo quaisquer dos mais nobres sentimentos, como se fosse aquilo que algumas igrejas chamam de “setas do inimigo”. Mas para turvar; devido a inveja de não ser água.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Creio que este tipo de empatia não pré-fabricada é autêntica quando não nos leva a sentirmos superiores aos outros, ao mesmo tempo que não importa o quanto possamos nos debater, não afastamos um tipo de indignação, que não é racionalizada – não pode sê-lo – pelo mundo continuar fazendo o que faz a todo dia e todo momento, tagarelando e barulhando sem parar, não se dando conta do que aconteceu com aquela pessoa. Quem o fez afinal, se não fomos nós, foi o mundo.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Me questiono de onde vem isso de brotar uma partilha de sentimento com pessoas que viveram ou morreram algo doloroso, mesmo a gente não tendo vivido aquilo, ou padecendo de um mal que não é nosso... não falo de uma empatia geral, nada de instinto gregário. Mas casos particulares que nos tocam e cortam diferentemente de quaisquer outros, uma comoção não artificialmente feita que nos domina, e fala em particular... Em meio a tantas agulhas caindo do céu. Iremos encontrar quase concomitantemente diversas notícias horríveis com alguém. Iremos assistir a muitas histórias lacerantes e comoventes, em outros filmes, livros... porque aquela em particular fala tanto conosco? Nos identificamos? Algo do inconsciente? Não, isso seria uma “psicanalização” que ela mesma seria uma racionalização arrogante. Não tem nada tal como um “chiste”. É como se no fundo da alma, o mesmo turbilhão que girou com aquele ser girasse em nós também, no nosso âmago, sua ferida resvalasse nas nossas.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu creio que qualquer tentativa de dissertar e descrever isto com artifícios de artigo científico, ou filosofia analítica, deixaria escorrer tanto como areia pura entre os dedos ao fechar a palma da mão. Não é moldável como argila. Apenas as forças conotativas das metáforas poéticas podem compartilhar conosco algo substancial do que ocorre aí, não para a gente “entender”, mas se aproximar com a percepção e sensibilidade possível para com a textura e temperatura da areia.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu sonhei acordado que, em nossos recônditos, no âmago de todos nós, há um poço. Um poço após camadas escuras... sempre cai água, nunca se enche, a não ser no transbordamento quando da morte. Sempre cai água; gotejando, escorrendo fina pelas paredes, caindo como de uma bica, brotando das fendas... produz sons e vibrações diferentes, e se tudo fosse musicado, teríamos partituras diferentes. Mas no meio do grande ribombar de todos os tanques, uma frequência, um tom, uma forma do cair e do vibrar sintoniza com o de outro poço, e um acorde, ou até uma ária é produzida nesta afinação. Quem sabe até se a água que cai em um não era da mesma, misturando e se dividindo em um dos canais até o desaguar?</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando esse arrebatamento pelo sofrer alheio é um límpido ribeirinho, algo de significativo e sanador ocorre em alguém, mesmo que seja um processo, um correr de rio entre pedrinhas e galhos caídos.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Conta-se que Beethoven estava numa fase mais soturna na vida quando morava em um conjunto de sobrados, com a surdez já num nível avançado, totalmente insatisfeito com seu momento criativo, desiludido da vida. Havia uma mulher que morava no sobrado ao lado ou abaixo no conjunto; era cega. Beethoven soube que ela afirmava que o maior dos seus pesares era não ver o luar. O compositor se engajou num sentido que captou para seu momento de vida, passando por cima de toda suas lamentações, e se entregou a compor “Sonata ao Luar”, uma das mais arrebatadoras de suas sonatas. Tocando-a ao piano, a mulher ouviu. E dissera então que vira o luar, crescendo, brilhando, se enchendo, minguando para poder novamente renascer.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu tive alguns momentos de aguda prostração com a notícia do arrebatamento da vida de B. Um bebê exalando vivacidade, pequena criança sedenta dos descortinares do mundo, uma criança despojada e pueril, que um dia falou embolado algo inteligível demais para nosso esquecimento distraído, um dia jogou papeis, sandálias, coisas coloridas para o alto, esfolou o cotovelo e pintou uma casinha, queria voar de helicóptero, veja só, queria ser repórter, atriz, secretária e aeromoça, andar na rua com sapato alto, óculos e pasta embaixo do braço, tricotar como a vovó. Ela rompia com sua luz pelas colinas. Serelepe com caretas ridículas, muxoxos, pedidos de mimo, sapeca, serelepe. Ela tinha revistinhas tipo Capricho, já aos onze; aos doze anos, ela já entendia de batons, aos onze anos, ela já examinava os meninos, queria paquerar o mais bonito e ser paquerada pelo mais inteligente, achava-se a única a notar um dos mais tímidos, aos doze anos, aos dez anos tinha caderno de segredos. Ela não podia ser tocada, ouvida, não podia receber nenhuma lição, não havia como mandá-la guardar nada, estava “guardada” em um caixão aos treze anos. Ela foi separada de nós, não podia ser abraçada nem como uma fumaça. Uma fumaça ela...</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Porque aquilo se eu não era amigo da família, não era próximo, só sabia que existia, se uma menina de sete anos morreu estuprada, se milhares morrem de fome, e outras tantas cheiram cola e outras de treze roubam e matam e muitos querem exterminar as crianças que não foram bem cuidadas? Ela foi bem cuidada. Ela estava doente, de todo jeito, mas aquilo não foi uma doença, talvez uma doença, a chaga da realidade que aceita a carbonização de gente. Doeu isto, doeu seu sofrer anterior com a recém-descoberta doença degenerativa que mal teve tempo de com sua perversão, começar a degenera-la de vez. A minha vida e de quem eu convivo está continuando, eu não sei se as vidas estavam continuando, ela não era mais importante do que todas as crianças do mundo que podem morrer velhas. Eu sabia que ela existia, eu só sabia que ela existia. Mas a minha existência ficara mais abafada e eu às vezes tenho bronquite.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Eu deixava um pouco de pó de vidro arranhar meu esôfago até que um dia um certo encantamento que vem de um Espírito no universo que absorve estas dores lânguidas, como as dores de seu parto, me trazer um cântico para honrar e celebrar e poder pensar: “para B”.</span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbSHVXSVd6UOCdPftXezLl-zaonIeTj8fmpkI1-XwgRdFznge9A5mhjch3uShaDRVWPZJ3GQIRCebuvWU_8vWEivEq-PrPhimECPJRj5gT1c0c84Db5b4oq6Er_xTv06QWeir8WyZRN-6y/s1600/Bruno+Giorgi.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbSHVXSVd6UOCdPftXezLl-zaonIeTj8fmpkI1-XwgRdFznge9A5mhjch3uShaDRVWPZJ3GQIRCebuvWU_8vWEivEq-PrPhimECPJRj5gT1c0c84Db5b4oq6Er_xTv06QWeir8WyZRN-6y/s1600/Bruno+Giorgi.jpg" /></span></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Escultura de Bruno Giorgi</span></td></tr>
</tbody></table>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O céu me parecia um companheiro para a minha secura em um dia noturno de uma manhã de segunda feira, em que as nuvens estavam tão cinza quanto o pó de escamas que grudavam minha vista como teia de aranha. E meu inalar estava mais úmido, tendo também que fazer bem mais força para mexer com os braços. O céu respeitava-me e estava até solene. Quando aconteceu. As densas gorfadas de vapor carbonizado como uma fumaça dormente, se convertendo em gotas d'água. Uma família de gotas d´água serelepes. Saltitando aos gritinhos após a abertura dos portões. Elas viviam, entravam cheias de vida aos treze anos até se esfarelar. A ampulheta vazou. E por cada gota d'água, cada única gota d'água, eu gota d'água e todos os meus amores gotas d'água, e pela B., que vive e morre com pesar e esperança em mim, eu reafirmei minha fé de que tudo isto não é em vão. E eu dei as mãos às gotas que me molham não ignorando que há outras gotas que molham, aquelas apenas caíram em mim e as bebi.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O meu texto-desabafo recebeu o nome de “Percurso”. </span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-size: 13.63636302947998px; line-height: 20px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mais adiante o publicarei ;)</span></div>
informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-36457093098411673612013-06-30T19:40:00.001-07:002013-06-30T19:43:59.316-07:00O Menino Inquieto e a Planta de Folhas BrancasIsto tudo se passou em uma terra distante, em um tempo quando lá o sol ainda nascia branco, branquinho que, com a fina neblina, fazia as vistas da gente parecer que enxergavam o mundo todo lustrado; e na hora de se pôr, o sol ficava de um dourado morno, quase bronze, chegando até a dar uma sensação, nos dias mais frescos, de se ter uma macia pele de urso envolvendo agente com muito aconchego.<br />
<br />
Mas durante a história que estamos contando, algo diferente se passava naquele vale; por alguma coisa diferente que estava acontecendo, o sol nascia acinzentado, o ar estava muito seco, e o céu estava com um tom rosado triste. Imaginava-se que devia ser só uma fase, que iria passar; mas como estava sendo duro passar por aquela fase! Também, porque com a secura, os olhos das pessoas ardiam secos também, a garganta ficava seca, e muita gente caíra abatida com uma tosse seca e o peito doendo.<br />
<br />
Pedrinho especialmente, sentia muito com o abatimento que tomara conta de tanta gente! Dona Filomena, sempre com aquele vozeirão parecendo de trompa daquelas grandes de assoprar, com um jeitão bondosa que fazia os meninos rirem muito, por dentro, e um bocado bom também por fora, andava resmungona; sem paciência...<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc1/15946_571756426190116_1509698136_n.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-frc1/15946_571756426190116_1509698136_n.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 9.090909004211426px; line-height: 11.988636016845703px; text-align: left;">"Tempestade de inverno sumido - Vale de Yosemite" - Anselm Adams</span></td></tr>
</tbody></table>
_ Aaii, essa criançada sem jeito, chata e enxerida, no meu tempo o chinelo e a vara de marmelo resolviam!<br />
<br />
“Que triste ouvir isso de Dona Filó”, Pedrinho e sua irmãzinha Carina pensavam. Os dois ainda eram uma das poucas crianças também que não estavam sendo afetadas por aquele tempo ruim. Ainda. Augusto começara aficar brigão; viram-no até jogando pedra nos passarinhos tico-tico! Armínia ficara fechada, só andando de cabeça baixa e segurando a renda da saia, ela que era de ficar falando e falando, com uma vozinha fina, sempre curiosa com tudo. Perdera os interesses. <br />
<br />
Senhor Homero.... Homero passou a mesmo deixar o portão aberto para a bola cair lá dentro da sua casa... e nossa, quando um dia uns meninos foram bater a campainha para pedir, ele rasgou com um facão, com um facão, a pelota na frente deles!<br />
<br />
Mas o que realmente deixava Pedro mais aflito, era como estava ficando Mamãe. Mamãe era para ele tudo o que conseguia ser capaz de pensar na palavra Beleza. Com tanto amor, ele, sua irmã mais novinha Camila, Carina e Paulinho, seu irmão pouco mais novo, conseguiam lhe auxiliar nas tarefas em casa, com as ajudas dos avós Raimundo e Dona Leonora, que os visitavam quase todos os dias, mesmo com as lembranças saudosas e a grande falta do pai, Cláudio, que morrera quando Camila ainda era bebezinha. Sobre os detalhes de como ele morreu, vamos deixar de contar para não ficar remoendo com a dor daquela unida e, por terem um ao outro, feliz família. Felicidade que estava em perigo.<br />
<br />
Camila tossindo já...Paulinho de cama. Mamãe, que sempre aparentava uma pérola, lisa, radiante, que parecia nos fazer carinho só da gente contemplá-la sorrindo, estava já com a pele do rosto murchando; os olhos amarelos, e a voz rouca, parecendo que falava com um cano na garganta. Vovô e Vovó eram cuidados em casa pela tia Carminha, ela lhes fazia chá.<br />
<br />
Aquela doença que veio com o tempo esquisito ainda não tinha nome, pois ali naquela região tão sadia e com o ar tão puro, as doenças que vinham eram bem tratadas com chás, com banhos, respirando poções dos vapores de muitos tipos de ervas do campo.<br />
<br />
Pedrinho sabia que tinha que fazer alguma coisa, mas as pessoas já estavam se conformando com aquela situação; ele pensou consigo que isso também devia vir da natureza daquele mal que havia abatido o povoado... e todos faziam pouco quando ele insistia que deviam procurar uma cura diferente,já que nada que conheciam estava dando certo.<br />
<br />
Sentado à beira do riacho, que também havia diminuído muito com aquele tempo seco, já fazendo encalhar até os barquinhos de papel, veio até a mente de Pedrinho uma cabana; uma pequena cabana de madeira na saída leste do povoado, em cima de uma colina. Morava lá solitário o senhor Cosme, solitário porque sua esposa de muuuitos e muitos anos falecera haviam já quatro outonos; todos gostavam demais de Dona Hikaru, ela com seus olhos puxados, cabelo em coque, jeito de andar com as mãos juntas, pra frente, viera de uma terra distante que ninguém conhecia ali; ela ia na vila vender uns bolinhos açucarados deliciosos que do adulto aos idosos e, lógico, as crianças,todos se sentiam mais doces e animados saboreando-os. Todo mundo foi ao enterro na época, vindo então a filha dos dois que se casara com um rapaz de outro povoado e já não morava mais ali. Senhor Cosme sabia cuidar muito bem de si, e era o principal conhecedor de muitos segredos do campo, das montanhas, do riacho e do bosque. O avô Raimundo constantemente ia consultar Cosme a respeito de algum problema, procurar conselhos. Mas já tão idoso, morando sozinho, senhor Cosme não era muito mais ouvido e lembrado pela comunidade.<br />
<br />
“Ei, senhor Cosme, sou Pedrinho, neto de Raimundo”.<br />
<br />
_ Meu bom mocinho, quer sentar aqui comigo para comer um bom pedaço de bolo e tomar um refresco de amora? Uma companhia neste fim de tarde não me faria mal.<br />
<br />
“Senhor Cosme, nenhuma comida tem descido bem... minha língua está com um amargo, e a saliva que vem forma um creme que tira o gosto de tudo”.<br />
<br />
_Aaah, eu sei, rapaz... os cheiros, os sons, as cores, os gostos, tudo emudeceu a canção da dança da vida aqui em nosso pacato povoado. Estamos em tempos difíceis. É preciso firmar o joelho para conseguir ficar de pé nesta hora.<br />
<br />
“Mas senhor Cosme, ainda que isto tudo seja passageiro, e não temos como saber... o que está acontecendo só vai piorando, e não dá mais para suportar. O senhor não sabe o que podemos preparar para tirar esta moléstia do nosso corpo, de nossas vistas, de nosso coração? Sei que as pessoas não parecem levar o senhor a sério, mas confio em meu avô que sempre lhe teve respeito...”<br />
<br />
_ Pedro, Pedrinho, sobre isso teríamos muitas luas para conversar. O que as pessoas levam em conta pra dizer o que tem valor, o que deve ter mais consideração em cada momento da vida, é influenciado por muitas coisas que geralmente não aparece no que elas dizem e acham... mas vou falar do que está me pedindo. Eu era criança, do seu tamanho, e quando minha família morava em um povoado no pé daquela outra serra a algumas léguas daqui. Fora uma época de secura, como esta. E nenhum medicamento nem daqui, nem de lá, e até arrisco, nas terras de Hikaru, que são tão ricas em remédios da natureza também, não se descobria. Mas eles encontraram a solução.<br />
<br />
“Me diga, Cos, desculpa, Sô Cosme!”.<br />
<br />
_ Heita, meu amiguinho. Se já não vão dar muito valor a ter vindo me consultar, vão zombar muito de você se aventurar a buscar o que buscaram naquela ocasião.<br />
<br />
“Mas se eu não o fizer, logo também ficarei dominado pela doença. E assim, me comportarei como muitos estão. E vou achar também que isto é tudo muito natural, é da vida, é da realidade. Por favor, senhor Cosme, eu vou buscar, eu estou pronto a escutar.”<br />
<br />
_ Menino, naquele pico da montanha que é envolvido por mais névoa do que os outros... vai ter de confiar. Mora uma anciã. Anciã porque ela completa dias e dias após o outro, por muito mais tempo do que o que eu tenho andado neste mundo. Nunca a vi, mas imagino que ela deve impor muita reverência. Ela cuida de uma planta diferente das demais. Possui uma folha branca, quase prateada, e suculenta. Não podemos ver nenhuma planta igual fora de lá. Encontrando esta senhora que deve ser também de uma aparência incomum,de presença de fazer emudecer, com ela estará a planta, que por ela é muito bem cuidada. Nunca sai de perto. Mas, meu filho, não posso te garantir nada. Tudo o que sei é que o povo lá foi curado pelos preparados da planta maravilhosa; mas não posso lhe dar mais garantias de que a anciã esteja lá; nem de que com ela, a planta ainda viva.”<br />
<br />
Pedro assentiu e cumprimentou senhor Cosme. Não era discutível que ele descera dali com uma resolução firme.<br />
<br />
Na vila, senhor Homero disparou: “se você está mesmo disposto a perseguir este delírio, suas ideias estão mais murchas do que estas bolas que só servem para importunar o sossego”.<br />
<br />
Dona Filomena disse “rapaz, você está procurando é desculpa para não ajudar sua mãe agora que o trabalho aumentou por ela estar mais fraca”.<br />
<br />
Mesmo seu avô Raimundo não o encorajou; disse que Pedrinho tinha facilidade a ficar sonhando que a vida pode ser diferente, criando modos de vida imaginários na fantasia. Mas a fala mais padrão, repetida por coleguinhas e aldeões, fora:<br />
<br />
- Veja, menino. As folhas aqui são verdes; amarelam quando vão cair. Isso é a natureza do mundo. Não pode não ser igual. O tempo está com secura, nós secamos também; melhoraremos se o tempo mudar. O mundo é o que é; sempre foi e será. Falar de anciã, folha branca, é algo que a necessidade das coisas não pode deixar ser. Escute esta palavra: ra-zo-á-vel. O que você está falando não é ra-zo-á-vel. É como querer uma tabuada diferente.<br />
<br />
Durante a noite o desânimo abateu Pedrinho. O ar ficara enfim mais pesado para ele do que nunca. Mas ele acordou de madrugada. Teve por si que desanimado ou animado, ele iria arriscar e iria ver se realmente as coisas tinham de ser como falavam, ou se todos estavam querendo encaixar a explicação do mundo em uma caixinha apertada e quadrada em que o mundo redondo não cabia, ou deixavam um tantão de arestas de fora. Na conversa final com senhor Cosme, aprendera que o único caminho que lhe levaria até aquele pico de montanha era, aproveitando que a água estava rasa, seguir pela margem do riacho. E partira pela madrugada.<br />
<br />
E tudo concorrera para lhe mostrar que a tarefa não seria nenhuma aventura daquelas cheias de musiquinha de dar coragem. Mas exigiria muito sacrifício da parte dele. Com pouco, perdeu sua sandália ao tropeçar num toco de madeira caído, antes de chegar no riacho, e não o achava no capim alto, pois o céu ainda não estava claro.<br />
<br />
Para piorar... “aaaaai!!!”<br />
<br />
Cortou seu pé em uma pedra afiada no riacho. No outro pé, entrou um espinho que tentando tirá-lo com a unha, fez foi entrar mais. Mosquitos picavam e chupavam do sangue de Pedro. Ele saiu só pensando em chegar logo na montanha, e, com a mente toda remoendo as palavras das pessoas da vila, não levou comida. Não podia sair pra procurar alguma frutinha na mata, por medo de se perder. A ferida do pé ardia. Seus olhos estavam ardendo, secos. Tudo lhe pesava no coração, e se sentia cada vez mais ranzinza também. Não havia cheiro algum na natureza. Com o dia já levantado, a luz do sol sapecava suas costas, suava suor grosso, bebia da aguazinha do riacho quase secando, lavava o rosto pois o suor caia nos olhos já ardidos e embaçava sua visão. E lá ainda longe, a neblina cobrindo o pico da montanha. Pensava na família. Pensava nos gemidos da Mamãe, que ele percebeu estarem abafados pelo travesseiro que ela punha na boca para tentar evitar de assustar e angustiar mais as crianças, e sua tosse seca.<br />
<br />
Grande medo em Pedrinho de tudo ser em vão. De perder Mamãe... ficar os irmãos sem o Papai, sem a Mamãe agora. Perder os avós. Os irmãos e irmãs? Perder todos. Ele mesmo já não sabia se iria durar agora. E outra grande tristeza: de chegar lá, e lá ser lugar nenhum. Não ter essa grande anciã; não ter planta de folha branca. E assim, aquilo tão seco que as pessoas lhe falavam... ser realmente o certo. Elas estarem com a razão.<br />
<br />
O riacho foi ficando estreito, estreito.... de repente largueou. Mas acabou. Ainda faltando um bocado pro alto da montanha, Pedrinho chegara na nascente, no olho d'água. Com um preocupante filetinho de água apenas brotando, quase agonizante. Ele tinha que continuar subindo agora, ou escolher voltar. Seguiu acima, guiado apenas pelo senso de direção que tinha que subir a leste, a norte. Uma hora estava tudo muito inclinado, e tinha de apoiar com as mãos nos joelhos. Fraco, as costas doíam. Fraco, teve de segurar nas pedras, quase já escalando... até cortar também a palma de uma mão em um espinho seco na terra.<br />
<br />
A neblina o cobriu. “Pelo menos as costas refrescaram”, pensou. Não muito consolado. Mas agora ficou assustado. Ele viu. Tinha uma gruta ali, que não parecia grande. Ele queria tanto encontrar... mas agora viu que também tinha medo de encontrar. Começou a se sentir estranho, como se aquilo fosse algo interrompendo a normalidade do seu mundo, do seu modo de ver as coisas se desenrolando, e ele se sentia inseguro de ser, diante daquele inesperado... bem normal. Lembrava-se de que no dia anterior xingara a irmã na discussão. Se sentiu feio.<br />
<br />
Queria encontrar a planta, de todo seu coração. Mas naquela hora, ficou com medo mesmo de, encontrando-a, lhe tocar.<br />
<br />
E se preparava no seu íntimo...a gruta estava vazia? Havia mesmo a tal anciã? Ele se lembrou de que não sabia ao certo o que era uma anciã, lhe vindo à mente a imagem de uma senhora toda cheia de presença, cabelos cinza-claro muito compridos, olhar solene, alta, falando como um trovão. E se ela tivesse morrido? Para ser tão mais velha do que o senhor Cosme...<br />
<br />
Tinha sim alguém. Tinha uma luz lá dentro. Entrou na gruta. Era pequena. Andou com cuidado, meio que tropeçando nuns galhos fininhos que ficavam embaralhados no chão e sem graça, pareciam se espalhar em redor. Olhou ao redor, parede, uma estante de tronco de árvore velha, uma flauta, mas nadado que esperava, que não sabia ao certo, mas na sua melhor esperança, seria um jardim ao fundo com a grande árvore branca.<br />
<br />
Ali estava. Uma pequena senhora. Numa cadeira de balanço. Tomando chá, tricotando. Com um cabelo partido, o rosto que mesmo todo enrugado, fazia lembrar uma criança, não tinha jeito de ser muito cansado. Não era mais alta do que Pedro.<br />
<br />
“Senhora, é uma anciã?”<br />
<br />
_Olá, rapazinho. Posso ser, posso não ser, não fui eu que me dei esse nome. Depende. - respondeu-lhe com uma voz que mais lembrava chuvinha fina batendo no telhado.<br />
<br />
“Ah sim... estou muito cansado. Procurava a planta de folha branca, que diziam estar aqui com a senhora, para curar o povo lá de onde moro; curar minha Mamãe. Subi até aqui, desculpa se a assustei. Me disseram que só poderia estar aqui dentro com a senhora, cuidando dela. Não a vejo.”<br />
<br />
_ Pois sim, rapaz. Você acabou de falar. Não a vê. Tem certeza que existe esta planta diferente?<br />
<br />
“Não, não tenho.”<br />
<br />
_ Ouvi você dizendo, então. Pois sim, não vê nada aqui comigo.<br />
<br />
Ele então se entregou. Prostrado, acabou todo seu ânimo. Chorou e chorou muito. “Então eu enfrentei a zombaria das pessoas, fui humilhado; andei isso tudo sem comer, com muita fome, perdi a sandália, feri meus pés, que estão ardendo muito, mais ainda agora; estou todo coçando de picadas de mosquito; cortei minhas mãos. Estou com as costas sapecando, os olhos sapecando. E tudo isto agora até me rouba as forças para voltar. Todos dizem que este mal horrível vai passar, mas ninguém sabe quando, e o que vai ser de nós até lá? E todos, enfim, por pior que seja, todos tinham razão.”<br />
<br />
E chorava sem consolo, com a senhora escutando tudo. Suas lágrimas caíam nos pés, caiam no chão. Caiu num dos galhos. E ele viu pequenininha, pequenininha, uma pontinha se mexendo. Um cristalzinho, um negocinho igual uma lagartinha, uma plantícula; e com ela uma folhinhazinha enrolada, branquinha, branquinha, do tamanho das manchas que dão nas unhas, e dizem ser sinal de presente chegando.<br />
<br />
“Senhora, digo, Anciã, não sei como a senhora realmente se chama... vejo isto aqui no chão, que brotou ao cair de minhas lágrimas. Se não fosse tão pequeno, queria acreditar ser uma folhinha da planta curadora!”<br />
<br />
- Pois sim, você está vendo?<br />
<br />
Esta pergunta, estas palavras, estalaram na cabeça de Pedrinho. E ele foi seguindo com os olhos o raminho, os galhinhos, trançados no chão, subindo nas paredes... e no alto das paredes, por todo o teto... folhas brancas, gordas e quase prateadas!<br />
<br />
“Mas... é ela, é ela! Eu achei que não existia!”<br />
<br />
_ Mocinho, eu fiquei tão triste quanto você, de pensar que se desiludiu tão fácil, se entregou e estaria até disposto a ir embora, se contentando em me dizer que não vira a planta. Há pouco falava, todo desesperançado, sobre como eram pesadas as coisas que lhe haviam dito sobre o mundo, que ficou muito muito triste das pessoas terem razão. Não tendo ficado curioso em olhar direito e investigar onde as raízes em que você pisava iriam dar, descontente diante da figura da “anciã” que não era o que você tinha se convencido de encontrar, já também entregara a vitória para essas palavras em seu coração. Agora, os seus olhos vêem!<br />
<br />
“E ela realmente tem o poder de curar aquele mal do tempo que passamos?”<br />
<br />
_ Ela tem, meu querido. E para isso, basta apertar uma folha e beber do caldo dela.<br />
<br />
“Posso levar quantas eu quiser?”<br />
<br />
_ Poder, pode. Mas sabe, se arrancar muito... a planta precisa das folhas para respirar, para ter energia... e assim, para curar mais males de outras pessoas ("hu-hum", ele concordou). E você não tem como carregar tanto assim, desperdiçaria no caminho. Primeiro, beba de uma. Você está precisando. Descanse um pouco, vou tratar suas feridas. Aqui também tem pão para você. Depois, leve um pouco para sua mãe, sua família, para aqueles em situação mais urgente. E você terá uma grande responsabilidade: levará algumas mudas, e terá de cuidar delas. Cuidar. Não deixar morrer. E percebeu o segredo? Suas lágrimas, viu o que fizeram, com o raminho brotando? O sereno e a umidade da neblina, no tipo de mineral que é a coisa do que é feito as paredes desta montanha, dão à planta uma água fresca e um pouco salgada. Ela precisa disso, e é com esse tipo de água que ela trabalha para ter suas folhas brancas. Terá que a abastecer com uma água um pouco salgada também, nem precisa muito.<br />
<br />
<br />
Pedro ficara um tempo com a senhora, por quem acabou lhe crescendo um grande carinho e ternura. Lembrou-se para sempre dela. Como se fosse uma mistura da mãe, irmãos, avós, e até do seu Cosme, mas apenas como se fosse, pois quando tentava associar muito, ficava diferente o sentimento, a sensação.<br />
<br />
E ele cuidara e cultivara a planta como ela lhe recomendou. Com as folhas que levou, não teve muito mistério, não precisava de muito preparado, era apertar e pingar na língua para a disposição de ânimo e a boa respiração voltar para quem tomasse. E teve muito o que contar a respeito do mundo, para seus irmãos, e a quem mais estivesse disposto a lhe ouvir.informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-3455438509892713922013-05-27T19:40:00.000-07:002013-05-27T19:40:01.001-07:00Sermão sobre a Trindade - Richard Bauckham<a href="http://richardbauckham.co.uk/uploads/Sermons/Trinity.pdf"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Traduzido diretamente do site pessoal do teólogo, exegeta e historiador.</span></a><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Domingo da Trindade é um dia difícil para os pregadores, os quais muitas vezes temem tentar explicar a ideia de Deus como Trindade. Às vezes é um dia ainda mais difícil para congregações, que têm de ouvir pregadores tentando explicar a Santíssima Trindade.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">É um dia difícil para os pregadores, porque achamos que temos de falar sobre Deus.Você pode pensar que os pregadores estão sempre falando de Deus, mas na minha experiência a maioria dos pregadores realmente falam muito pouco sobre Deus. Eles falam muito sobre o que Deus quer de cada um de nós. Se eles são bons pregadores, eles falam mais do que Deus fez por nós e está fazendo por nós. O quê, afinal, é o Evangelho. Mas eles não falam muito sobre quem é Deus. Talvez deixam isso para a liturgia e os hinos, o que provavelmente não melhor do que sermões geralmente podem ser.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Falar sobre Deus – pelo que quero dizer, não apenas se referir a Deus, mas na verdade tentando dizer quem é Deus - é um daqueles pontos em que a linguagem nos falha. Todos vocês irão conhecer a experiência de querer dizer algo realmente significativo - contar alguém o quão importantes é para você, ou dizer a alguém o quão profundamente você está arrependido - e as frases habituais não estão nada ao alcance do que você realmente quer dizer. As únicas palavras que você pode encontrar são terrivelmente improvisadas, mas por outro lado você deve utilizá-las. Não dizer nada seria pior. Você deve dizer o que você pode e espera que as palavras apontem para o que você não pode realmente dizer.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Temos de falar sobre Deus. Vivemos em uma sociedade que em grande parte esqueceu o que a palavra "Deus" significa . As pessoas pensam que Deus é alguma figura de conto de fadas no céu. Nós não podemos contar com significado da palavra 'Deus' para a maioria das pessoas nada remotamente parecido com o Deus que conhecemos em Jesus Cristo. Precisamos falar sobre quem é Deus. Ao mesmo tempo nós saibamos que palavras não podem resumir a Deus ou selar Deus. Tudo o que podemos fazer é usar palavras que apontam para o que não pode ser dito. É importante falar sobre Deus. É importante, quando falamos de Deus, perceber que Deus é infinitamente mais do que pode ser dito.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A primeira é a simples afirmação: Deus é amor. A afirmação é do Novo Testamento. É uma das coisas mais importantes que a Bíblia diz. E você pode achar que isso é realmente tudo o que se precisa dizer a respeito de Deus: Deus é amor. Não é tão simples declaração o suficiente? O problema é: o que o amor significa? Nós usamos a palavra 'amor' em todos tipos de formas. 'Eu amo bolo de chocolate': é que o tipo de amor que Deus é? 'Fizemos amor': é o tipo de amor que é Deus? Nós dizemos que amamos pessoas, quando o que queremos dizer é uma egoísta, possessiva forma de amor que prejudica as pessoas. O amor pode ser uma obsessão destrutiva. O amor pode ser sentimentalismo auto-indulgente. O amor pode ser vagamente desejar alguém bem. O amor pode ser todos os tipos de coisas ou às vezes nada.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Então, 'Deus é amor' só vai significar alguma coisa se pudermos esclarecer o que o amor de Deus significa. Então chegamos à segunda maneira de falar de Deus. Isto é, falar de Deus, contando a história de amor de Deus para com o mundo. Essa é a forma como a Bíblia explicita o que significa dizer que Deus é amor. Ela nos diz sobre o amor de Deus enquanto a melhor maneira de falar sobre o amor: ela nos diz sobre o amor de Deus na prática. A melhor maneira que você possa saber o que o amor de alguém por você é vendo o que significa na prática. A Bíblia nos diz que tipo de amor que é Deus é contando a história do amor de Deus por nós.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Ela diz como Deus criou o mundo por amor, e a história de como Deus continua a amar o mundo que Ele havia criado e se envolveu com ele em Eeu amor por nós. Ele conta como, mesmo quando rejeitamos o amor de Deus e o mundo de Deus deteriora-se com o mal, Deus ainda continuou nos amando e fez tudo o que podia para salvar-nos do mal e para ganhar o nosso amor por Ele. Essa é a história do Antigo Testamento sobre o envolvimento de Deus com o povo de Israel . É a história que chega a um clímax com Jesus , quando Deus em Seu amor por nós enviou seu Filho para ser realmente um de nós, para viver uma vida humana com a gente e morrer por nós. É a história que continua com a presença amorosa de Deus no Espírito Santo, na igreja, em nossas vidas. A história do amor de Deus pelo mundo continua: somos parte dela.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">A história conta-nos quem Deus é porque contemplamos que tipo de amor é Deus. Deus é amor auto-doador. Ele não apenas senta-se no céu e nos quer bem. Ele se envolve com a gente no seu amor por nós. Ele dá a si mesmo por nós, em caro auto-sacrifício no sofrimento e morte de Jesus por nós. Ele se dá a nós, quando nos dá o seu Espírito Espírito como o dom de si mesmo presente conosco em nossas vidas. 'Deus é amor' significa que Deus dá a si mesmo - por nós e para nós. Essa é a natureza de Deus.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Mas há outra coisa a notar sobre essa história do amor de Deus para com o mundo. Eu somente posso contar esta história, falando sobre Deus como Pai, Filho e Espírito Santo. Eu já tentei fazer diferente. Eu não poderia ajudá-lo. Quando vemos o amor de Deus em ação, não vemos só Deus, o Pai que cuida de nós como um pai para seus filhos. Também vemos Deus o Filho, que nos ama , chegando ao nosso lado, como Jesus, como nosso irmão humano, um de nós, vivendo e morrendo por nós. E também vemos Deus, o Espírito Santo, que vem para o nosso próprio ser, que nos ama, por assim dizer, a partir do interior. Deus, o Pai cuida de nós, nos alimenta, nos protege, nos orienta no seu amor.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Deus o Filho é Deus em amor em solidariedade conosco; Deus, como Jesus, conosco no nosso mundo humano, dando a si mesmo por nós, em sua vida humana e morte. E Deus, o Espírito Santo, é o amor de Deus nas profundezas do nosso ser, compartilhando o amor de Deus para conosco, para que possamos amar com o amor de Deus. É somente porque Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, que Deus pode nos amar da maneira que ele faz. Só porque Deus é Pai, Filho e Espírito Santo, que Deus pode ser atencioso, auto-sacrificial, amor auto-doador.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Então, nós realmente precisamos de todas as três maneiras de falar sobre Deus. Precisamos dizer que Deus é amor. Precisamos contar a história do amor de Deus para com o mundo: o amor de Deus é na prática. Então nós também precisamos dizer: Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. Isto é outra maneira de dizer que Deus é amor, uma outra maneira de contar a história do amor de Deus. Deus nos ama como o Pai, como o Filho e como o Espírito Santo. Então, quando achamos a doutrina da Trindade difícil e confusa, devemos nos perguntar: como poderíamos contar a história de outra forma?</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">No entanto , é preciso dar mais um passo, que é o mais difícil. Eu tenho falado sobre o amor de Deus por nós. Mas se Deus é amor, o amor de Deus deve ser mais do que o seu amor por nós. Deus é amor, em seu próprio ser, para além de nós. Mesmo antes de nós existirmos, mesmo antes de Deus criar o mundo, Deus era o amor em seu próprio ser. Deus não começara a amar quando ele amou sua criação. O amor de Deus por nós é o transbordamento do amor que Deus é eternamente. E isso pode ser assim porque, mais uma vez, Deus é Pai, Filho e Espírito Santo. O ser de Deus é o amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2IdfJiu9tDp3jHEiiv2OtUPYFB6yPoqh1kwzGmbl0DgEB6kLxI8getC2mdcK0RGcZOqtaZHpQy90wvk1Boz9gL6TwC1UpKJ7FSclIedu9z4PI2AuGKK0DyQYRaF_ON6MW0Mbf2wuwGncN/s1600/Trindade.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2IdfJiu9tDp3jHEiiv2OtUPYFB6yPoqh1kwzGmbl0DgEB6kLxI8getC2mdcK0RGcZOqtaZHpQy90wvk1Boz9gL6TwC1UpKJ7FSclIedu9z4PI2AuGKK0DyQYRaF_ON6MW0Mbf2wuwGncN/s320/Trindade.jpg" /></span></a><span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Uma ilustração pode ajudar, mas não é mais do que uma ilustração. Pense em uma família muito amorosa, em que as pessoas são devotadas uma a outra. Mas não é o tipo de família cujo amor é um círculo fechado, excluindo outras pessoas. Este é o tipo de família que está sempre fazendo amizade com outras pessoas. O próprio amor da família está constantemente sendo compartilhado com outras pessoas. Outras pessoas são bem-vindas em casa e sentem que são praticamente parte da família.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Você deve ter deparado com as famílias como essa. Mas isso só acontece quando há realmente o amor dentro da família. Tem de haver amor entre os membros da família para que eles possam compartilhar esse amor com os outros e abrir seus relacionamentos amorosos para abraçar outros. Outros se sentem bem-vindos, eles podem sentir que pertencem à família, porque existe uma família amorosa lá, já. É um pouco parecido com Deus. É o amor eterno em Deus, o amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que Deus compartilha conosco. Quando Deus enviou o seu Filho ao mundo para nos fazer amizade e quando Deus envia o seu Espírito em nossos corações, Deus está abrindo sua própria vida por amor a nós para nos compartilhar consigo. É como ser acolhido na família.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Em conclusão, parece -me que há dois erros que as pessoas normalmente fazem sobre a ideia da Trindade, que eu espero agora que você será capaz de ver que são erros. Uma delas é de que a doutrina da Trindade é uma espécie de especulação teológica rarefeita, o tipo de coisa que os teólogos se divertem com em seus estudos, mas nada tendo ver com a vida cristã real. Pelo contrário, a doutrina da Trindade é o que nós devemos acreditar se realmente compreendemos aquela surpreendente verdade do Evangelho: que o próprio Deus em seu amor realmente viera em nosso mundo como Jesus Cristo e que o próprio Deus em seu amor realmente viera em nossa própria experiência como o Espírito Santo.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">O outro erro é pensar que em uma mera fórmula - Trindade – temos Deus ao alcance de nossas mentes, como se agora nós realmente depreendêssemos Deus. Não, absolutamente. A doutrina da Trindade nos leva ao mistério de quem é Deus, mas não faz explicar ou dissipar o mistério. Quando conhecemos a Deus como Trindade conhecemos verdadeiramente Deus, mas de maneira nenhuma inferimos Deus.</span><br />
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Trebuchet MS, sans-serif;">Deus Trindade é o amor que encontramos em Jesus Cristo e experimentamos no Santo Espírito. Deus Trindade é o mistério do amor que podemos experimentar, mas nunca depreender. </span>informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-13161048899169174922013-05-01T06:30:00.001-07:002013-05-01T06:30:35.815-07:00Primeiro de MaioNossa dica para o feriado de 1º de Maio é o filme "<a href="http://www.cineclick.com.br/index.php/filmes/ficha/nomeFilme/celebracao-dos-anjos-a-historia-de-dorothy-day/id/10761">Celebração dos Anjos: a história de Dorothy Day</a>". É muita infelicidade que no Brasil esta verdadeira Santa - não canonizada por nenhuma instituição eclesiástica - seja tão desconhecida. Com seu exemplo, com mesmo alguns poucos contágios, a religião cristã faria uma diferença muito maior e mais positiva no país, e sem dúvida seu rosto seria outro do que o que se tem apresentado majoritariamente.<br />
<br />
Vale muuuito a pena assistir e procurar conhecer mais sobre ela.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<br />
Na verdade, eu me alegrei em todo o meu trabalho; essa foi a recompensa de todo o meu esforço.</blockquote>
Eclesiastes 2,10b<br />
<blockquote class="tr_bq">
<br />
Eis o que observo: o que melhor convém ao homem é comer e beber, encontrando a felicidade em todo o trabalho que faz debaixo do sol, durante os dias da vida que Deus lhe concede.</blockquote>
Eclesiastes 5,17<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS7PN60V7nq2qFbBZLb5_SmAFRcQgKEuD7pVuoDiumUocnwHEIZnzqqL5XwBpy1jiv_C9IV8WFxOBQL6IJ_IXX20cIOof_0JJF4RIGwQRWbDFhAvg9MaSKEQ9wq01Z5uyx43z_uNBT7KS3/s1600/016menor.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS7PN60V7nq2qFbBZLb5_SmAFRcQgKEuD7pVuoDiumUocnwHEIZnzqqL5XwBpy1jiv_C9IV8WFxOBQL6IJ_IXX20cIOof_0JJF4RIGwQRWbDFhAvg9MaSKEQ9wq01Z5uyx43z_uNBT7KS3/s320/016menor.jpg" width="320" /></a></div>
<br />informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-76405074374646864592013-04-15T20:27:00.000-07:002014-12-18T12:13:44.195-08:00Uma brevíssima história do "Coisa Ruim"<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
Às vezes em algumas
igrejas ele é quase tão mais falado do que o próprio Deus. Há
aqueles que dizem ser seus seguidores ou admiradores. Pipocam por
alguns fóruns teorias sobre a evolução até a configuração
cristã clássica de sua imagem. Muitas delas são chutes. Vamos
fazer uma brevíssima recapitulação da história da emergência do
conceito da figura do Diabo. Vamos ver um pouco como se constituiu na
matriz do cristianismo, o imaginário judaico polimorfo.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Até há um tempo atrás
se jugava que foi algo nascido na interação com o Império Persa,
sob influência da religião de Zoroastro, que advogava dois polos
ontológicos fundamentais, duas forças volitivas em um conflito
cósmico permanente. Hoje tal visão está superada, ainda que se
tenha em mente a contribuição forte deste sistema religioso.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O povo hebreu iria
constituindo seu ideário religioso a partir de experiências de
visionários, da experiência e tradições coletivas do povo, em
influência de interações complexas do seu meio circundante. Em
grande parte queria contrastar com as noções e referenciais dos
vizinhos, sobretudo rivais, contudo, retrabalhavam-nas. Decerto, era
forte a pressão por assimilações de povos muitas vezes mais
estruturados e organizados, de grandes nações e impérios com
mitologias e religiões exuberantes e elaboradas dando sentido às
organizações sociais.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Hoje temos meios
extremamente mais férteis do que há anos atrás para compreendermos
cenários primordiais deste processo, através de muitos documentos
dos povos do Oriente Próximo, como
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
os textos de <i>Ras
Shamra</i>, os manuscritos ugaríticos de <i>M<span style="color: black;">arzēah</span></i>,
os selos de <i>Tell Asmar</i>, o Tratado de <i>Enuma Elish</i>, etc.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8uLxv8GkpNfmLJ7KWIcI9dZjr1BHjUv7NyrnqmxlAmmMVa_02cJq_nusACLYyeZRlAghKUtYH7zsbtDlHwUuBdNeHgwZYQt2dGDkhNuV5dilUjVkpXImtVPP-N51TvMhyphenhyphen39pkJ_DYI2sw/s1600/Baal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8uLxv8GkpNfmLJ7KWIcI9dZjr1BHjUv7NyrnqmxlAmmMVa_02cJq_nusACLYyeZRlAghKUtYH7zsbtDlHwUuBdNeHgwZYQt2dGDkhNuV5dilUjVkpXImtVPP-N51TvMhyphenhyphen39pkJ_DYI2sw/s200/Baal.jpg" height="200" width="100" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Baal </td></tr>
</tbody></table>
Diversos mitos versavam
sobre o conflito da divindade mais saliente do imaginário vencendo
forças mais antigas do caos.<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Uma muito influente
fora a vitória de Baal contra Leviatã, a serpente que aparece em
alguns achados representada com sete cabeças; ou contra Yam (ou o "Juiz Nahar), o mar, o deus
da destruição, ou contra "Mot", rei das profundezas da morte, em que Baal desta forma consegue escapar da sua
morte como destino final e passa a ser doador da vida. Baal era um
vistoso guerreiro, inferior no panteão à figura anciã sapiencial
de El, que sob uma outra forma, era cultuada pelos hebreus, se
mesclando com Y<i>WHW ( Yaweh)</i>, havendo ainda a controvérsia se o nome de Y<i>WHW</i>
chegara de regiões egípcias ou sírias. Baal desafiara a serpente
do caos primordial e da morte, fulgurara aí aclamado como grande
divindade, doadora da vida.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Em outras fontes,
interagindo com outras figuras religiosas poderosas como Gilgamesh,
uma imagem similar a Leviatã aparece como Tiamat ( caldeus –
vencida por Marduk ), Rahab, etc. É impressionante o quão vasta é
esta marca no inconsciente coletivo humano, espalhado por tradições
em diversas regiões, como por exemplo milenarmente na Índia, com a
vitória de Indra sobre a serpente Vishnu.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Contudo, pode-se
conceber uma controvérsia na mentalidade hebreia, de onde se
reformatou a ideia dos vizinhos: o fator mais constrangedor seria que
sua divindade era anterior a qualquer outra, sendo assim, ficaria
embaraçoso conceber que se revoltou contra seres malignos
anteriormente mais poderosos. Desta forma, se inverteu, e estes
seres, poderosos mais inferiores, ora aparecem como insurretos
subjugados, ora como vencidos e dominados por El/Yaweh no ato de dar
forma e ordem ao mundo criado [concomitante, na busca de estabelecer sua identidade própria por contraste com os rivais, a cultura israelita foi associando algumas das divindades principais rivais - também devido a práticas cultuais que era condenada pela ética israelita - com os próprios seres insurgentes].<br />
<br />
Alguns exemplos:</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Jó 26, 10- 13:<br />
Traçou
um círculo à superfície das águas, até aos confins da luz e das
trevas. As colunas do céu tremem e se espantam da sua ameaça. Com a sua força fende o mar e com o seu entendimento abate o
adversário. Pelo seu sopro aclara os céus, a sua mão fere
o dragão veloz.</blockquote>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Salmo 89, 9-10: </div>
<blockquote class="tr_bq">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7kEPU_Q5-9HMGXhgnkon_8F4inIN8LK4dpLSgvLAS24ig4jF3QvD1ymU8dcpoDPCitPODL3Tb518-H7LuCGvyzZ4Lr3Z-bFK2OLR94xPrlNE9Yl-194xwJWOuPaq7CpJkOKZEr31G80c4/s1600/Tiamat.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7kEPU_Q5-9HMGXhgnkon_8F4inIN8LK4dpLSgvLAS24ig4jF3QvD1ymU8dcpoDPCitPODL3Tb518-H7LuCGvyzZ4Lr3Z-bFK2OLR94xPrlNE9Yl-194xwJWOuPaq7CpJkOKZEr31G80c4/s200/Tiamat.jpg" height="146" width="200" /></a>Dominas
a fúria do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as amainas.
Calcaste a Rahab, como um ferido de morte; com o teu poderoso
braço dispersaste os teus inimigos.</blockquote>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Isaías 51.9,10: </div>
<blockquote class="tr_bq">
Por
acaso não és tu aquele que despedaçou Rahab, que trespassou
o Dragão?</blockquote>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Salmo 74.13-17:</div>
<blockquote class="tr_bq">
Tu, com
o teu poder, dividiste o mar; esmagaste sobre as águas a cabeça
dos monstros marinhos. Tu espedaçaste as cabeças
do Leviatã e o deste por alimento às alimárias do
deserto. Tu abriste fontes e ribeiros; secaste rios caudalosos. Teu é o dia; tua, também, a noite; a luz e o sol, tu os formaste. Fixaste os confins da terra; verão e inverno, tu os fizeste.</blockquote>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Se estabeleceu então na religião hebreia essas figuras poderosas mas inferiores à sua
Divindade. Se temia, sobretudo pela associação com o mar, de onde
provinham muitos impérios conquistadores. Mas a concepção de um
estreito interesse com a vida humana era remota ainda. </div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como muitos imaginários
de seu contexto geocultural, os israelitas concebiam o mundo habitado
por espíritos não-humanos, seres sobrenaturais de caráter
diversos. Alguns, como nosso caipora, caboclo d'água, curupira,
armavam emboscadas em bosques, beiras de rios, etc.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Abstraindo sobre o que
já foi abordado, as pessoas articulam seus sistemas simbólicos
sobre as realidades espirituais, transcendentes, sobrenaturais,
mediadas pelo impacto conotativo e carga semântica na representação
de seres, fenômenos e ideias de nosso mundo, e pelas impressões que
lhe são impingidas na vida, no mundo social, na própria natureza.
Assim, muito popular entre os hebreus também era a ideia de “corte
celestial”, sua divindade como Rei. Por exemplo, em expressões de
“buscar a face” do Senhor, a ideia é tomada da busca de se ter
audiência com os reis e serem atendidos por eles. O próprio termo
“El” entre os hebreus às vezes era usado na acepção de uma
mescla do Rei divino e a corte. Nesta corte atuaria um Promotor, um
Acusador, que era um destes espíritos dos quais falamos acima; era
inimigo declarado dos humanos. O nome com o qual mais se sagrou foi
“<i><b>Ha Satan</b></i>”, O Adversário.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sob influência persa,
o que se incrementou, aí então já no judaísmo ( pois as tribos
israelitas do norte foram deportadas pelo Império Assírio nas décadas finais do século VIII a.C. e perderam-se na história, permanecendo o reino do Sul,
Judá (para o qual houvera uma migração maciça de refugiados do Reino do Norte no período imediatamente antecedente), que mesmo com a deportação pelo Império Babilônico nos inícios do século VI a.C.; a
tribo de Judá e juntamente, em grande parte, a de Benjamim,
permaneceu coesa em diversas partes do Oriente Próximo e muitos na
sua terra, com um grande retorno sob o Império Persa a partir da antepenúltima década do século VI numa política de repovoamento sob vassalagem imperial), foi que as
antigas formas monstruosas do caos passaram a ter um papel maior na
vida humana, na história. Se tornaram as senhoras de um mundo
sombrio, para onde iriam pessoas desertadas de Deus; e passaram a
atuar também como adversárias do projeto de Deus para Israel.<br />
<br />
Já
de um processo anterior se desenvolveu a ideia de que povos tinham um
Guardião, e o povo de Israel tinha o Anjo Miguel.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Belial, Baal, se
tornaram os nomes mais populares e difundidos para a grande Força do
Caos. Superior em hierarquia com <i>Ha Satan</i>, aos poucos foram se
fundindo. Temos, dos tempos de Jesus, documentos mais antigos
preservados entre a Seita do Mar Morto, cuja biblioteca em Qunrã
fora uma das maiores descobertas da história da arqueologia, que nos
legam textos em que interagem as crenças em Belial e <i>Ha Satan</i>, ambos
por trás das forças das guerras dos impérios opressores odiados –
em especial, “Manuscritos da Guerra”, da Biblioteca de Qunrã,
capítulo 13.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Com a ideia de Belial e
<i>Ha Satan</i> se fundindo, temos aí um grande ser do mal, com um caráter
de trazer o caos na criação e no mundo, a opressão na geopolítica
e inimigo de cada ser humano, atuando para destruir sua vida e lhe
buscando afastar da comunhão com Deus, ideia já desenvolvida nos
tempos da origem do cristianismo. Onde também veio ganhando corpo
outra dimensão extra para o ser maligno.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Um assunto extenso
seria traçar aqui a polêmica no judaísmo quanto a relação entre
a divindade transcendente ao mundo com o próprio mundo. Deus seria
tão “outro” em relação a este mundo, que como pensar sua
atuação no mundo sem comprometer sua transcendência. De fato, o
judaísmo caminhara para uma concepção monoteísta de caráter
muito mais acentuado do que nos tempos mais antigos e mais ainda no
período que o antecedeu, na religiosidade hebreia.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguxvdBsHGUl4RNhY_roYUrzaaytpTv6chgP7CaEBlRy2L2-kTlS6TxqBuihx5FWZmnFQ-UgmtSA1xZleZGMPv3fWXwDJNmb8ZnPh7dIgbHO1BBkBc2cBQTo36DDVtY-NyjnNikpdKEDlYQ/s1600/Samael.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguxvdBsHGUl4RNhY_roYUrzaaytpTv6chgP7CaEBlRy2L2-kTlS6TxqBuihx5FWZmnFQ-UgmtSA1xZleZGMPv3fWXwDJNmb8ZnPh7dIgbHO1BBkBc2cBQTo36DDVtY-NyjnNikpdKEDlYQ/s200/Samael.jpg" height="200" width="141" /></a>Uma das respostas
(precisaríamos de um bom estudo só para apresentar várias destas
respostas) foi salientar o papel dos anjos. Eram mensageiros e
agentes com uma “procuração” divina, atuando para implementar a
vontade de Deus no mundo e auxiliar os homens nos propósitos
divinos. Mas, diante da constatação do caos e maldade no mundo, uma
“ovelha negra” na família angelical se fez indispensável: o
arquirrival de Miguel (ou Gabriel ou Rafael – que aparecem ou com
menor destaque, ou com grande destaque mas em menos documentos), o
anjo rebelde Samma'el. Um anjo que se rebelara contra Deus e
arrastara muitos consigo, e se prepara para o grande combate final
cósmico (como consta na literatura judaica do tempo das origens cristãs - Jubileus 23,29; Assunção de Moisés 10,1).</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Assim, vemos alternando
entre estes papéis o nome de Belial, <i>Ha Satan</i>, e posteriormente (com
menos aparições em documentos cristãos) Samma'el, para o mesmo
ser, fundidas sua características.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Como testemunho
atestando as raizes antigas das quais brotaram este imaginário,
podemos ver nas passagens que falam da queda espiritual, política e
histórica de alguns grandes reis. Da onde proveio o termo “Lúcifer”,
Filho da Luz. Filho da Luz era o nome dado a Vênus. E era comum os
reis se associarem a astros, sendo Vênus um nome auspicioso. E o
duplo sentido, o sentido cósmico e espiritual presente como alusão
nesta epopeia de queda do rei soberbo, pode ser compreendido em que,
literariamente, estas passagens são intimamente ligadas à
literatura chamada “apocalíptica”; literatura na qual, como vemos ilustrado
no livro “Apocalipse” do cânon do Novo Testamento (temos muitos
“Apocalipses” no judaísmo contemporâneo de então, bem como
presença marcante nos livros veterotestamentários de Ezequiel,
Daniel, Joel, algumas passagens em Isaías, etc.), os traços das
batalhas dos poderes cósmicos por trás do palco da história humana
é marca característica.<br />
<br />
De onde mestres cristãos dos primeiros
séculos viram nesta passagem uma ilustração da queda do Demônio
enquanto um Anjo especial que se revoltou contra Deus, crença já
firmada independentemente delas.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Filho do homem,
levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o
Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito
em formosura.<br />
Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra
preciosa era a tua cobertura: sardônica, topázio, diamante,
turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti
se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste
criado foram preparados.<br />
Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e
te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras
afogueadas andavas.<br />
Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia
em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti.<br />
Na
multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de
violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de
Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras
afogueadas.<br />
Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te
lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.</blockquote>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Ezequiel
28:12-17</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
</div>
<blockquote class="tr_bq">
Como caíste desde o
céu, ó estrela da manhã, Filho da Aurora! Como foste atirado à terra, subjugador das nações!<br />
E no entanto, dizias no teu coração:
Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono,
e na montanha da Assembléia me assentarei, nos confins do
norte.<br />
Subirei sobre até o céu, e serei semelhante ao
Altíssimo.<br />
E contudo foste precipitado ao Sheol, ao mais profundo
do abismo.<br />
Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e
dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia
tremer os reinos?</blockquote>
Isaías 14:12-16<br />
<br />
Entremeado a esta passagem de Isaías, vê-se o pano de fundo de antigas tradições, constando com uma antiga divindade de sistemas históricos caananitas: <i>Shahar</i> = Aurora, e disputas por poder na corte da divindade máxima do panteão,<i> El</i>, que culminou com o desdouro do desafiante sacrílego no mundo da morte. A memória destas sagas vem reproduzida aqui num poema profético que interpreta a vaidade e quebra do poder de um rei conquistador soberbo.<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bibliografia Consultada:</span></b></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Flusser, David.<i>
Judaismo E As Origens Do Cristianismo</i>, V.2. Capítulo 8, “O
Magnificat, o Benedictus e o Manuscrito da Guerra”. Rio de Janeiro: Imago, 2001.
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Foster, Benjamin R.
<i>Before the Muses: An Anthology of Akkadian Literature.</i> Bethesda, CDL,
2005
</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Kelly, Henry Ansgar.
<i>Satan: uma biografia. </i>Rio de Janeiro: Editora Globo, 2008.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Mettinger, Tryggve. <i>O
Significado e a Mensagem dos Nomes de Deus na Bíblia. São Paulo: </i>Ed.
Academia Cristã, 2008.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br />
Smith, Mark S. <i>O Memorial de Deus: História, memória e experiência do divino no Antigo Israel. </i>São Paulo: Paulus, 2006.<br />
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Sparks, Kenton L.
<i>Ancient Texts for the Study of the Hebrew Bible: A Guide to the
Background Literature</i>. Peabody, Mass.: Hendrickson, 2005.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Wray, T. J., e Gregory
Mobley. <i>The Birth of Satan: Tracing the Devil’s Biblical Roots. </i>New York: Palgrave
Macmillan, 2005.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-30904008890798055522013-03-29T14:11:00.000-07:002013-03-29T14:11:07.633-07:00Sexta-feira da Paixão - Reflexões sobre Honra<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/VFlzM46aS58" width="560"></iframe>informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-51105061193071124402013-03-03T15:55:00.002-08:002013-03-03T16:04:54.074-08:00Ciência, Metafísica e Estética<br />
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
A <a href="http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/os_primordios_dos_debates_de_einstein_com_niels_bohr.html">Scientific American Brasil publicou em seu portal</a> este formidável texto de George Musser, onde ele versa sobre os “<i>E</i><em>instein Papers Project” </em>que contêm mostras das posições de Einstein dentro do panorama geral do clássico debate com <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Niels_Bohr">Niehls Bohr</a> a respeito da física quântica. </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
Este debate famoso (de Einstein: "<i>se sem perturbar de modo algum um sistema, pode-se prever, com certeza, o valor duma quantidade física, existe um elemento de realidade física relativo a este sistema, que corresponde a esta quantidade física</i>") abriu as cancelas para uma das controvérsias mais acirradas da ciência básica, a do instrumentalismo do Bohr, em que a probabilidade quântica é uma propriedade intrínseca e a indeterminação está no real ( para ele, as teorias científicas sendo apenas instrumentos convenientes para permitir predizer fenômenos e serem úteis para correlacionar o que se observa com o controle técnico, e o debate quanto ao rigor e acurácia delas não é no nível do que a realidade realmente é - pois em si mesma é inapreensível - , mas no nível da linguagem mais apurada e consistente sobre ela) e o determinismo ontológico de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Bohm">David Bohm</a> em que a incerteza é oriunda da inevitável ignorância devido a não se ter o instrumental necessário para acessar experimentalmente as "variáveis escondidas" (para ele, as teorias científicas realmente descrevem a realidade, que embora tenha manifestações locais indeterministas, no todo é determinista, fechada na cadeia de causa-efeito, só que descobre-se que ela possui variáveis intrinsecamente ocultas).</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
É o debate do positivismo (Borh) contra a epistemologia (Bohm). </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz1c1g6lIb7T9mxHhqHfj-j837x06Csa7iQIorWS5WO1_54yL1h1kqvIz8Fy5xbP-ErcYBeqppDxQwFbv6qHrvDu6yhVa0xbVNfeE_4GC3s09WsJxKnktiCxvi6qjVJjTEmt1AXUatFtuj/s1600/siga-me+Wang+Qingsong.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="128" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz1c1g6lIb7T9mxHhqHfj-j837x06Csa7iQIorWS5WO1_54yL1h1kqvIz8Fy5xbP-ErcYBeqppDxQwFbv6qHrvDu6yhVa0xbVNfeE_4GC3s09WsJxKnktiCxvi6qjVJjTEmt1AXUatFtuj/s320/siga-me+Wang+Qingsong.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"siga-me", fotografia por Wang Qingsong</td></tr>
</tbody></table>
Para Bohr, "não existe mundo quântico. Existe apenas uma descrição filosófico-quântica abstrata. É errado pensar que a tarefa da física seja descobrir como é a natureza. A física se preocupa com o que podemos dizer sobre a natureza", em "<a href="http://www.amazon.com/The-Philosophy-Quantum-Mechanics-Interpretations/dp/0471439584"><i>T</i><em>he Philosophy of Quantum Mechanics</em></a>", de M. Jammer.</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<strong>Tal debate nunca foi resolvido em termos de julgamento das evidências, comprovação, corroboração, contra-exemplos. Os julgamentos entre os cientistas entre a controvérsia evoca critérios metafísicos e mesmo estéticos. Decidem em termos de qual postulado é mais elegante, ou que possui maior poder explicativo para um número maior de fenômenos, etc.</strong></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
Eu me identifico com uma posição recente, que integra alguns pontos de cada, ( como o faz também o<a href="http://www.icranet.org.br/"> Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica - ICRA</a>); adoto a visão de que emergem na realidade diversos níveis de eventos, processos e componentes com princípios de organização próprios e que se influenciam mutuamente no todo maior. A abertura caótica criativa ao meu ver está na própria realidade, mas a realidade não pode ser decifrada manifestamente direta. Sou Realista Crítico, caindo mais para o crítico, porém: pode-se ter acesso à escopos da realidade (mesmo que a galera Copenhague diga que não), ainda que não seja representada de forma diretamente objetiva, mas pode ser conhecida parcialmente e representada ainda que imperfeitamente. Ocorrerá sempre uma "distorção". </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
Assim, está mal-direcionada a busca para um modelo e consequente linguagem universal para todos os fenômenos, que muitos cientistas acreditam ser uma "missão", autônomo ante as peculiaridades do processo abordado. </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<span style="font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">Disto decorre que o Real é muito mais rico e fecundo do que cabe no claustro positivista. Não podemos pautar o que "É” com um "Só Pode Ser Assim" derivado do que achamos "Normal". Nosso questionamento tem de ser no sentido de "o que lhe faz pensar que seja assim?".</span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<span style="font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;"> </span></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
Vez ou outra retomo leituras de "<em><a href="http://books.google.com.br/books/about/Incertaine_R%C3%A9alit%C3%A9.html?id=eM9AVmG2zcMC&redir_esc=y">Uma Incertaine Réalidaté</a></em>", de Bernard d'Espagnat, que de certa forma acompanha uma avaliação balanceada da controvérsia, de linha realista critica, embora esteja inclinado de foma mais matizada para Copenhague. Foi uma das leituras mais apaixonadas que fiz de um livro sobre divulgação popular de física teórica e cosmologia, e considero uma obra que nos conduz a encaramos o Universo com o assombro do "Numinoso", sobre o qual <a href="http://books.google.com.br/books?id=ukGb5It9mU0C&pg=PA64&lpg=PA64&dq=Rudolf+Von+Otto+numinoso&source=bl&ots=HapXi2RZem&sig=r6JKOnTQmY1WNkzRhuPUOZUWzLw&hl=pt&sa=X&ei=c-IzUeuGHoy89QT-l4DgCg&ved=0CD0Q6AEwBA#v=onepage&q=Rudolf%20Von%20Otto%20numinoso&f=false">Rudolf Von Otto </a>escreveu tão poderosamente. </div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
As traduções do francês aqui são livres, com ajuda indispensável do dicionário (imagine-se o que é ler e reler sob estas condições =P):</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
Ao contrário do caso com a física clássica, com sua divisão em campos e parcelas que são consideradas um reflexo da realidade, os 'objetos' de referência da física quântica são insólitos. Partículas quânticas agem de forma imprevisível e indeterminada e muitas vezes não possuem propriedades palpáveis ou detectáveis que permitam estabelecer sua localização espacial, nem sobre margens de energia limitada, nem seu sentido de rotação. Eu me atreveria inclusive a dizer que essas formas misteriosas não são outra coisa do que noções que nós temos elaborado para representar o nosso mundo empírico.</blockquote>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
Ele conclui em termos gerais que, conquanto as implicações físicas da teoria quântica sugerem que o conhecimento científico nunca verdadeiramente descreve a realidade de maneira puramente objetiva, independente dos meios de mentalização, a necessidade conceitual é de redefinir a realidade definitiva por uma "realidade velada”'. "_<i>A única resposta que eu sou capaz de fornecer é que subjacente a esta realidade empírica está uma misteriosa e não-conceituável 'realidade última', não incorporada no espaço e (provavelmente) não no tempo também</i>."</div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 12.727272033691406px; line-height: 19.488636016845703px;">
Então, nenhum dos seguimentos do saber humano hoje é suficiente para nos endereçar na "caça" ao real, reivindicando serem as vias cognitivas únicas de acesso ao Ser. "Teoria do Tudo"? Um sonho vago e distante. Talvez com necessidade de ser "re-focado". A melhor tarefa da explicação científica é impedir fantasia descuidada e a especulação desenfreada, suscitando coerência para os cenários ontológicos.</div>
informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-933244517791112502013-01-06T15:08:00.002-08:002013-03-03T16:04:23.435-08:00O Desafio de Bonhoeffer: A Crise da Religião e a Autonomia do Mundo (Parte II)<blockquote class="tr_bq">
Ser cristão não significa ser religioso de certa maneira, tornar-se alguém (um pecador, um penitente ou um santo) com base em alguma metodologia, mas significa ser pessoa; Cristo não cria em nós um tipo de ser humano, mas o próprio ser humano. 16.7.45 </blockquote>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI8E0avSpZWNYLzrrF0W20biZ5rI0qiNfoesEelb8y2ONOD-MEf-t1oKMjTK7TF5-vPjso8Yg6g9Fy8M38A8vmEBkcNBlHC3SfagDAikL0IiIX-VInZsHcntzXZ7jwYhe3EJZ94bH61zvF/s1600/espiritualidade+light.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a>Um fenômeno é muito constatado em locais com situações: emergente ascensão de classes sociais em novas condições econômicas mais favoráveis, mantendo-se contudo uma estrutura desigual ou que marginaliza muitos outros componentes da sociedade circundante – onde se vê religiões ainda com um forte cumprimento de função de conferir coesão social mínima a este estado de coisas. Às camadas mais altas e/ou ascendentes, justificação, sendo favorecida pelos poderes espirituais que lhe dão pleno direito e se comprazem em estar na sua condição favorecida, lhes outorgando todos os méritos – desde que cumpridas algumas condições rituais e obrigações para com os líderes religiosos e sua instituição. Para as camadas mais baixas, a ideia de algo em si e na sua vida que fez com que não tenha mérito em ter seu quinhão no bolo – que é bom lembrar, não é para a todos mas, no discurso, é “para qualquer um” - e que expurgar-se na frequência dos rituais, as portas poderão ser abertas. Os que conseguiram seu lugar ao sol satisfizeram as forças espirituais. Há ainda meios, oportunidades, possibilidades, recursos, que o mundo produziu para proporcionar mais bem-estar e alívio, para pessoas das camadas mais baixas e também para aquelas de extratos médios ascendentes ou já tradicionais, que não estão ao seu alcance; diferente de outras épocas, é inadmissível aceitar que se tenha produzido condições no mundo hoje de superar a situação em que se encontra (ou atingir uma dada condição anelada), mas não esteja acessível para a pessoa.<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI8E0avSpZWNYLzrrF0W20biZ5rI0qiNfoesEelb8y2ONOD-MEf-t1oKMjTK7TF5-vPjso8Yg6g9Fy8M38A8vmEBkcNBlHC3SfagDAikL0IiIX-VInZsHcntzXZ7jwYhe3EJZ94bH61zvF/s1600/espiritualidade+light.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; display: inline !important; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI8E0avSpZWNYLzrrF0W20biZ5rI0qiNfoesEelb8y2ONOD-MEf-t1oKMjTK7TF5-vPjso8Yg6g9Fy8M38A8vmEBkcNBlHC3SfagDAikL0IiIX-VInZsHcntzXZ7jwYhe3EJZ94bH61zvF/s1600/espiritualidade+light.jpg" style="cursor: move;" /></a><br />
As crenças prometem meios mágicos ou místicos diversos para se obter o que se anseia. Tais crenças e sistemas religiosos podem estar mais ou menos organizadas, centradas em templos, comunidades, ou podem ser menos sistematizadas e de adesão mais individualista e não associada, podem remeter-se mais a divindades, ou a conceitos mais etéreos; englobam versões adaptadas de religiões tradicionais, crenças exotéricas ligadas a autoajuda, misticismos com apropriação de termos e conceitos científicos, arengas mais vagas com empréstimos de filosofias zen, etc.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9rq6x7Y_sK8uULzFpvQhtbos5jXwXxoPFd08JvSrRJtPJu6eZBwusa-impk8MqL0YkFojBfE46EN1Gswv0zQOrCYuhP7WeeqrYCzUReV6HNvKtSw6rvfj-x-yhb2W_L29-0lY89w8l7L/s1600/Jesus+neopentecostal.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br /></a>No caso cristão, a chamada Teologia da Prosperidade e semelhanças, em igrejas carismáticas em confissões tradicionais ou igrejas neopentecostais, constitui-se o exemplo do discurso religioso mais adaptado e sintonizado com o espírito e verniz do caráter social de nosso sistema e nosso tempo. Estimula desejos de se pautar existencialmente encontrando satisfação com as exigências culturais para o bom funcionamento da economia e estabilização política dela. É a mais bem adaptada, ajustada, consubstancial e integradora para os indivíduos na lógica, nos mecanismos de incentivos, recompensa, vergonha, autossatisfação e marginalização do sistema. Não se admira que assim, sejam as numericamente e materialmente mais bem-sucedidas. Propiciam meios para catarses individuais e coletivas ante as frustrações e stress do cotidiano na sociedade atual. Se norteiam e caracterizam-se pelas funcionalidades descritas mais logo acima. Exigem muito pouco em termos de constituição de racionalidades e corpos doutrinários que possam se chocar com o que é essencial na organização capitalista. Ao mesmo tempo criam uma certa agregação social sem confrontar o atomismo social da sociedade de consumo. O ideário religioso é adequado, apropriado e trabalhado para servir como ponte entre a a estrutura socioeconômica e os fetiches e ideias catalizadores para o comportamento que mantêm o funcionamento regular do sistema. Há um estímulo à aplicação intelectual pragmática no que é tocante ao sucesso material e sucesso nos padrões hierárquico-simbólicos do sistema social. Há um grande desestímulo intelectual, e mesmo o fomento a um obscurantismo subcultural pró-ativo, no engajamento ante a apreensão cognitiva analítica/sistematizadora das estruturas e processos naturais, sociais e culturais.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9rq6x7Y_sK8uULzFpvQhtbos5jXwXxoPFd08JvSrRJtPJu6eZBwusa-impk8MqL0YkFojBfE46EN1Gswv0zQOrCYuhP7WeeqrYCzUReV6HNvKtSw6rvfj-x-yhb2W_L29-0lY89w8l7L/s1600/Jesus+neopentecostal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="189" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9rq6x7Y_sK8uULzFpvQhtbos5jXwXxoPFd08JvSrRJtPJu6eZBwusa-impk8MqL0YkFojBfE46EN1Gswv0zQOrCYuhP7WeeqrYCzUReV6HNvKtSw6rvfj-x-yhb2W_L29-0lY89w8l7L/s320/Jesus+neopentecostal.jpg" width="320" /></a></div>
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É onde reside um ponto a que remetemos a conjuntura de Bonhoeffer e sua provocação. Fazendo uma sintética recapitulação do contexto: Bonhoeffer fazia parte de um conjunto articulado de teólogos e lideranças pastorais que se insurgiram contra uma síntese religiosa cristã predominante em seu tempo que desembocou na adesão ao programa oficial do Partido Nacional Socialista, embora não fosse o horizonte definido dela. A chamada escola do “liberalismo teológico”, embora devamos tomar cuidado porque a experiência e tradição histórica do “liberalismo teológico” é muito mais ampla e rica do que essa delimitação.<br />
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJEcx7Vb5l2kn6haV5TPlahXfFBfwCjatx4Ac8LU7wzVe__CtBiRIawfwVFS9QzeCNXEvNjKlgg-A7fLSAvBxEuTTnii-uw01XitJZ1CRuJsFx_7kckXnE4hyv7LWNa9M64jCBr2lyhwP9/s1600/Epifania+I+Adora%C3%A7%C3%A3o+dos+Magos+Gottfried+Helnwein.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJEcx7Vb5l2kn6haV5TPlahXfFBfwCjatx4Ac8LU7wzVe__CtBiRIawfwVFS9QzeCNXEvNjKlgg-A7fLSAvBxEuTTnii-uw01XitJZ1CRuJsFx_7kckXnE4hyv7LWNa9M64jCBr2lyhwP9/s320/Epifania+I+Adora%C3%A7%C3%A3o+dos+Magos+Gottfried+Helnwein.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Epifania I :Adoração dos Magos" - de Gottfried Helnwein</td></tr>
</tbody></table>
Se constituía na “Religião do Sistema”: ao mesmo tempo que se propunha a uma “simplificação dogmática” que entendiam obstaculizar a mensagem principal da fé cristã, a “fraternidade universal”. Enfatizavam o caldeirão de potencialidades positivas que era o homem. Incorporaram a teologia a conceitos idiossincráticos da conjuntura moderna, como o Progresso Histórico Imanente e Inexorável. Seus conclames giravam em torno da concepção de uma “religiosidade inata” no ser humano, que seria ali configurada e canalizada para promover a unidade espiritual da nação. Serviria para dar suporte motivacional para o senso de dever dos cidadãos às instituições nacionais. Desta forma, a teologia ficava submissa à agenda dos aglutinadores ideológicos da conjuntura que, embora condicionada, era vista e propalada como universalista e realizadora da história.<br />
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Em reação a isto se constituiu a Igreja Confessante, que reafirmava princípios fundamentais do cristianismo e os contrapunham à pregação da Igreja Oficial de coadunar o cristianismo à ideologia do Estado, usando o Evangelho para se contrapor. Contudo, Bonhoeffer foi se contrariando por ela se afirmar em linguagem e conclames apolíticos especificamente religiosos internos à igreja.<br />
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As tentações dos cristãos que não se conformavam ao “liberalismo” a isto era o fundamentalismo, ou uma negação incondicional da modernidade em todos os pontos que se considere que a fé tradicional se sentisse constrangida; este é um aspecto. Outro aspecto é a religião buscar dimensões compartimentadas que estivessem “seguras” da autonomia do mundo. Também, que se buscasse usar de artifícios psicológicos para inculcar desespero interior, pânico ante a vida e fraqueza mental nas pessoas para elas terem como último recurso se escorar no discurso religioso. Podemos ver que são “tentações” frequentemente usadas como ferramentas estratégicas para diversas igrejas e pregadores. <br />
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<blockquote class="tr_bq">
Onde há saúde, força, segurança, simplicidade, eles farejam um fruto maduro para roer ou pôr seus ovos ruinosos. Seu objetivo inicial é levar o ser humano ao desespero interior, e então a parada está ganha. (…) Considero como o ataque da apologia cristã à maioridade do mundo primeiro como sem sentido, segundo como deselegante, terceiro como não cristão. Sem sentido, porque ele me parece como a tentativa de fazer retroceder à puberdade uma pessoa que se tornou adulta, ou seja, torná-la dependente de coisas das quais ela, de fato, não mais depende, lançá-la em problemas que para ela, de fato, não são mais problemas. Deselegante, porque aí se tenta explorar a fraqueza de uma pessoa para fins estranhos a ela, com os quais não concordou livremente. Não cristão, porque Cristo é confundido com um certo estágio da religiosidade do ser humano, ou seja, com uma lei humana - 8. 6. 44</blockquote>
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Onde ele bradara o seu desafio profético que abre nossa reflexão. Uma chamado a um cristianismo “arreligioso” [diferente de irreligioso]. Sem Deus como tapa-lacunas do conhecimento, abstendo-se e prevenindo-se do obscurantismo; sem religiosidade como muleta, alienação escapista ou como em contraparte, argamassa social; sem usar do recurso de forçar alguém ao desespero eminentemente emocional [citar]; incitar à postura altera, responsável, consciente e madura no mundo. O engajamento em Cristo ser embebido e estar imanente no encarar e lidar da vida social, familiar, política, econômica, sabendo lidar com os termos a que estas esferas se propõem por si mesmas, não querendo acrisolar em particularidades da linguagem religiosa . Não promover nem a identificação, nem a clivagem, entre “<i>espaço sagrado</i>” e “<i>espaço profano</i>”. “(...)<i> aprender a con-viver”: (…) não se postar como espectador, avaliador, juiz fora dos processos da vida; con-viver (…) a partir da plenitude dos motivos vitais” e “na plenitude das tarefas e dos processos concretos da vida com a sua infinita diversidade de motivos”. </i><br />
- De seu livro "<a href="http://www.editorasinodal.com.br/produto.php?id=136">Ética</a>".<br />
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As disciplinas espirituais, sacramentos, oração, leitura e estudo da Bíblia, louvor, etc., são vistos não como um ponto de aparte do mundo, mas como para dar força pulsional para o serviço no mundo. A isto ele retomava o conceito de “<i>disciplina arcana</i>”, em que as disciplinas eram algo a se guardar com cuidado na comunidade de fé e ministrado àqueles que se compromissaram com o caminho cristão, para se alimentar de sua essência, e não ser profanada servindo como atração cultural para o mundo. Atentando para Deus como participando, sofrendo na história e compartilhando das lutas nela, não como apartado ou, por outro lado controlando tudo como um Titereiro Transcendente. “<i>Deus deixa-se empurrar para fora do mundo até a cruz. (…) A religiosidade do ser humano o remete, na sua necessidade ou aflição, ao poder de Deus no mundo, Deus é o deus ex machina [ i. e., “o deus que surge mecanicamente”]. A Bíblia remete o ser humano à impotência e ao sofrimento de Deus; somente o Deus sofredor pode ajudar</i>”. <b>16.7</b> “<i>Pessoas buscam Deus na sua necessidade (…) cristãos ficam com Deus na Sua paixão</i>” - do poema “Cristãos e pagãos”- constante em "Resistência e Submissão".<br />
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<blockquote class="tr_bq">
A igreja deve sair de sua estagnação. Devemos voltar ao ar livre do confronto espiritual com o mundo. Devemos correr o risco inclusive de dizer coisas contestáveis, se isso possibilita levantar questões de importância vital. Como 'teólogo moderno”, que entretanto leva ainda consigo a herança liberal, sou obrigado a tirar de debaixo do tapete tais questões. Entre os jovens, não haverá muitos que consigam reunir em si as duas coisas. Cartas do Cárcere, 3-8-1944.</blockquote>
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<br />
O cristianismo está hoje aguda e profundamente re-confrontado com isto. De forma inapelável e impossível de escamotear e postergar. Como peitar de frente a instigação a esta responsabilidade, não tendendo à queda pragmática/utilitarista das práticas da Teologia da Prosperidade e Apelações de Manipulação Emotivista que tanto “sucesso” (por enquanto) fazem? <br />
<br />
Encontramos tentações no caminho semelhantes: em um extremo, ser pautado pela busca de “relevância”; não há algo que fica ultrapassado mais rápido do que o “relevante”. Em outro extremo, se “refugiar” centrando-se novamente na dita “salvação individual”.<br />
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<blockquote class="tr_bq">
Redenção significa agora redenção das preocupações, das aflições, dos medos e anseios, do pecado e da morte em um além melhor. Mas seria isto de fato o essencial da proclamação de Cristo nos evangelhos e em Paulo? Discordo disso. A esperança cristã na ressurreição diferencia-se das mitológicas pelo fato de remeter o ser humano à sua existência sobre a terra de maneira inteiramente nova e radicalizada em relação ao Antigo Testamento. Diferentemente dos devotos dos mitos de redenção, a pessoa cristã não tem sempre ainda à disposição uma última escapatória das tarefas e dificuldades terrenas para dentro da eternidade, mas tem de degustar plenamente a vida terrena, assim como fez Cristo ('meu Deus, porque me abandonaste?') e somente ao fazer isto o Crucificado e Ressuscitado estará com ela e ela, por sua vez, estará crucificada e ressuscitada com Cristo. O aquém não pode ser abolido prematuramente. Neste ponto, o A.T. e o N. T. Permanecem unidos. - 27.6.44</blockquote>
<br />
E como poderemos a delinear contornos para propostas? Creio que de forma primária, os primeiros passos devem ser dados analogamente ao que conhecemos como “via apodítica”: antes de sabermos “o que é”, sabermos “o que não é”. E para auxiliar nisto, tomarei como um brevíssimo estudo de caso iluminador, um “causo” pitoresco dos tempos dos juízes no povo hebreu, extraído do livro homônimo constante na Bíblia, “Juízes”. Elucida enormemente em que termos tem-se grande parte dos fenômenos de “conversão” e adesão religiosa no rosto majoritário das igrejas hoje.<br />
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Livro dos Juízes, capítulo 17:<br />
<br />
“<i>Este homem, Micas, tinha uma casa de Deus; ele fez um 'efod' e 'terafim', e deu a investidura a um dos seus filhos, que veio a ser seu sacerdote. </i><br />
<i>(…) </i><br />
<i>Havia um jovem de Belém, em Judá, do clã de Judá, que era levita [ i. e. da tribo de Levi, dedicados a organizar e ministrar o culto e louvores] e residia ali como estrangeiro. Esse homem deixou a cidade de Belém, em Judá, para estabelecer-se como estrangeiro onde pudesse. No curso da sua viagem, chegou à montanha de Efraim, à casa de Micas, que lhe perguntou: 'De onde vens?' _ Eu sou levita de Belém de Judá – respondeu-lhe. _Ando em viagem a fim de me estabelecer como estrangeiro onde puder.</i><br />
<i>'Fica comigo', disse-lhe Micas. 'Sê para mim pai e sacerdote e te darei dez siclos de prata por ano, vestuário e sustento'. O levita foi. Concordou em ficar com este homem, e jovem foi para ele como um dos seus filhos. Micas deu a investidura ao levita, e o jovem se tornou seu sacerdote e ficou morando na casa dele. 'E agora', disse Micas, “eu sei que Yahweh me fará bem, porque tenho um levita como sacerdote</i>'. ”<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFh0cQalA7L1k-6fluU7rsFfWNMJbCRoS7SMV2gIwbfGOZ7Wb18wE6WblTEPyeXwWBah3CkhyphenhyphenlzGviT0z9mxIUvK_wzT7u8MryZLXNraiGWMC6ovAJwxfAeoQLjvHpGpBK57V3t-1wS59Q/s1600/teologia-da-prosperidade.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFh0cQalA7L1k-6fluU7rsFfWNMJbCRoS7SMV2gIwbfGOZ7Wb18wE6WblTEPyeXwWBah3CkhyphenhyphenlzGviT0z9mxIUvK_wzT7u8MryZLXNraiGWMC6ovAJwxfAeoQLjvHpGpBK57V3t-1wS59Q/s1600/teologia-da-prosperidade.jpg" /></a></div>
Veja-se bem. Com símbolos, amuletos, ritos e sacerdote profissional, a pessoa domestica Deus pactuando que ele sirva para lhe conferir boa sorte. Reduzira as incertezas inerentes da vida e se associara com poderes mágicos para ela adquirir uma lógica mais segura para se estabelecer nela. Está configurado o convênio, o contrato.<br />
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Adiante no livro, vemos um grupo de batedores de uma tribo à procura de uma terra para invadir, conquistar e se estabelecer. Eles se deparam com as terras e bens de Micas, e com o jovem sacerdote. Posteriormente, regressando do combate, os cinco batedores conduzem um contingente armígero do clã para as posses de Misã, mostrando-lhes os amuletos, símbolos e acessórios religiosos. Eles decidem se apropriar dos mesmos e acabam levando também o sacerdote, primeiramente constrangido por ameaça, e logo a seguir contente por persuasão de se tornar mais importante, trabalhando por toda uma tribo. Agora, Deus está amarrado a um contrato social em um jogo místico para conferir sucesso e chauvinismo.<br />
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"<i>E enviaram os filhos de Dã, da sua tribo, cinco homens dentre eles, homens valorosos, de Zorá e de Estaol, a espiar e reconhecer a terra, e lhes disseram: "Ide, reconhecei a terra." E chegaram à montanha de Efraim, até à casa de Mica, e passaram ali a noite. E quando eles estavam junto da casa de Mica, reconheceram a voz do moço, do levita; e dirigindo-se para lá, lhe disseram: "Quem te trouxe aqui? Que fazes aqui? E que é que tens aqui?" E ele lhes disse: _ Assim e assim me tem feito Mica; pois me tem contratado, e eu lhe sirvo de sacerdote. Então lhe disseram: "Consulta a Deus, para que possamos saber se prosperará o caminho que seguimos." E disse-lhes o sacerdote: _Ide em paz; o caminho que seguis está perante Yahweh</i>". Juízes 18:2-6<br />
<br />
""'<br />
<i>Entrando eles, pois, em casa de Mica, e tomando a imagem de escultura, e o éfode, e os terafins, e a imagem de fundição, disse-lhes o sacerdote: _ Que estais fazendo? E eles lhe disseram: "Cala-te, põe a mão na boca, e vem conosco, e sê-nos por pai e sacerdote. E melhor ser sacerdote da casa de um só homem, do que ser sacerdote de uma tribo e de uma família em Israel?"<br />
Então alegrou-se o coração do sacerdote, e tomou o éfode, e os terafins, e a imagem de escultura; e entrou no meio do povo.</i> Juízes 18:18-20<br />
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A “conversão” religiosa como disfarce para um contrato de conveniência. É assim que muitas pessoas têm se "convertido", transformando Deus em um ídolo. O quanto é necessário resguardar este tipo de religião?<br />
<br />
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<blockquote class="tr_bq">
Mas se não conseguir levar a pessoa a encarar e caracterizar sua felicidade como sua desgraça, sua saúde como sua doença, sua força vital como seu desespero, então o latim dos teólogos se esgota. Trata-se, então, de um pecador empedernido de natureza especialmente perversa ou de uma existência 'burguesa saturada', e o primeiro está tão distante da salvação quanto o segundo. Olha, esta é a postura contra a qual eu me defendo. (…) Jesus nunca questionou a saúde, a força, a felicidade de um ser humano como tais e as considerou uma fruta podre; do contrário, porque ele teria restabelecido a saúde dos doentes, devolvido a força aos fracos? Jesus reclama para si e para o reino de Deus toda a vida humana em todas as suas manifestações - 30.6.44</blockquote>
<br />informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-88638797003430665602013-01-06T14:46:00.002-08:002013-07-19T17:21:58.506-07:00O Desafio de Bonhoeffer - A Crise da Religião e a Autonomia do Mundo ( Parte I)<blockquote class="tr_bq">
O movimento em direção à autonomia humana (refiro-me à descoberta de leis segundo as quais o mundo vive e dá conta de si mesmo nas áreas da ciência, da sociedade e do Estado, da arte, da ética e da religião) que iniciou por volta do século XIII – não quero entrar na discussão sobre o momento exato – chegou a uma certa completeza na nossa época. O ser humano aprendeu a dar conta de si mesmo em todas as questões importantes sem apelar para a 'hipótese Deus'.<br />
(…)<br />
Assim como no campo científico, também na esfera humana em geral 'Deus' está sendo afastado cada vez mais da vida; ele está perdendo terreno. Ora as visões católica e protestante da história concordam que se deva ver nesse processo a grande apostasia de Deus, de Cristo, e quanto mais elas se valem de Deus e Cristo e os jogam contra esse desenvolvimento, tanto mais este se compreende como anticristão. O mundo que chegou à consciência de si mesmo e de suas leis vitais está a tal ponto seguro de si mesmo que ficamos inquietos com isso. Desvirtuamentos e insucessos não conseguem deixar o mundo inseguro quanto à necessidade de sua caminhada e seu desenvolvimento; (…).<br />
Ora, a apologia cristã reagiu, das mais diversas formas, contra essa segurança de si próprio. Procura-se demonstrar ao mundo que atingiu a maioridade que ele não seria capaz de viver sem o tutor 'Deus'. - Cartas do Cárcere, 6.6.44 - em "<a href="http://www.editorasinodal.com.br/produto.php?id=249">Resistência e Submissão</a>"</blockquote>
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaOj9QoCfTVLyfSg6EBrfOMu7444tprOqBSHjZqZNn7QJP2F49T_k7GiXh-AFRPXzmUgs3ur_MDtiixjUi-G-6EEWLHbxawNDJK7rxRHvmneEfYhxjn1lSPvDCFunN2LimR1S5m9XXC_Ri/s1600/fordlandia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><br />
</a><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAlTvPhsdRMqaqa6gGBhEYQTPSJ8bxtWB6parSRpypZoDlzofDkojubdM43EAXo9QTZ69KMXzsSdijoQhGaraKDFfTWrmurE3SgWkW3VgLFmj9IVoK-DrQ6DeBM0E3ZzvY3Ajc1gC2pAt3/s1600/bonhoeffer.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgAlTvPhsdRMqaqa6gGBhEYQTPSJ8bxtWB6parSRpypZoDlzofDkojubdM43EAXo9QTZ69KMXzsSdijoQhGaraKDFfTWrmurE3SgWkW3VgLFmj9IVoK-DrQ6DeBM0E3ZzvY3Ajc1gC2pAt3/s1600/bonhoeffer.jpg" /></a>Essas provocações não são proferidas por um renegado religioso que entrou para a onda pentelha atualmente chamada de “neo-ateísmo”. Foram escritas por um dos grandes nomes da teologia do século XX, <a href="http://www.sociedadebonhoeffer.org.br/">Dietrich Bonhoeffer</a>, pastor luterano, que fora morto em campos de concentração nazistas devido à sua luta de desobediência civil contra o Reich, escritas na prisão em 1944 para seu amigo também teólogo Eberhard Bethge; sobre seu comportamento na prisão e sua morte temos não-poucas testemunhas de como se mantinha íntegro em sua fé, irradiando a paz de Cristo.<br />
<br />
Desafios que pairaram sobre toda a teologia séria feita desde então. Figura em toda reflexão conscienciosa sobre o futuro da religião cristã no mundo. Muitos grandes nomes repensaram seu teologar a partir delas, e houveram várias tentativas de responder a esses vergalhões: <i>Neo-ortodoxia, Teologia da Cultura, Teologia da Secularização, Teologia da Morte de Deus, Teologia da Esperança, Teologia da Libertação</i>, etc., são algumas elencadas aqui que o espaço não permite destrinchar.<br />
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Mas ouso dizer que ainda não se conseguiu levar a cabo um tratamento que tenha dado conta efetivamente da tarefa, diante de todos os fenômenos socioculturais decorridos desde então. Todas tiveram seus condicionamentos momentâneos e tiveram como fraqueza circunscrever estes momentos como se fossem a configuração definitiva. E acabou que foi-se esquecendo... tenho ficado inquieto e busco aqui trazer alguns pontos importantes para justificar que, tanto como nunca, é preciso resgatar a preocupação atinente, sem respostas-prontas, para a ressonância das palavras de Bonhoeffer, sopradas pelo vento impetuoso, no período de transição caótica para o imprevisível que atravessamos.<br />
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<blockquote class="tr_bq">
O que pretendo com isso, portanto, é que Deus não seja introduzido clandestinamente em algum derradeiro lugar secreto, mas que simplesmente se reconheça a maioridade do mundo e do ser humano, que o ser humano não 'seja tornado ruim' na sua mundanalidade, mas que seja confrontado com Deus no seu ponto mais forte (...).</blockquote>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ2XGFsTqsF34KFKktQ-SrbL6urKvc7t-LuqJ8pb6h137yXTpGubBVGTuQ7tvHB1vfpP-wXxx-bv6-H40P13L-4nwoud9kLfB79n60WFJMGJ7NcNEcwfNXUOEGyHCJeuo4Y-n1jF2_68FB/s1600/s%C3%A9timo+selo+quest%C3%B5es+%C3%BAltimas.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQ2XGFsTqsF34KFKktQ-SrbL6urKvc7t-LuqJ8pb6h137yXTpGubBVGTuQ7tvHB1vfpP-wXxx-bv6-H40P13L-4nwoud9kLfB79n60WFJMGJ7NcNEcwfNXUOEGyHCJeuo4Y-n1jF2_68FB/s1600/s%C3%A9timo+selo+quest%C3%B5es+%C3%BAltimas.jpg" /></a></div>
<blockquote class="tr_bq">
Mais uma vez ficou bem claro para mim que não devemos fazer com que Deus figure como o tapa-furos do nosso conhecimento imperfeito; quando então – e isto acontece forçosamente – os limites do conhecimento deslocam-se cada vez mais para fora, também Deus é deslocado junto com eles e encontra-se assim, num movimento de constante retirada.<br />
(…)<br />
Isso vale também para a relação entre Deus e o conhecimento científico. Mas vale também para as questões humanas gerais da morte, do sofrimento e da culpa. Atualmente, ocorre que também para essas questões há respostas humanas que podem prescindir totalmente de Deus. De fato, pessoas de todas as épocas conseguiram resolver essas questões também sem Deus, e simplesmente não é verdade que só o cristianismo tenha a solução para elas.<br />
(…)<br />
Também neste ponto Deus não é um tapa-furos; tem de ser conhecido não apenas nos limites de nossas possibilidades mas no centro da vida.</blockquote>
<br />
Tem sido comum nos depararmos na internet com pesquisas demográficas sobre confissões religiosas; o ponto mais destacado é a diminuição significativa nos últimos anos do número de fiéis religiosos em países com mais altos IDH's [<a href="http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx">Índice de Desenvolvimento Humano</a>], também, a diminuição à medida em que um país ou região chega de forma mais ampla em índices elevados. A relação entre não-participação religiosa e não-crença não é equivalente nem linear, bem como a não-crença em uma religião sistematizada com a não-crença em alguma realidade transcendente, supranatural ou exotérica. Mas é correlacional e não-discrepante.<br />
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O clima de fanatismo aguerrido e de provocações pentelhas em diversos ambientes costuma esculhambar com a análise sóbria e ponderada. Raramente vemos comentários com mínima capacidade de abstração lógica e substancial para abrir caminhos ao pensamento com propriedade, predominando interesses apologéticos (religiosos e antirreligiosos) obtusos, e o embotamento faz brotar pirraças patéticas ao estilo de gritos de torcidas organizadas. O que dificulta o empreendimento de quem não se identifica com os coros.<br />
<br />
É patente que não ocorrera um processo de primária e básica apostasia da(s) fé(s) tradicional do recorte (país, nacionalidade, região, etc.), em que se catalizou de uma vez uma explosão da barbárie ao topo de indicadores de desenvolvimento social, como se fosse uma causa-efeito para um “Big-Bang civilizatório”. <br />
<br />
Decorre dos dados mensurados que a desvinculação confessional com a religiosidade tradicional se acentua após se chegar a níveis maiores nos índices de renda econômica. Não houvera uma “apostasia” para depois se começar a construir escolas, hospitais, se avultarem empreendimentos econômicos, redes de articulações sociais, inserção mais favorável na cadeia mercantil e divisão internacional do trabalho. É depois desses processos já estarem em maiores níveis que começa a cair, em destaque, o compromisso regular com instituições religiosas.<br />
<br />
<br />
A religiosidade atua em comunidades e sociedades experimentando privações, de múltiplas maneiras nos pulsos motivacionais das pessoas. Algumas acentuam-se mais. Pode servir de um escape subjetivo para o íntimo diante de uma situação opressora ( opressão para muito além do sentido restrito de coerção política). Refrigério, ou força interior para suportar a pressão e não se entregar ao sentimento de absurdo ou desespero. Pode servir também de acomodação; embora se desconte que, em muitas situações, o indivíduo realmente não tem condições concretas de subverter seu contexto, restando a loucura ou o suicídio. Esperanças transcendentais não necessariamente “alienam”, a pessoa “esquecendo” suas condição e evitando mudar devido a ela; não, as pessoas podem enfrentar a realidade, apesar de algumas batalhas serem inglórias e desesperadoras, considerando que sua resistência não ficará inútil e desperdiçada em vão, mas “contará”. A situação de opróbrio não fica sendo como a condição última e realidade definitiva para dizer quem a pessoa é e a quê foi incondicionalmente destinada. <br />
<br />
A partir daí, agentes institucionais de religiões criam condições de trabalhá-la como aglutinador e estabilizador comunitário, social, “nacional”. A religião expande seus papéis e atua como “cimento” para a coesão social e fator simbólico-estruturador para a diferenciação e identidade, mesmo de “sintonização” para o cosmos que é projetado, idealizado e no qual as mentalidades se concebem inseridas e condicionadas. Há efeitos adversos para pessoas e ideias que se considere fator de desagregação e geradores de “caos” quanto a isto. <br />
<br />
Sem dúvida, há limites variados para se conseguir cumprir esta “função”. Quando a leitura da vida passa a ser plenamente negativa, o apelo espiritual começa a ser encarado como engodo. A impressão de futilidade e desperdício, de tudo ser estabelecido em um fundamento de maldade e vaidade, cego e surdo a qualquer apelo melhor, passa a criar sim uma revolta quanto a qualquer discurso ou ideia de Sagrado ou Transcendente. A “coesão” começa a ser encarada de fato como artificial e deslegitimada. <br />
<br />
<i>O prisioneiro leitor da Bíblia, sobre o qual igualmente contei que, num estado de demência, havia se atirado sobre o major com um tijolo, certamente estava entre os desesperados que perderam todo o resquício de esperança e, como não se pode viver sem esperança, acharam uma saída no martírio espontâneo, quase produzido artificialmente. (…) Quem sabe qual o processo psicológico se passou nele; nenhum ser humano pode existir sem alvo e sem buscar esse alvo. Um ser humano que não tem mais alvo nem esperança muitas vezes se transforma, em virtude do vazio, num monstro... Mas o alvo de todos os presidiários era a liberdade.</i><br />
- Do romance <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Recorda%C3%A7%C3%B5es_da_Casa_dos_Mortos">“Recordações da Casa dos Mortos”, de Fiódor Dostoiévski.</a><br />
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Podemos situar nisto a famosa e mal compreendida colocação de Marx quanto a religião ser o “ópio” do povo, numa época em que o ópio tinha consideração também de funções medicinais além da entorpecente. Colocação que também, de forma oportunista, costuma aparecer “surecada”:<br />
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“<a href="http://www.marxists.org/archive/marx/works/1843/critique-hpr/intro.htm">O sofrimento religioso é, a um só e mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. Ela é o ópio do povo</a>.”<br />
<br />
<br />
Nos lugares apontados nas pesquisas, as populações chegaram a uma condição de desenvolvimento material mais emancipada ante as precariedades em que viviam seus antepassados, mesmo em comparação com os menos distantes. Uma maior “liberdade” ante as “necessidades” duras de desprendimento de esforço físico e tempo para o mínimo necessário ao sustento material básico. Diversas atividades desgastantes cujos produtos gerados são necessários para manter seu padrão de vida são desenvolvidas e externalizadas em outras localidades e suas condições econômicas lhes permitem aproveitar disso. Muitos povos e países foram inseridos ou se inseriram de maneira mais oportuna nos ciclos e jogos de poder entre impérios, potências, hegemonias e grandes forças econômicas, por diversos fatores estratégicos nos locais e momentos certos.<br />
<br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaOj9QoCfTVLyfSg6EBrfOMu7444tprOqBSHjZqZNn7QJP2F49T_k7GiXh-AFRPXzmUgs3ur_MDtiixjUi-G-6EEWLHbxawNDJK7rxRHvmneEfYhxjn1lSPvDCFunN2LimR1S5m9XXC_Ri/s1600/fordlandia.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiaOj9QoCfTVLyfSg6EBrfOMu7444tprOqBSHjZqZNn7QJP2F49T_k7GiXh-AFRPXzmUgs3ur_MDtiixjUi-G-6EEWLHbxawNDJK7rxRHvmneEfYhxjn1lSPvDCFunN2LimR1S5m9XXC_Ri/s1600/fordlandia.jpg" /></a>Assim se permite mesmo às classes médias nestes países usufruírem de aproveitar gozos que, relativamente – ou mesmo não-relativamente – só se era usufruído pelos mais altos extratos das elites mais antigas, mesmo os reis da Antiguidade. E as classes mais baixas terem necessidades atendidas e oportunidades de usufrutos também inimagináveis em qualquer período da história. Mirando para adiante, vêem oportunidades antes inacessíveis, muito o que têm a ganhar; olhando para trás, vêem o quanto têm também a perder, que antes não se tinha. E ao redor, possibilidades de usufrutos e experiências. <br />
<br />
Já em primeira instância, a religiosidade não é mais fundamental para conferir coesão social. Essa nova situação engendra outros mecanismos motivacionais de recompensa e fracasso, ambição e marginalização. Imprime-se nas consciências de que estão abertas no horizonte as fronteiras para ganho de status e mais bem-estar, poder e satisfação, usufrutos e conquistas, para a perícia e mérito. Ainda que não esteja aberto para todos, o argumento validador é que está aberto a “qualquer um”, mesmo com necessários ajustamentos periódicos, e sobre isto repousa o equilíbrio – estável ou instável – do sistema.<br />
<br />
E neste ponto, encontra-se o fio da navalha das religiões. De força motivacional, passam a ser encaradas como entraves e constrangimentos para as pessoas aproveitarem a pleno alcance as possibilidades que a nova condição econômica, social e cultural lhes abre. Seu “descarte” é facilitado, no interior dos sujeitos, pela autonomia que o cosmos passa a ganhar no sistema simbólico também, que em grande parte, sua estrutura de produção está integrada aos mecanismos de funcionamento regular do sistema. Não significa que os sujeitos não busquem recursos simbólicos motivacionais e estabilizadores para seu ser e estar, buscam e se apegam a alguns, embora muitas vezes a alternativa optada seja cair sim na anomia social ou apatia. Quando não se encontra, o sentimento de desajustamento costuma ser não convivível. Contudo, tais recursos devem ter êxito em se amalgamar com o potencial aberto de demais recursos de vida, disponíveis nas condições em que ele está inserido (ou como ocorre por vezes, há aqueles e aquelas que acabam se encontrando com estímulos e significados em maneiras alternativas de viver que desafiam em pontos cruciais valores de sua sociedade, sendo opções contraculturais em escalas variadas, mas com baixo apelo em escala – e muitas vezes absorvidos e instrumentalizados pelo caráter social do sistema) e alimentem seu modo de vida de sentidos menos imediatos.<br />
<br />
Em várias ocasiões, líderes e representantes das religiões tradicionais reagem a este cenário com apelos e discursos retrógrados, buscando formas de causar pânico e recorrer a medos em cenários que acarretem queda no status quo: “dissolução da família tradicional”, o temor de contatos, misturas e um “diluir” sociocultural com pessoas e respectivas culturas “alienígenas” à formação tradicional da sociedade a qual apela; além de apelos à identidade étnica e/ou nacional que pode estar se “dissolvendo”, à perda do reconhecimento mútuo e orgulho tradicional, etc. Nesse caso, o apelante aceita sacrificar o conteúdo último e ontológico do sistema religioso, quando ocorre de causar desconforto em conciliar com tais questões e se remeter a desafios mais profundos, impelindo a buscas de sentido último que não se ajustam ao <i>status quo</i> que se promete e para o qual aponta no apelo feito - em prol de sua função como amálgama e verniz social e legitimador identitário nacional ou étnico.<br />
<br />
Vale lembrar que, obviamente, os cenários descritos não se aplicam igualmente em cada e todo os casos passíveis de observação; você verá casos de realidades com pessoas em condições mais pobres generalizadamente, com alto grau de evasão ou baixo grau de adesão religiosa, e realidades com pessoas em condições econômicas mais confortáveis generalizadamente, com alto grau de adesão e prática. Mas são cenários que se aplicam de maneira mais geral e difundida geograficamente.informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-12415130179640162332012-12-22T09:50:00.000-08:002012-12-22T09:50:34.948-08:00Re-pousando no Magnificat<span style="font-size: large;"><b>Lucas 1,46-55</b></span><br />
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Esta quem entoou este hino, é Maria. A Santa Maria...<br />
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Que Maria diferente nos é apresentada por Lucas, não é mesmo?<br />
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Maria valente, de pé no chão, Maria com sangue circulando nas veias, no rosto, com vento na voz... Maria valente, Maria de paixão, febril, Maria indignada com a condição do mundo... não aquela Maria apática, complacente, fria....<br />
<br />
Infelizmente, a ideia de Maria está presa entre dois extremos. A Maria ignorada ou recusada, em grande parte dos protestantismos.... a Maria divinizada, pacata e condescendente do catolicismo popular...<br />
<br />
E aqui vemos um pouco mais diretamente outra Santa Maria, vindo das páginas vivas das Escrituras.<br />
<br />
Ela canta de forma vibrante e arrebatada um hino do seu povo, que tinha raízes em um antigo cântico tradicional, o cântico de Ana, em I Samuel 2,1-10. Que falava à alma da nação. Traduzia a esperança dos pobres e condenava a arrogância das nações, exaltando a libertação e advertindo que os opressores ainda seriam humilhados. No “Magnificat”, o hino fora retrabalhado, incorporando menções a passagens de salmos, profetas (como Habacuque, Sofonias, Isaías, Miqueias), passagens que ecoavam a expectativa do triunfo final da liberdade do povo, conquistado através de Deus, ante o jugo dos dominadores. Ana também comemorava, na antiga canção, quando o Senhor abrira seu útero estéril. Como acontecera com Izabel, prima de Maria.<br />
<br />
Um hino judaico que logo em seus primórdios a Igreja Cristã incorpora para sua vida. Ali Maria vibra e traz as maravilhas fantásticas que estavam acontecendo consigo e em sua família – a prima Izabel, idosa, esperando um filho que já se anunciava ser alguém especial – para todo um cenário do drama, aflições e esperanças de seu povo.<br />
<br />
Sem esquecer de si mesma, enxerga ainda assim muito além de si.<br />
<br />
Hoje, é meio triste que as pessoas cultivem uma fé individualista e egocêntrica; e uma das formas em que isto se manifesta é canalizarem toda sua relação e expectativa em Deus para a salvação da sua alma, para “ir para o Céu”.... às vezes, pior, para ter sucesso individual na sociedade.<br />
<br />
Ali, o regozijo não era de agradecer porque iria para o “Céu”, mas por participar do plano de Deus de curar o mundo de toda injustiça.<br />
<br />
Às vezes ficamos intrigados com uma questão... qual teria sido o papel da mãe, Maria, na formação da personalidade e caráter de Jesus? Abre-se espaço para qualquer invenção sem base da imaginação...<br />
<br />
Neste hino, temos as pistas... fortes!<br />
<br />
Vejamos alguns recortes dele:<br />
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<blockquote class="tr_bq">
48-9: “gerações me considerarão bem-aventurada”...</blockquote>
<br />
O que lembra? As bem-aventuranças proclamadas por Jesus. Podemos ver como há uma sintonia fina, onde elas constam no evangelho de Lucas, de 6 a 26:<br />
Maria disse: “<i>contemplou na humildade de tua serva</i>” ..."<i>meu espírito se alegrou no Senhor</i>...”... “<i>misericórdia sobre os que o temem</i>” - é bem o espírito das “Bem-aventuranças”, as quais Jesus proferia como motivação para a fé dos mais pobres e humildes.<br />
<br />
Ainda temos mais pontos em comum: 52-"<i>derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes</i>”... 53 - "<i>encheu de bens os famintos, despediu vazios os ricos</i>”.<br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
“Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reinado de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir” (…) “Mas ai de vós, ricos, porque já tendes a vossa consolação! Ai de vós, que estais saciados, porque tereis fome! Ai de vós, que agora rides, porque conhecereis o luto e as lágrimas!”</blockquote>
<br />
Vemos que a espiritualidade de Jesus herdou de Maria o inconformismo com este mundo, e o anseio de transformação; a consciência de não usar o nome de Deus para legitimar o atual estado de coisas, mas apontar o dedo nas feridas mostrando que a injustiça não terá a palavra final, mas passará...<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhevaqhl6SeJPVKiSYUyMiUipXuA2LcRfxD66k9KSTZwGkwrzKUrOkuF4BapMi4r4ABJIt9EqSquHrWzQrydTkPMzMOUr8_lgn30veiR8IUyIVuarYYmOXqdcrL0Qu7DfoQ9YcH0mb7xJTx/s1600/visitatie_grt.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhevaqhl6SeJPVKiSYUyMiUipXuA2LcRfxD66k9KSTZwGkwrzKUrOkuF4BapMi4r4ABJIt9EqSquHrWzQrydTkPMzMOUr8_lgn30veiR8IUyIVuarYYmOXqdcrL0Qu7DfoQ9YcH0mb7xJTx/s320/visitatie_grt.jpg" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><i>A Visitação</i> - <span style="background-color: #fffde8; color: #00131e; font-family: Verdana, Arial, Geneva, sans-serif; line-height: 16.633333206176758px; text-align: left;">Il Guercino</span></td></tr>
</tbody></table>
<br />
<br />
Na tradição anglicana, os santos são honrados como peças-chave para a construção do Reinado de Deus na história, por sua importância para a vida e doutrina da Igreja, pelos seus testemunhos de vida especiais. Maria tem um lugar especial aí, em que lhe é direcionada grande honra. Que possamos fazê-lo, dando-lhe grande honra, aprendendo com ela, perseverando junto com ela, compartilhando dos anseios dela.informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-1532300388699456582012-11-27T02:29:00.001-08:002012-11-27T02:29:16.137-08:00Ruah<iframe allowfullscreen="allowfullscreen" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/V7zirBc7fck" width="560"></iframe><br />
<br />
<br />
<br />
Emissário de para lá, estás<br />
além do onde, do quando e do enquanto.<br />
Sopro de trevas, se perfaz<br />
em densidade absoluta, pavor sem alento.<br />
<br />
É a cama de sua morada, assaz<br />
sem fosco, luz que emudece o espanto.<br />
Sombra, é tudo o que não és, veraz<br />
tem seu corpo, no reflexo de seu vento.<br />
<br />
É a pulsão, para o avanço e para o detrás<br />
vem refluxo, o definir, o portanto.<br />
Sótão do que não foi em vão, farás<br />
quem rebrota do jardim, contento.<br />
<br />
Eleva o repouso, desassossego mordaz<br />
contém o vácuo, o Todo, o conquanto.<br />
Sonda o inescrutável, quietude loquaz<br />
bem no abismo, relega o abandono ao relento.<br />
<br />
É a solicitude da boca do bebê, vivaz<br />
neném que assim vai ao encontro do encanto.<br />
Sorve a candura da ossada, na miragem fugaz<br />
sustém de pé, és a angústia, és o unguento.<br />
<br />
<br />
<br />
música: Adagio Ma Non Troppo, Dvorák<br />
informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-20942662039370839442012-11-03T14:15:00.000-07:002012-11-27T02:29:41.749-08:00Mensagem para o Domingo de Todos os Santos e Todas as Santas<b><span style="font-size: large;"><u>Leituras Bíblicas</u></span></b><br />
<br />
<b><span style="color: #20124d; font-size: large;">Sirácida 2,1-9</span></b><br />
<b><span style="color: #20124d; font-size: large;">Efésios 1, 15-23</span></b><br />
<b><span style="color: purple; font-size: large;">São Lucas 6,20-26.</span></b><br />
<br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">"Um homem muito rico, ao morrer, deixou suas terras para seus filhos. Todos eles receberam terras férteis e belas, com exceção do mais novo, para quem sobrou um charco inútil para a agricultura. Seus amigos se entristeceram com isso e o visitaram, lamentando a injustiça que lhe havia sido feita. Mas ele só lhes disse uma coisa: 'Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá'.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">No ano seguinte, uma seca terrível se abateu sobre o país, e as terras dos seus irmãos foram devastadas: Mas o charco do irmão mais novo se transformou em um oásis fértil e belo. Ele ficou rico e comprou um lindo cavalo branco por um preço altíssimo. Seus amigos organizaram uma festa porque coisa tão maravilhosa tinha acontecido. Mas dele só ouviram uma coisa:'Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá'.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">No dia seguinte seu cavalo de raça fugiu e foi grande tristeza. Seus amigos vieram e lamentaram o acontecido. Mas o que o homem lhes disse foi: 'Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá'.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Passado sete dias o cavalo voltou trazendo consigo dez lindos cavalos selvagens. Vieram os amigos celebrar essa nova riqueza, mas o que ouviram foram as palavras de sempre: 'Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá'.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">No dia seguinte seu filho sem juízo montou um cavalo selvagem. O cavalo corcoveou e o lançou longe. O moço quebrou uma perna. Voltaram os amigos para lamentar as desgraças: 'Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá' o pai o repetiu. Passado poucos dias, vieram os soldados o rei para levar os jovens para a guerra. Todos os moços tiveram de partir, menos o seu filho de perna quebrada, os amigos se alegraram e vieram festejar. O pai viu tudo e só disse uma coisa: 'Se é bom ou se é mal, só o futuro dirá'.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Assim termina a história, sem fim e com reticências (...) Ela poderá ser continuada, indefinidamente. E ao contá-la, é como se contasse a estória de minha vida.</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">Tanto os meus fracassos quanto as minhas vitórias duraram pouco. Não há nenhuma vitória profissional ou amorosa que garanta que a vida finalmente se arranjou e nenhuma derrota que seja a condenação final. As vitórias se desfazem como castelos atingidos pelas ondas, e as derrotas se transformam em momentos que prenunciam um começo novo. Enquanto a morte não nos tocar, pois só ela é definitiva, a sabedoria nos diz que vivemos sempre à mercê do imprevisível dos acidentes. 'Se é bom ou se é mau, só o futuro dirá'. "</span><br />
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Times, Times New Roman, serif;">em "As Melhores Crônicas de Rubem Alves", pg. 82 </span><br />
<br />
<b>TEMA: O “Ainda Não” como motivo de viver o “Agora”</b><br />
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Incerteza inerente à vida. O risco do qual não se tem como fugir. Tentação de renegar a fé, de não suportar nenhuma dor ou mau em nome do bem, em “jogar o jogo” para ser bem estabelecido no mundo. Não temos garantias. Viver a virtude agora não oferece nenhum penhor de que aqui seremos bem-sucedidos ou estamos livre de quaisquer desgraças. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Então, pra quê perseverar? Pra quê arriscar? Nossas decepções e frustrações não nos dão as devidas desculpas para sermos condescendentes, e de consciência limpa, buscarmos “levar vantagem em tudo”, porque afinal, não faz sentido nos expormos a “fracassarmos” aqui?</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Definitivamente, os padrões do chamado cristão, do sentido de viver chamado por Jesus, não são as chaves do sucesso aqui; a cruz, foi o exemplo de maior, fraqueza, humilhação e derrota para aquele mundo. Para um cidadão romano, só era utilizada caso fosse culpado de uma nojenta traição à pátria e servia para dizer que chegara ao extremo da vergonha. Era o castigo apropriado para escravos revoltosos, o <i>serville suplicium</i>.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por isso o cristianismo tem sido alvo de ataques ao longo da história, como uma religião de fracos. Que usam a desculpa da esperança no porvir para aceitar fracassos do agora.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Essa acusação não esteve presente apenas no mundo moderno, embora tenha ganhado frequência nele com suas promessas de que o progresso da humanidade é inevitável. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Um grafite anti-cristão do segundo século de Roma, bem conhecido entre os historiadores que estudam o período, mostra um homem crucificado grosseiramente elaborado, com uma cabeça de burro, em que está uma figura humana, e sob este um escárnio rabiscado: "Alexamenos adora o seu Deus" [Alexamenos sebetai ton theon]. </span><br />
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte; e, o que no mundo é insignificante e desprezado, o que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é. <b>I Coríntios, 1, 27-28.</b></span></blockquote>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">----------------------------------------</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No mundo dos inícios do cristianismo, a convicção geral das pessoas era de que toda a existência era regida e movida pela força do Destino. Se remetia sua expressão às estrelas, e ninguém escaparia dele. Nem os deuses estavam a altura do Destino. Muito da busca da sabedoria, seja mística, religiosa, filosófica, se dava em entender o destino saber aproveitá-lo o possível.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">É estranho revisitarmos a história e pensar nestes termos. Muitas vezes parece que está certo. Coisas e situações costumam se repetir, com leves mudanças que só realçam os pontos em comum. Parece que não conseguimos escapar de certos padrões. Por outro lado, por diversas vezes se percebeu que o mundo estava seguindo uma tendência, todos julgavam tudo no mundo, as pessoas, ideias, crenças, comportamentos, enquanto utilidade ou obstáculo haveria de proporcionar para essa tendência. Achou-se ter captado a sintonia da realidade. Por diversas vezes na vida também é assim. Seja para o bem ou para o mal, enxergamos um horizonte como se fosse apenas uma linha de consequência em que desaguou o curso do rio que achamos estar a nado nele, derivado de uma leitura que fazemos da situação.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Até que vem o inesperado e sacode tudo. Aí, a história já começa a parecer um bêbado andando e trupicando, fazendo troça de tudo. Parece que tem alguém brincando com nossa vida.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vamos continuar sempre ouvindo um caso sobre “progresso da humanidade”. E quanta coisa, quantas vidas já fora sacrificadas em nome disso? Seja para ajudar, acelerar o progresso, ou não atrapalhar. Contudo, por diversas vezes, as guerras mais monstruosas vieram depois de períodos de grande otimismo e louvor pelos tratados de paz, como a Guerra dos Trinta Anos, na Europa, depois do Tratado de Paz de Westfalia, quando todos achavam que finalmente o caos do mundo iria se consertar. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Reluta-se a admitir que a transitoriedade, que o fato de que vivemos uma realidade sempre transitória, passageira, faz com que não possamos dizer que em algum momento teremos um cenário para o qual apontaremos e diremos “é assim que as coisas são”. Não vivemos numa existência marcada pela estabilidade, embora ansiamos e buscamos trazê-la à força. Remédios, exercícios, livros, conselhos, buscas e fugas, fugindo da incerteza e querendo uma estabilidade para firmar os passos, deitarmos, estarmos seguros. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas qualquer segurança neste mundo é frágil. Como a imagem de uma areia que se querermos apertar as mãos, ela escorre. Por isto São Paulo escreveu, em I Coríntios 15, 19: </span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“<b><i>Se pusermos nossa esperança em Cristo somente para esta vida, somos as </i><i>pessoas mais dignas de piedade</i></b>”</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por isto a crença na vida eterna. No caso da fé cristã, a crença na renovação do Universo, numa Nova Criação, em que tomaremos parte na sua nova realidade, não sujeita mais à decomposição, ressurretos. Nossa fé na ressurreição que participaremos juntos com toda a Criação de Deus.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não é de forma alguma uma crença para alienar e tornar covarde as pessoas. Muito pelo contrário. É a única esperança de que podemos desafiar o absurdo, na vida, na história, e não ficaremos frustrados. Diversas pessoas lutaram contra atrocidades, males, injustiças, e não viram resultado algum. Diversas pessoas tentaram, em sua vida, não pagar o mal com o mal, abrir mão de um certo sucesso e prestígio não vendendo a alma para tal, não caindo em jogos sórdidos, e pelas aparências do mundo, ficaram frustradas enquanto outras chegaram ao topo. Diversas pessoas se pautaram pela justiça, amor, integridade, por servir ao próximo, por não buscar saciar o anseio de dominação sobre o outro, e o veredito que o mundo deu foi: fracasso. Fraqueza. Estupidez. Loucura. Não vale a pena! Não vale a pena!</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Muito além então de ser um apelo alienante, para as pessoas se resignarem com os augúrios e males da vida e do mundo, esperando pelo “Céu” - a Redenção e Reconciliação da Existência com Deus no Renovar dos Tempos - serve de motivação para independente do que for, podermos não nos entregarmos a isto, não caracterizarmos nenhuma condição atual como definitiva, pois Deus não deixará nada perdido, esgotado, desperdiçado mas a coragem de não se entregar e se definir pela lógica do mundo, e todos os atos de amor machucados pelo desamor, serão matérias-primas para a construção da Verdadeira Realidade Eterna, por parte do próprio Deus. Nada será desperdiçado ou em vão.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Sem esse olhar da eternidade, essa é a realidade crua. É muita bobagem querer disfarçar dizendo que a luta dessas pessoas não se perdeu, continua viva em não sei onde. Não. Porque ninguém sabe se a qualquer momento, tudo vai se frustrar. Não se tem garantia de que tudo não será em vão. E a pessoa não está ciente de nada se está na memória de não sei quem. Não está vendo, sentindo, nada. E para tantas pessoas que são lembradas, muito mais caíram no limbo do esquecimento. Outras tantas foram traídas. E quem busca continuar o legado delas, pode também morrer a qualquer momento. Até mesmo a daqui a pouco.</span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<br />
<blockquote class="tr_bq">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Por que nos expomos continuamente ao perigo? Dia após dia estou morrendo. Juro, irmãos, pelo orgulho que sinto de vós diante de Cristo Jesus Senhor nosso. Se por motivos humanos lutei com as feras em Éfeso, de que me serviu? <i>Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, pois amanhã morreremos</i>. <b>I Co. 15, 30-32. </b></span></blockquote>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Jesus, com as bem-aventuranças, está revertendo, pondo de cabeça-para-baixo os valores consagrados, “normais”, aqui na sociedade terrena. Em comparação ao projeto de Deus para seu Cosmo renovado, estamos numa era “torta”, em um mundo “torto”; e os valores norteadores deste projeto divino, atualmente, são “tortos” para este mundo. Bonitinhos e gostosinhos às vezes para se sentir no fundo do peito ou na ponta da colher, mas não para pautar a “vida real”. A esperança cristã manifestada em Jesus Cristo é que a vida, a existência, e estes valores finalmente se “ajustarão” na ressurreição, e então, não hão de cair no Nada, não estarão perdidos para sempre, todos os atos de desafio ao mundo feitos pela mais humilde e esquecida figura humana. Se converterão em fôlego de vida, um fôlego que não se acaba, alimentados por uma chama que não se apaga, a que criou a primeira fagulha do primeiro sol, a energia do Espírito de Deus.</span><br />
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5jpnb-ywA74SOVkASqtlxxCXIaBx0ax6QEZbSrrTC5-i2IGwX0wWz-FQNCr-cT3ojVo1LDqTkiG0l-f6TWq5dRmmHDid6Jx5YBLVZcvM_e5B9MtiqLNB9jfMcHKw2YBxq1d1V8d48iaej/s1600/Santos+e+Santas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5jpnb-ywA74SOVkASqtlxxCXIaBx0ax6QEZbSrrTC5-i2IGwX0wWz-FQNCr-cT3ojVo1LDqTkiG0l-f6TWq5dRmmHDid6Jx5YBLVZcvM_e5B9MtiqLNB9jfMcHKw2YBxq1d1V8d48iaej/s320/Santos+e+Santas.jpg" width="211" /></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este Espírito vem com amor e graça entrar em comunhão com a gente, nos chamando a Si, já no agora. E cremos estar presentes aqui. É nessa comunhão com Ele que nos unimos hoje aos Santos e Santas de Deus na história, os de dentro da Igreja, e os de fora da Igreja, incluindo aqueles que só Deus conhece. Na compreensão da tradição anglicana, comemoramos e prestamos homenagem e deferência aos Santos e Santas, não como pessoas dotadas de um poder especial para intermediar entre nós e o Sagrado, nem para operar feitos miraculosos. Mas como exemplos de pessoas que foram pecadores e pecadoras como nós, imperfeitos, falhos, mas cuja vida teve um peso, significado ou papel edificador importante para a história da igreja ou para o testemunho cristão no mundo, glorificando Deus e servindo para fazer seu Reinado mais presente no mundo. </span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Que esta reflexão seja trabalhada pelo Espírito, para que em Cristo, nenhum feito ou testemunho destes irmãos e irmãs, seja em vão. Honremo-los. </span>informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-71874983286637146202012-09-30T12:53:00.000-07:002012-09-30T12:57:34.161-07:00A Visão, O Chamado<blockquote class="tr_bq">
No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo.<br />
Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam.<br />
E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.<br />
E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça.<br />
Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos.<br />
Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;<br />
E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado.<br />
Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. </blockquote>
Isaías 6:1-8<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYt-VdgxC3y8WCmdLMW2o0b56NsKefPotEpLKjguVjVfXwLbIe7meZHTge-bLTv3tmE1goXCPYnq4rpuClyH8deiBXi8j4fq1DpErUHXsrhCI2Y0ZF_uiLHnw6Iuamv0ak39qsSE992PNP/s1600/O+Chamado+de+Isa%C3%ADas+-+Giovan+Battista.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYt-VdgxC3y8WCmdLMW2o0b56NsKefPotEpLKjguVjVfXwLbIe7meZHTge-bLTv3tmE1goXCPYnq4rpuClyH8deiBXi8j4fq1DpErUHXsrhCI2Y0ZF_uiLHnw6Iuamv0ak39qsSE992PNP/s320/O+Chamado+de+Isa%C3%ADas+-+Giovan+Battista.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Chamado de Isaías - Giovan Battista</td></tr>
</tbody></table>
<br />
<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_Pushkin">Aleksandr Pushkin </a>– poeta e teatralista russo (1799 – 1837)<br />
<br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"></span><br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">
</span> <b><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O Profeta</span></b></span><br />
<br />
<i>Tradução de Boris Schnaiderman e Nelson Ascher</i><br />
<br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"></span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"></span>
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Num ermo, eu de âmago sedento</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">já me arrastava e, frente a mim,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">surgiu com seis asas ao vento,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">na encruzilhada, um serafim;</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ele me abriu, com dedos vagos</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">qual sono, os olhos que, pressagos,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">tudo abarcaram com presteza</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">que nem olhar de águia surpresa;</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ele tocou-me cada ouvido</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">e ambos se encheram de alarido:</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">ouvi mover-se o firmamento,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">anjos cruzando o céu, rasteiras</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">criaturas sob o mar e o lento</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">crescer, no vale, das videiras.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Junto a meus lábios, rasgou minha</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">língua arrogante, que não tinha,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">salvo enganar, qualquer intuito,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">da boca fria onde, depois,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">com mão sangrenta ele me pôs</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">um aguilhão de ofídio arguto.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Vibrando o gládio com porfia,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">tirou-me o coração do peito</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">e colocou carvão que ardia</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">dentro do meu tórax desfeito.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Jazendo eu hirto no deserto,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">o Senhor disse-me: "Olho aberto,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">de pé, profeta e, com teu verbo,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">cruzando as terras, os oceanos,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">cheio do meu afã soberbo,</span><br />
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">inflama os corações humanos!"</span><br />
<br />informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-57636667302476664232012-09-17T16:43:00.001-07:002012-09-17T16:43:37.421-07:00Arvo Part - MagnificatBelíssima composição tendo como tema o "<a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Magnificat">Magnificat</a>" de Maria, apresentado no Evangelho Segundo São Lucas. Para um profundo mergulho espiritual...
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/1A6BfyhFSVQ?fs=1" width="459"></iframe>informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-86448807272031791382012-09-02T18:22:00.003-07:002012-09-02T20:32:47.418-07:00Escapismo, Batalha e as Trevas do Ar<blockquote>
Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti a armadura de Deus para poder resistires às insídias do diabo. Pois não lutais contra carne e sangue, mas contra as Autoridades, contra os Soberanos, contra os Dominadores das trevas deste mundo, contra os espíritos do mal que povoam o ar. Portanto, tomai as armaduras de Deus, para poderem resistir no dia mau e saírem firmes de todo o combate. Cingi os rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça, calçai as sandálias com o zelo para com o evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé, com o qual se apagarão as lanças inflamadas do Mal. Tomai o capacete da salvação e espada do Espírito, que é a palavra de Deus.<br />
<br />
Permanentes na oração e súplica, orai constantemente no Espírito; para isso, vigiai com toda a perseverança, rezando por todos os consagrados.</blockquote>
Efésios, 6,10-20<br />
<br />
Há um tempo em que a maioria dos especialistas técnicos considera que o autor do livro “Aos Efésios”, do Novo Testamento, não é o apóstolo Paulo. Não temos uma explicação de consenso ainda a respeito desta autoria. Minha posição é de que seus discípulos, seja ainda com o apóstolo em vida, autorizando, seja após sua morte, retrabalharam a Epístola aos Colossenses, para aplicá-la, da especificidade desta comunidade, para a Ásia Menor em geral considerando a pertinência da sua pauta para as igrejas da região. Daí o enfoque dela, menos cristológico, ou seja, uma ênfase menor sobre a natureza universal de Cristo, para mudar as ênfases eclesiológicas, de igrejas locais para a natureza universal da Igreja de Cristo.<br />
<br />
Ele é profundamente marcado por traços do imaginário intelectual apocalíptico judaico, depositário de heranças como constante no Livro de Ezequiel, Joel, Daniel, etc. Nesta tradição, se ressaltava as Forças do Mal como figuras e poderes cósmicos, atuando nos sistemas sociais humanos, disputando o controle e destino final da História.<br />
<br />
Mais cedo neste livro neotestamentário, no primeiro capítulo, versículos 19-20, fala-se do Poder de Deus operando na história, através de Cristo, suplantando as forças diabólicas através da sua Ressurreição, completando o desfecho da história com a consumação de Seu Reinado em uma Terra transformada.<br />
<br />
O psicólogo social <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Erich_Fromm">Eric Fromm</a> cunhou o conceito de “caráter social” para assinalar a energia psícossomática canalizada nos contornos dos padrões que um sistema social requer para funcionar. Nosso sistema histórico hoje tem como eixo a acumulação autorreplicante de capital... “acumulai, acumulai, assim dizem a Lei e os Profetas” (Karl Marx)... O lucro efetivamente capitalista é o lucro extraordinário, situado num patamar acima da média do mercado. Rompe com qualquer limite ou constrangimento. O indivíduo, para o sistema, existe em função do quanto contribui para maximizar, para a regularidade e inexorabilidade disto, os que falham são deixados para trás e existe uma rede de artifícios para fazê-lo se sentir inferiorizado e descartável. Este dínamo impulsona as pessoas e gera cargas simbólicas e psicológicas que influenciam o comportamento, tendendo a aumentar o egoísmo implacável, a ardilosidade, trapaça, desconfiança e falta de amor; “naturaliza” isto. Está por traz de todos os processos que sustentam este sistema. Por vezes, parece ter vontade própria, consciência, sabendo aprender, recuar, contra-atacar... Sua fome é insaciável.<br />
<br />
Sem disciplina espiritual, oração e silêncio, silêncio e escuta, sem uma certa “ritualidade do Sagrado” - não mecânica – de forma a nos organizar na integralidade do nosso ser, para abrirmo-nos e entregarmo-nos, sermos preenchidos e impulsionados pela e para ação da Força do Bem Maior, que provém da vontade de Deus, nossa luta no mundo é um “bater-cabeças”. E o mal pode até este nosso pugnar contra nós mesmos, pois por fora nos faremos de idealistas, “pessoas boas”, virtuosas, porque cumprimos os códigos, proferimo-los; os jargões de quem contende pelo bem, mascarando e cuidando das maldades que brotam em nosso interior. Escapando de enfrentá-las.<br />
<br />
Escapismo...que palavra galhofeira!<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbyisto87scxG-MXdK4kEaNnT6tLXgd7FEKITEG5rkv4TTEHTkZRuWQeiaOfN2c2KXkK_-HpLZOk3d6nfz7zoPsvBcmmjR0mYE6nrNXG53OpVXlIJHZwb7hwIfX6TIsqSezmFNxXxiGdVY/s1600/peter1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="208" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbyisto87scxG-MXdK4kEaNnT6tLXgd7FEKITEG5rkv4TTEHTkZRuWQeiaOfN2c2KXkK_-HpLZOk3d6nfz7zoPsvBcmmjR0mYE6nrNXG53OpVXlIJHZwb7hwIfX6TIsqSezmFNxXxiGdVY/s320/peter1.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: x-small;"><i>"Não derrame lágrimas", por Denis Peterson</i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: x-small;"><br />
</span></div>
Dizem que devemos deixar de lado fantasias e imaginação, porque são coisas escapistas, e costumamos ler ou ouvir que as artes, as artes devem nos “trazer para” a vida real, ou “falar da vida real”, ou “re-tratar a" vida real; se chega a estabelecer como parâmetro de qualidade o quão “fiel à vida real” se consegue ser... “Vida real”...o que que é isto? Nossas funções orgânicas, o que se processa entre os glúons, quarks e léptons? Como tudo isso se encadeia no conjunto total?<br />
<br />
A discussão política, ou da “vida”, nossos temas “concretos”, às vezes servem de escapismo pra conta que tem de se pagar, pro perdão que se deixou de pedir, de dar...pros defeitos que apontamos nos outros para escapar dos nossos. Nossas manifestações humanitárias não servem de escapismo para os modos como agimos de forma rude com aquela pessoa?.. Nossos motes e jargões religiosos e antirreligiosos, ideológicos, nossas “compaixões”, não são escapismos das vergonhas que sentimos de muitas nossas ações, nossas frustrações, para as quais buscamos esses escapismos pra nos convencer que no fundo somos “pessoas boas” e nos darmos todas as licenças ao sabor de nossos caprichos?<br />
<br />
…<br />
<br />
Influenciado pelo mestre Paulo, o (s) discípulo (s) autor (es) emprega o estilo retórico dos filósofos de moral; costumavam explanar sobre os conflitos para se viver uma vida de virtude como uma competição esportiva ou uma guerra. As imagens: o preparo dos soldados e a formação das brigadas do exército romano. Cinturão: protegia o ventre. Couraça: protegia o peito. Capacete, obviamente a cabeça. Sandálias: proteção dos pés para poder marchar firme e compassado. Escudo: protegia contra os dardos. <br />
<br />
Para a eficácia verdadeira, se formava um bloco fechado de soldados. A espada era empregada na luga frontal com o inimigo. Assim, a mensagem e o espírito do Evangelho é o que o cristão tem para manejar quando confrontado frente a frente com os poderes do caos, absurdo, exploração, crueldade... agindo sobre as pessoas e pelo sistema. Alude-se ao “<i>Evangelium</i> de César”, as “boas-novas” que eram proclamadas à frente da procissão pomposa que vinha do Imperador saudando uma conquista bélica de um território. Aqui, é o Evangelho da Paz, de Jesus Cristo, em desafio franco e aberto.<br />
<br />
A oração de uns pelos outros... Um soldado só, é vulnerável. Ele abre a guarda do grupamento. O exército coeso não se conseguia deter. As portas do inferno não prevalecem sobre ele. Cada assessório mencionado, maneado em conjunto, cobria o pelotão e o permitia avançar. Os cristãos se unem e se cobrem orando uns pelos outros, porque não se deixa assim a união espiritual ante os ataques do cotidiano que pode fazer os momentos mais vívidos de fé íntima esvanecerem. Persistir.<br />
<br />
Um dos meus maiores constrangimentos em orar costuma ser em não me achar bom o suficiente, vindo à tona que encontro em mim sentimentos de que o momento de oração logo se torna desagradável, vem a mim todas minhas motivações diversas que são harmoniosas com os valores e propagandas deste sistema que o Evangelho condena. Mas o escritor de Efésios pede que o próprio Espírito de Deus seja o Suscitador da oração. “Pois, embora a consciência nos acuse, Deus é maior que a nossa consciência e tudo conhece”. Não se manifestar em mim ainda aquilo a que Deus sonhou para mim, e ousar dobrar meus joelhos para Cristo, não é escapismo. E encontro. Destes encontros vêm a vitória de Deus contra o mal em mim, e no meu mundo. O mistério do Evangelho.informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-593489275304004104.post-56758104950493340552012-08-17T19:05:00.001-07:002013-03-13T17:51:26.349-07:00Quem é o vencedor? Quem é o vencido? "Cristianismo" x Cristianismo<blockquote>
Certo dia, quando íamos para o lugar de oração, veio ao nosso encontro uma jovem escrava que tinha um “espírito de Píton”; ela dava para seus patrões muito lucro, emitindo oráculos. Começou a seguir-nos, a Paulo e a nós, clamando: 'estes homens são servos do Deus Altíssmo, vos anunciam um caminho de salvação'. Isto ela o fez por vários dias. Fatigado com aquilo, Paulo voltou-se para o espírito, dizendo: 'Em nome de Jesus Cristo, ordeno que te retires dela!' E na mesma hora o espírito saiu. <br />
Vendo seus patrões desaparecer a esperança de seus lucros, agarraram Paulo e Silas e os arrastaram até a praça pública – a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gora">Ágora</a> -, à presença dos magistrados. Apresentando-os aos estrategos, disseram: ' Estes homens estão perturbando nossa cidade; são judeus e anunciam costumes que não nos é lícito acolher nem praticar, nós que somos romanos”. Amotinando a multidão contra eles, os estrategos depois de mandarem arrancar-lhes as vestes, ordenaram que fossem espancados com varas. Depois de lhes infligirem muitos golpes, lançaram-nos à prisão, recomendando ao carcereiro que os vigiasse com cuidado.</blockquote>
Atos 16, 16-23<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Tem ficado cada vez mais escancarado o quanto muitos manipulam a fé cristã, não se contentando em apenas tratá-a como simples mercadoria, mas como uma ferramenta de dominação psico-econômica. Pisa-se e ataca-se os sofrimentos, angústias, aspirações das pessoas, enquanto lhes transformam em nacos de uma massa de um bolo de estelionato. “Apóstolos” e congêneres arrogam ter um poder especial sobre forças espirituais que os atendem e podem produzir milagres em massa para solucionar os problemas, em troca requerem poder na engrenagem econômica de um sistema de lógica exploradora. Por outro lado, as pessoas se submetem a esquemas mesquinhos, justificam-lhes, caçam jargões para os justificar. Em nome de serem “bem-estabelecidas” no mesmo sistema. E o cristianismo é instrumentalizado pelas forças as quais nasceu se opondo. <br />
<br />
Tomemos um episódio especial dos registros das origens cristãs que iluminam como a lógica essencial da fé cristã é diametralmente oposta a estes apelos estelionatários, como na verdade nasceu com um norte subversivo e julgado extremamente perigoso para o “caldo religioso” do sistema. <br />
<br />
O cenário para essa narrativa é cuidadosamente preparado por Lucas para apresentar o contexto maior na aproximação e primeiros contatos com a fé cristã emergente e o sistema religioso do Império ( que seja mais apropriado focar o sistema religioso do Império, ao invés de ser as religiões em si, veremos adiante como se justifica).<br />
<br />
Nessa narrativa, o escritor não nomeia a mulher, como o faz com as mulheres de suas narrativas habituais. Pois ela não fala por si mesma. Ela tinha um “espírito de Píton”, a serpente mitológica que nas tradições em torno do <a href="https://sites.google.com/site/filosofiapopular/historias-filosoficas/o-oraculo-de-de">Oráculo de Delfos</a>, fora derrotada pelo deus Apolo (conforme transmitido pelos escritores <a href="http://www.infoescola.com/biografias/esquilo/">Ésquilo</a> e <a href="http://www.infoescola.com/filosofia/plutarco/">Plutarco</a>). Píton e todo o seu sistema cultual a controla para dar lucro aos seus senhores. Ela é um canal do mecanismo de acumulação deles, um instrumento e objeto de tal. E isto lhe roubara a identidade.<br />
<br />
A tradição remontada ao Oráculo de Delfos o aponta como um centro religioso em que se buscava respostas e soluções práticas para as vicissitudes da vida com augúrios. Se contava com o bom agouro da profecia, palavras garantindo que tudo vai dar certo; cumprindo-se protocolos para agradar ao deus, esperava-se que fosse garantida mais estabilidade, previsibilidade e segurança para a existência. “Ora Apolo intervém sob a forma corporal do próprio deus, ora concede ao espírito de algumas criaturas humanas conhecer a sua própria vontade” (Plutarco, “<i>Sobre o desaparecimento dos oráculos</i>”, IX, 26). O oráculo interpretava a ordem do mundo e o sistema religioso ofertava uma relação em que a pessoa trabalhava em cima de supostos mecanismos de regência da “ordem” do mundo. E utilizava-o às suas conveniências.<br />
<br />
A escrava “vende” o produto de seus patrões aos seus clientes, e aqueles ficam com os frutos. A questão monetária é mencionada cedo com sutil ênfase por Lucas. Primeiramente o mercadológico, enfatizando que a dimensão religiosa é eminentemente funcional para aquele.<br />
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A primeira vista pareceria que os missionários poderiam se servir deste sistema econômicorreligioso. Parece que ela estava sendo arauto deles. Mas não. Os proclamando como servidores do “Deus Altíssimo”, seria naquele ambiente como dizer que eram também alguém parte deste sistema, em nome de “<i>Zeus-Hyposistos</i>”, o Deus Altíssimo cultuado em diversos lugares, e seria uma evocação de uma fórmula mágica; soaria como “são dos nossos”. A ação deles que ela designa, como anunciando caminho de salvação, estaria embebida perfeitamente nas apresentações de iniciações de cultos esotéricos. Eles poderiam ter tirado proveito, de maneira utilitária, de um sistema bem firmado e sucedido.<br />
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Mas não; rejeitam a lógica. Peremptoriamente deslegitimam que sua missão se utilize desta forma de exploração religiosa. A divindade que anunciam não é inofensiva. O caminho até ela não é inofensivo para o sistema. Toleram por dias a repetição e dão a compreender que não chegam <i>a priori</i> com uma guerra aberta. Mas não dão corda. Não têm parte.<br />
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Paulo confrontara não a escrava, a parte mais frágil do elo, mas a própria força da cadeia de dominação. E sua espiritualidade se manifesta gratuitamente, diretamente em propiciar, primeiro como consequência, que a escrava seja ela mesma. E a “fraqueza” vencera a “força”. Não se conta que ela seguira os cristãos. Mas ela não era mais dominada, nem pelo sistema, nem pelos patrões. Teria sua liberdade interior. Mostraram o que para eles era seria “salvação”. O poder espiritual deles sobre ela não tinha mais eficácia. O sistema havia sido confrontado por uma contra-cultura.<br />
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E o que era “<i>estes homens são servidores do Deus Altíssimo</i>” na boca da “propriedade” dos patrões, passa a ser “ <i>estes homens estão perturbando</i>”; o que era “<i>eles vos anunciam um caminho de salvação</i>” passa a ser “<i>anunciam costumes</i> [ <i>ethos</i> – modo de ser e viver] <i>que não são lícitos a nós</i>”. Ameaçou-se seu “orgulho nacional”. Os senhores viram que findara a “esperança de seus lucros”. A vida da escrava não contava. Nem mesmo a divindade e a religião em si não era o centro. Eram apenas o que lhes propiciavam lucros.<br />
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E o grande sinal: apresentaram os missionários aos magistrados, acusando-lhes do ponto mais nevrálgico do que tinha se passado: desestabilizar a ordem. Poderiam ter frisado a questão econômica, dentro do que as leis versavam. A “<a href="http://www.italythisway.com/places/articles/aquileia-history.php">Lei Aquileia</a>” versava sobre danos à atividade econômica, pedindo contas à justiça; a “<a href="http://www.blogger.com/%20http://www.infoescola.com/direito/lei-das-doze-tabuas/">Lei das Doze Tábuas</a>” falava do emprego de forças sobrenaturais para causar prejuízo à propriedade de alguém (o que um escravo era naquele regime). Mas vão além, ao mais básico, ao mais radical, ao mais profundo: a subversão. E o perigo do “proselitismo” era que isso pudesse contaminar a população e se espalhar. O status quo da organização econômica estaria em perigo. Não era apenas um caso de relações privadas, mas um fato político. As estruturas estavam em perigo. Este era o poder do nome de Cristo.<br />
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O que poderia ser uma exposição para alimentar um chauvinismo religioso aqui, muda de figura quando se convoca à reflexão: o “rosto” predominante da apresentação dos discursos dotados de símbolos cristãos hoje, na sociedade, incorporam que lado? As mega-igrejas e as instituições econômicas de cobertura religiosa cristã têm hoje tomado o papel do sistema aí representado envolvendo o Oráculo e o Espírito de Píton, com seus senhores, escravos, clientes querendo garantias contra os riscos da vida. E reproduzem o caráter social, a canalização de nossa energia e vontade para uma lógica dada, bem como o apelo simbólico fetichista, do nosso sistema econômico. As pessoas sacrificam sua integridade, sua auto-expressão, e os “manipuladores do discurso divino” se alimentam de suas carências e medos. Mudaram apenas os nomes dos símbolos, mas os códigos subjacentes permanecem. Irônica e tragicamente. E sempre a mesma prontidão contra os mesmos que ousarem fazer o que os missionários fizeram, deixando os “escravos” emancipados do controle de sua alma. Deve-se ter cuidado com estes.<br />
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Lembrando o poeta Horácio, “<b><i>os vencidos conquistaram os vencedores</i></b>” ? informadordeopiniaohttp://www.blogger.com/profile/06489998336259307860noreply@blogger.com4