7 de abril de 2011

As crianças no Reinado de Deus

E traziam-lhe meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam.
Jesus, porém, vendo isto, indignou-se, e disse-lhes: Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus.
Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.
E, tomando-os nos seus braços, e impondo-lhes as mãos, os abençoou.
O Evangelho segundo a tradição de São Marcos, 10.13-17.

Crianças: seres insignificantes. Eram um peso a mais para se alimentar e cuidar, completamente dependente dos pais. Em algumas regiões do império, eram jogadas em monturos para morrer, ou abandonadas e recolhidas como escravas. As crianças meninas então, eram muito mais indesejáveis.

Há uma descoberta arqueológica ao sul do Cairo de um escrito do século I a.C., de um emigrante que arrumar a trabalho em Alexandria, de nome Hilarião, para sua mulher Alis, então grávida: “Eu fico em Alexandria. Peço-te encarecidamente que cuides de nosso filhinho, que eu, quando receber o pagamento, lhe enviarei. Se deres à luz uma criança, caso seja varão, deixai que viva; mas se for menina, expõe-na para que morra”.

Jesus as toma como o paradigma de como se recebe o Reinado de Deus e como se entra nele: com esta postura de dependência e anelo pelo apego e acolhimento. Seria anacrônico pensarmos que a ênfase é na “inocência” das crianças, um conceito romântico. Mas dentro daquela cultura, perante a audiência do contexto, tem a ver justamente com as crianças estarem bem abaixo na escala do status quo, do que representa poder e presunção, e serem dependentes e necessitadas, e aceitarem este cuidado.

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