13 de setembro de 2009

14 de Setembro - Santa Cruz

Dentre as imagens expressadas e suscitadas pela tradição cristã, a respeito da obra de Jesus na Cruz, uma das mais imponentes que ressoam ao longo da história é a do Christus Victor. Ela ressalta que, ao contrário do que era de se esperar, a Cruz representa uma vitória de Deus, a vitória de Jesus.

Ele, de condição divina não considerou o ser igual a Deus como algo a que se apegar ciosamente, mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo, tomando a semelhança humana. E achando-se em figura de homem, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz!

Por isso Deus o sobreexaltou grandemente e lhe conferiu o Nome que é sobre todo o nome, para que, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, nos céus, na terra e debaixo da terra e, para glória de Deus, o Pai, toda língua confesse: Jesus é o Senhor!
Carta de São Paulo aos Filipenses, 2:6-11

Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos , poder de Deus.

Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, 1:18

(...)Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.
Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, 1:25


Inverte-se a lógica de dominação humana. O “Ser Deus” do Altíssimo chacoalha as manifestações da pretensão de “ser como Deus” do coração humano, de “atingirmos por nós mesmos os Céus” e ocupar o lugar de Deus.

Há intuições e sentimentos fortes na consciência e no inconsciente humano de uma opressão, além de nossas faculdades, que nos aprisiona e impede que o que há de melhor em nós prevaleça. Impõem-se forças espirituais conscientes e más, impõem-se as engrenagens históricas, sobre indivíduos e grupos; o pecado; má orientação moral advinda de compulsões internas, alienação existencial, psicológica, social, espiritual.

A importância da doutrina da vitória de Cristo na cruz, Sua morte para daí advir Sua ressurreição, propicia que por meio dessa vitória, por meio dEle, sejamos libertos destas forças, pois garantira a deslegitimação do domínio delas, e pela fé o poder de Deus se manifesta nos elevando a além do domínio de ação destes poderes. A Esperança Cristã reside na manifestação plena do poder de Deus, subvertendo toda a opressão; e tal processo está em curso, antecipado pela vitória de Jesus na cruz. Nos concede um novo panorama de vida e existência. Aí encontramos o significado na vida.

O "Filho de Deus" não seria o Imperador, com seu pretenso poder sobre a vida e a morte, ao qual a vida dos colonizados era como massas para moldar e bater ao seu bel-prazer; mas que viraria pó como todos. O Filho de Deus é um sábio carpinteiro crucificado, que vencera a morte".

Quando Jesus transformava pecadores em bem-aventurados, tratava-se de pecadores de fato; mas ele não fazia primeiro de cada ser humano um pecador. Ele os chamava para longe do seu pecado e não para dentro do seu pecado. Com certeza, Jesus solidarizou-se com as pessoas na periferia da sociedade humana, prostitutas, publicanos, mas de modo algum apenas com elas, e sim porque quis solidarizar-se com os seres humanos em geral. Jesus nunca questionou a saúde, a força, a felicidade de um ser humano como tais e as considerou uma fruta podre; do contrário, por que então ele teria restabelecido a saúde dos doentes, devolvido a força dos fracos? Jesus reclama para si e para o reino de Deus toda a vida humana em todas as suas manifestações”.

Dietrich Bonhoeffer, em “Resistência e Submissão”, editora Sinodal, pg. 459.


(...)e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao
desprezo, triunfando deles na cruz.
Carta aos Colossenses, 2.15.

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