27 de novembro de 2012
Ruah
Emissário de para lá, estás
além do onde, do quando e do enquanto.
Sopro de trevas, se perfaz
em densidade absoluta, pavor sem alento.
É a cama de sua morada, assaz
sem fosco, luz que emudece o espanto.
Sombra, é tudo o que não és, veraz
tem seu corpo, no reflexo de seu vento.
É a pulsão, para o avanço e para o detrás
vem refluxo, o definir, o portanto.
Sótão do que não foi em vão, farás
quem rebrota do jardim, contento.
Eleva o repouso, desassossego mordaz
contém o vácuo, o Todo, o conquanto.
Sonda o inescrutável, quietude loquaz
bem no abismo, relega o abandono ao relento.
É a solicitude da boca do bebê, vivaz
neném que assim vai ao encontro do encanto.
Sorve a candura da ossada, na miragem fugaz
sustém de pé, és a angústia, és o unguento.
música: Adagio Ma Non Troppo, Dvorák
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