25 de outubro de 2009

Santa Folia


Não estamos ainda no tempo de Natal, ou o Advento. Mas um pouco próximos. Estamos ainda mais longe da Festa de Folia de Reis, 6 de janeiro. Ahhh, Minas Gerais...

Contudo, a passagem bíblica de Mateus 2.1-12, é de alcance universal quanto a tempo e local. Justamente este é o sentido do episódio. A dimensão global da Encarnação de Deus.

E esta música de Carlinhos Veiga faz uma interpretação muito bacana deste episódio; a canção o leva para um tom mais caseiro, de aconchego, ao mesmo tempo trazendo dela até nós um sentimento de que permeia nossa existência tal qual a vivemos de momentos em momentos e em toda a vida.

O termo empregado para eles - dos quais também na narrativa não se menciona o número - é magoi, referindo-se a sábios da Antiguidade dedicados ao estudo dos astros e relações com fenômenos terrenos. Não há indicação alguma de que eram reis. O provável é de que o autor queria retratar sacerdotes, de regiões da Pérsia ou Arábia. O fenômeno do astro foi retratado como lhes sendo um indicativo de algo importante, majestoso, se sucedendo na história através da Palestina.

Ecoa ali o cumprimento das aspirações dos profetas quanto ao alcance mundial da redenção de Deus vindo por Israel e agregando os que a aspiram, de todas as nações. Enquanto os dominadores políticos e religiosos de Israel se opoem, sentem ciúme, medo de perder o poder, revolta, inveja, ódio. Vêm de fora aqueles que trazem oferenda ao menino Redentor; à família pobre que antes não encontrava um lugar no aposento para hóspedes, para conceber a criança(Lucas 2.7) e depois fora oferecer a oferenda no Templo de duas pombinhas, que era o que faziam os mais pobres (Lucas 2.24). Em que posição estamos?

O pensamento de um sábio cristão antigo, Justino de Roma, O Mártir, encontra uma ponte com uma das lições desse episódio:
Temos aprendido que Cristo é o primogênito do Pai, e acabamos de explicar que ele é a razão (o Verbo), da qual participa toda razão humana, e aqueles, pois, que vivem de conformidade com a razão são cristãos, muito embora sejam reputados como ateus. Assim Sócrates e Heráclito entre os gregos, e com eles muitos outros...
em "A luz que ilumina todo homem". Apologia, I.XLVI.2-4.

Os sábios ofereceram três presentes (por isso acabou-se dizendo que eram "três"): ouro, o que pode remeter à realeza do Messias; incenso, sua função sacerdotal do Messias; mirra, uma essência usada para aplicar nos cadáveres, o que sinalizaria a entrega sacrificial do Messias. Ali aparece a dimensão geográfica (Israel- Belém), global (visita e homenagem dos estrangeiros de terras longínquas) humana ( Belém, os pais pobres, a intolerância e perseguição dos poderosos, o reconhecimento pelos "de fora"), teológica ( os aspectos da missão e identidade última de Jesus desde a mais tenra idade).

Esta matéria do link apresenta interessantíssimo apanhado de questões colocadas a partir da arqueologia e astronomia para este evento da visita dos Magos, juntamente com uma reflexão sobre o signficado simbólico dos elementos.

"À vista do astro, sentiram uma alegria muito grande. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e prostando-lhe, prestaram-lhe homenagem."

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