7 de março de 2010

Ler a Bíblia com Jesus?

Ler com Jesus? É isso?

Com certeza seria mmmuuuuita megalomania pretender que se pode colocar no lugar de Jesus e querer ler a Bíblia Hebraica como se fosse ele próprio.

Mas podemos sim, aproveitar tooodo o cabedal dos estudos hoje que se valem da arqueologia, exame da literatura de então, geografia humana, estudos culturais, etc., para empreendermos uma jornada, cautelosa e sem buscar muita precisão, em busca de pistas da chave interpretativa da leitura de Jesus.

Primeiro, é vital considerar que é patente que a Bíblia não é um ditado de Deus, nem é, por si só, um acesso direto e inequívoco a Ele. Isso frisando, ainda na perspectiva cristã de sua sacralidade e inspiração divina.

Comecemos reforçando que há postulados básicos que interligam uma visão de mundo e a maneira de estar nele e se guiar, em especial filosoficamente ou religiosamente. Quem somos? Onde estamos? O que está errado? Qual a solução?Assim, teremos essas guias para refletir sobre um sentido construído historicamente, de como os judeus que se viam como “o povo de Deus” e retomavam seu memorial.

No geral, a religião hebraica em sua contingência histórica tinha como crença básica que eram um “povo sacerdotal”. Eles se constituíram como um povo que tinha uma missão especial e existia em decorrência dela, em relação aos outros povos. Retomavam em sua narrativa de fundação a imagem de que uma divindade poderosa entre os deuses, insondável, santo (consagrado e separado), oculta e moralmente volitiva, tinha feito uma aliança com eles para lhes constituir uma nação, visando consagrar toda a Terra, se revelar e lidar com a aparente maldade do mundo. Indo mais além nas narrativas das odisséias patriarcais (os patriarcas do Gênesis), as tradições foram socializadas e compiladas para mostrar como estavam ligados umbilicamelmente à divindade e tendo existência própria enquanto povo, dependente dessa divindade, uma nação em meio a povos hostis ou perigosos, em meio a uma rota importante de empreendimentos bélicos e entreposto para impérios (considerando também ser um povo com baixo domínio tecnológico). O termo sacerdotal remete a intercessão espiritual e mediação. Por isso se viam como tendo que se diferenciar de maneira muito forte para ter sua identidade própria, relativamente a procedimentos de outros povos.

Então não tinham sua existência dependentes só de si, nem por seus próprios méritos e forças, o que implica também o risco de falhar na missão.

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